sábado, 31 de maio de 2025

Ainda sobre as urgências do SNS


 Há algum tempo recorri às urgências com cara metade. Verificou-se que o valor da glicose estava muito alto. Chegou a enfermeira para atalhar o problema e a primeira pergunta saiu:

- Sabe ler?

-Como assim? Ler o quê? Outra língua? Algo difícil?

Afinal era mesmo ler, juntar sílabas e soletrar palavras!

Pensem comigo: estamos no século XXI e não temos aspecto de super velhos. Considero que também não temos aspecto de alguém que não andou na escola e não tem a escolaridade obrigatória. A minha avó, nascida em 1894 sabia ler e escrever correctamente! Todas as primas delas foram à mestra porque ainda não havia escola formalizada. Uma das primas da avó foi a minha professora do 1º ciclo!

O que teria levado a enfermeira a fazer esta pergunta? Sarcasmo? Falta de inteligência emocional? Vontade de aborrecer o doente e a família? Na altura deu-me para rir, mas pensando bem, penso que é grave!

Cara metade foi professor de Português e de Latim durante 37 anos numa das escolas da cidade e eu professora de CN e Matemática noutra escola do mesmo local. Tantos e tantos alunos que passaram por nós, nos lembram por algo que dissemos, ensinámos, estivemos com eles quando a fragilidade vinha à tona. Anos e anos de bem fazer que acabam numa sala de urgências?

- Sabe ler? 

- Não. Sei ensinar! A si e a muitas como a senhora. 


Está sol, não me dói nada e há imensas tarefas para realizar.

 


É assim que começo o fim de semana. Ontem, foi um dia comprido e com muito calor a dificultar tudo. Fui levar o carro à lavagem porque, sendo preto, já parecia branco! Pedi para me aspirarem os bancos da frente. Cheguei a tempo! A empregada informou que aquela aspiradela ficaria por 13 euros, o mesmo que aspirar o carro todo. Não tive dúvidas. Não aspirou, coloquei uma moeda de 50 cêntimos na máquina e fiz eu a limpeza. Perfeito. Embolsei 12,50 euros. É necessário olho fino para esta sociedade oportunista!

Dormi um pouco ao final da tarde e fiquei pronta para nova ronda de tarefas.  Marcação de exames médicos, recolha de sangue e por aí adiante. Tudo programado para a próxima semana. 

Pelo meio, ainda tempo de fazer umas compras de objectos que me faziam imensa falta. Mentira! Foi só porque a minha mente necessitava!  Andamos cá tão pouco tempo que não há necessidade de nos andarmos sempre a contrariar. Fazer o que nos dá na "real gana" como dizia avó querida.

Com a necessidade urgente de aventura, ir por aí fora, sem destino nem tempo! Necessidade grande que isto de se sentir a envelhecer nos dá a clareza suficiente para perceber  que o tempo escasseia!

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Dias de hospitais, consultas e afins

 


Descobrir o que já estava descoberto. O SNS já não dá resposta. Durante anos, fui uma das grandes defensora do sistema. Sempre defendi o atendimento, o bem fazer e o bem resolver.  Depois, muitos e muitos médicos e enfermeiros foram para a reforma. Vieram uns novos que não conheço mas de que oiço ecos nada favoráveis. Decidi mudar o meu atendimento rotineiro para uma médica, antiga aluna, que é de uma eficiência e bem fazer invejável. De salientar que pago o mesmo que no Centro de Saúde porque a clinica tem acordo com o meu sistema de saúde. 

Nas urgências do hospital,  atendimento deficiente que, não dando resposta, nos obrigou a rumar a um hospital privado, em Lisboa. Esta estadia de um dia e uma noite fizeram-me pensar em várias questões:

- Quem não se tem capacidade para pagar 250 euros aos bombeiros, como ficamos? Morremos? Fazemos o que a médica do SNS disse: vá para casa e volte daqui a 2 dias se não estiver melhor. O pagamento do privado também tem em conta o seguro de saúde ou outro convénio qualquer. Quem não tem? Morre?

- O acesso à saúde (a sério e não a fazer de conta) não seria uma prioridade numa democracia consolidada?

Tenho medo de ficar doente com uma doença grave! Daquelas doenças em que és atendido logo, ou  se esperares muito tempo, tens grande possibilidade de não te salvares. 

Tenho medo que o meu país fique como o país do Trump onde se morre por não ter dinheiro e não é sinónimo de  ser pobre. É só necessário ser de classe média e ter uma doença muito prolongada. 

Coisas que me angustiam!

Bom fim de semana!

terça-feira, 20 de maio de 2025

Há dias em que é melhor estar calada

 


Sempre fui assim. Grande escritora em tempos bons e ruidosos e muda e calada em tempos em que havia necessidade de recolhimento e de estar comigo própria sem que nada nem ninguém interferissem com o meu sentir menos positivo. 

Estamos assim neste dia em que há sol. Equacionando e pensando sem vontade de partilha e com uma vontade enorme de me deitar numa cama e adormecer sem pensar em mais nada. 

Vai passar mas a carga é grande e pesada!

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Tempos egoístas


Há tempos comentava com uma amiga que já ninguém ajuda ninguém a propósito de alguém da família dela que não tinha tido ajuda de ninguém no meio de uma rua movimentada. Instalou-se uma desconfiança, um egoísmo, um deixa andar  em que cada um vive para si e, muitas das vezes, nem para os seus. 
Aquando da queda de cara metade foi visível o invisível que se torna uma pessoa caída num passeio! Teve dificuldade em se levantar, sentou-se num muro e muitos passaram e ninguém disse nada mesmo com o sofrimento visível. Valeu-lhe a Tina, funcionária da Escola há longos anos que o socorreu, chamou a ambulância, telefonou-me e só arrancou dali quando tudo estava encaminhado. A Tina que viu crescer os meus filhos, os amparou enquanto por ali andavam nas lides desportivas e de quem tantos alunos têm saudades pelo ser precioso que é. 
Precisamos mais humanismo e mais Tinas nas ruas desta vida!

Pensar o melhor. Sempre!

 


5ª feira à tarde, cara metade caiu na rua. Eu não estava em casa. Ambulância e hospital de Abrantes. Acabei o dia com ele no hospital. Nada partido e voltar para casa, dorido e quase sem poder andar. Foram três dias em que todos os cenários me passaram pela cabeça, tentando alinhar soluções para cada um deles mas tentando sempre focar no mais positivo. 

Hoje, está melhor. As muletas ainda são necessárias mas uma certa autonomia já é visível. Dar tempo ao tempo, não stressar, fazer o que tem de ser feito e esperar  o melhor.

Se não for o caso, ter soluções alternativas para cada problema que vai surgindo. 

A vida no seu melhor!

domingo, 18 de maio de 2025

Com o cérebro sempre a mil


Aqui, na minha sala grande e ensolarada com que tanto sonhei, olhando as tílias que abanam lá fora e o Verão que se anuncia.  Múltiplas imagens do tempo que vivi assomam à memória. 

Tenho, por vezes, a ideia de que sou muitas almas no mesmo corpo, com experiências tão díspares que me fazem ter um olhar diferente perante as coisas e a vida. Penso que é uma boa perspectiva!

Este tempo, lembra-me as alvoradas no campo, nos dias de malha. Comecei por assistir ao malhar do centeio nas eiras de granito à força de braços e dos manguais até virem  os tratores que colocavam palha para um lado e grão para o outro facilitando o trabalho. Pelo calor, o trabalho era mais difícil e procurava-se a penumbra da madrugada. Por aquele tempo, ajudavam-se uns aos outros, amigos, tios e primos. Era uma comunidade de trabalho mas também de muita amizade e compreensão.

Naquele tempo, não sabia nem imaginava que iria estar aqui, no conforto da minha sala, tantos anos depois a pensar no modo como todas essas vivências contribuíram para o meu optimismo, a minha realização enquanto ser humano e para o meu modo de ver o mundo, que é tão ridículo, por vezes!

Poucas coisas me abalam. Sei que consigo seguir em frente, porque aprendi, lá atrás que sou capaz de quase tudo. Apesar do calor, dos braços a doer, do corpo moído, da fraca vontade, da força que vinha da família, do arregaçar as mangas e seguir. Sei fazer quase tudo na área da agricultura. Não me diminui em nada. Ajudou-me  muito na minha profissão. 

 Não gostaria nada de ser um ser amorfo, criado em nuvens de algodão e que não percebe nada da vida e das coisas que vão acontecendo.  São os coitadinhos!! Os que nunca estão contentes e querem sempre aquilo que não têm. Nutro até um certo desprezo por estes seres!! 

Feliz com o que sou!! Conquistado com a ajuda preciosa da família, muito trabalho, algum sacrifício, muita resiliência, muita aprendizagem, muito foco e também alguma sorte  como dizia querido pai.

sábado, 17 de maio de 2025

Coisas terríveis acontecem

 


Ontem estive a assistir à descrição da tortura de uma mulher, durante 25 anos(!!) pelo alegado marido com quem teve uma filha! Mulher bonita, simpática, com um sorriso lindo! 

Fiquei muito  angustiada com tanto abuso, tanto sofrimento, tanta maldade daquele ser perturbado (ou não) que acabou numa amputação de um dos dedos desta mulher, a sangue frio.  Aqui perto, em Tomar!

Ela disse que disfarçou durante anos perante todos. A tal história que nos ensinam do disfarce e do bem parecer e que nos pode matar. Ficou sem dinheiro, fez terapia, cresceu-lhe o cabelo, mas nem sequer consigo imaginar como recuperou a alma ou se algum dia  recuperará. 

Grande coragem ter contado. É sinal de que o bem parecer deixou de ser o mais importante. Se ajudar mais alguma mulher a sair deste estado insalubre já foi justificado. 

Ficou aliviada quando ele foi preso durante 17 anos mas diz que ainda o vê ao volante dos camiões de longo curso e que deveria estar preso mais tempo! Este vai ser o seu tempo de liberdade. E depois? Voltará o medo e a insegurança de que algo possa acontecer? Voltará o terror de passar novamente por tudo? 

E a nossa justiça? Como se lembrará do caso daqui a 17 anos? Será que esqueceu entretanto e ela ficará à mercê deste homem que quererá vingança e destilar o ódio que entretanto cresceu dentro das grades?

Há teorias que falam na força do mal. Se ela existe está patente através deste monstro.

A importância do cuidado

 


Há dias em que não me apetece arranjar, maquilhar, sair de casa. Péssimo sinal para mim! 

Há que contrariar imediatamente. Devagarinho, começar a sair desta terra sem nome chamada tristeza, que suga toda a energia. 

Já me foquei mais do que agora. Já investi mais na minha aparência e tenho consciência disso. Para quem tinha uma parte do armário cheia de sapatos lindos e agora só poder usar uns ténis de boca larga que são os únicos que não me fazem dor no pé, é algo desanimador. Coisas que temos de ir aceitando. Há bem pior!

Começa por estes dias a nova ronda de exames médicos que, como se prevê, vai ser agradável ! Bahh!

A desmotivação é tramada. Tanta coisa que me apetecia fazer neste dia de sol! Tanta coisa! E aqui estou, frente ao computador, a realizar tarefas de escola e a desabafar online, só porque sim.

Tenho a minha vida às costas mas sinto que, na maioria das vezes, já custa manter-me em dia com tanta coisa. Para a frente, sempre para a frente! É a única maneira de continuar. Não há outra hipótese. 

Vou ali arranjar-me, maquilhar-me e começar o dia em grande. Mesmo que seja para ficar em casa!

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Dia da família

 


Um dia importante mas haverá algum que não  seja dia da família?

Dias de falar dos que já não estão mas que deixaram tudo o que foram connosco. Os ditos, as acções, as tradições, o melhor e o pior que se entranhou em cada um de nós e nos faz ser como somos. 

Dias de falar dos filhos, do amor grande por cada um deles, de rir e contar e tornar a contar e  rir com os ditos das netas. Dias de me emocionar com o amor delas e com a personalidade que cada uma delas revela.

Dias de agradecer a família que fui construindo e que cresceu à sombra de "árvores gigantes" que me ensinaram a importância dos gestos e a importância do ser.

Tudo ligado por laços de amor, de dedicação, alguma coragem, bondade, resiliência e alguma sorte.

Dias de percepção de tudo o que muda em mim com eles e por eles.

Muito grata à vida.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

A ansiedade e eu

 


Tenho feito umas aulas em que vou substituir professores em falta e tenho tido com os alunos conversas muito interessantes.

Ressalta a grande ansiedade em que alguns alunos (cada vez em maior número) vivem. Apresentam até sintomas físicos que os atormentam. 

Quando era mais nova, pela altura em que tinha os filhos pequenos e vivia em grande stress, também tive ansiedade e grandes ataques de pânico. Normalmente aconteciam fora de casa em locais grandes e em que eu sentia que ia cair ali desamparada e morreria. Quando estava com os filhos, o medo de que me acontecesse algo e eles ficassem ali a olhar para mim piorava as coisas. Nunca tratei o assunto com psiquiatras ou psicólogos. Valeu-me o facto de a minha grade amiga de sempre ser uma grande psicóloga na  área da terapia cognitivo comportamental. 

Quando isto me acontecia telefonava-lhe! E ela do outro lado: visualiza lá o que vai acontecer! E eu relatava caídas e desmaios nos corredores dos supermercados. E ela, muito calma:

Mas se isso acontecer, alguém te vai ver lá deitada, chama a ambulância que te  leva para o hospital onde te tratarão! E só esta ideia me acalmava, vá-se lá saber porquê! Colocar-me na situação e ver uma solução ainda hoje resulta embora já não tenha ataques de pânico e a ansiedade já esteja controlada. 

Fornecer aos jovens ferramentas de controle destes picos de ansiedade é fundamental! Ficam para a vida quando lá mais para a frente, os desafios sejam maiores e os dias mais solitários. 

A reter!

terça-feira, 13 de maio de 2025

A vida a andar

 


Ontem, consulta agendada e realizada. Uma passagem, que espero seja breve, pelo bloco operatório mas que me vai trazer mais paz. Médica cinco estrelas. Cada vez mais, a classe médica no seu melhor, tanto em atendimento como em conhecimento. 

Hoje, tempo para rever uma reserva de férias. Concluir que nunca se deve reservar nada sem antes telefonar para o empreendimento e tirar dúvidas. Consegui uma suite (antes era um quarto normal) com pequeno almoço num sítio lindo por menos 30 euros. Poderá ser que 30 euros não seja muito mas quando a senhora me disse que o que eu tinha reservado eram os aposentos mais básicos, fiquei feliz em ter telefonado e em ter marcado directamente, anulando a outra reserva. Fico feliz com pouco!

Nesta sociedade cada vez mais complicada e ardilosa é necessário estar atenta. Eu tento todos os dias!

Marcar férias porque não são luxo, são necessidade. Desconectar, fazer novas coisas e sair da zona de conforto. Voltar como nova. 

domingo, 11 de maio de 2025

Festa linda!


 Ontem, a minha querida neta Maria fez a primeira comunhão! Confesso que me emocionei quando a vi entrar na igreja tão bonita e tão feliz. 

A cerimónia foi linda e solene com cânticos maravilhosos. A Maria esteve  com os seus pais e irmãs, os avós e padrinhos. Uma reunião bonita e intima de quem já se conhece bem. 

Momentos bons para a vida com os meus filhos, noras e netas. A família a crescer, as netas a brincarem juntas e eu projectando um futuro em que sejam o amparo umas das outras em que os laços sejam fortes e verdadeiros e tenham memórias comuns destes tempos de infância que tudo molda e constrói.

A primeira de outras comunhões. A doce Clarinha a seguir!


segunda-feira, 5 de maio de 2025

Coisas de que gosto mesmo muito

 



Um almoço ou jantar não passa só pela comida. Para mim, o ambiente é muito mais de metade da experiência! Gosto de sítios requintados,  com decorações fora da caixa, com um serviço impecável e, se for possível, com uma música de fundo de que eu goste além de muito boa companhia. 

Por isso tenho listas e listas de lugares favoritos que um dia hei-de visitar e degustar. Depois há aqueles dias em que usufruis de um lugar da lista  e ficas mesmo muito feliz!

Foi o dia da mãe

 




Dou imensa importância e até me emociono apesar de saber que serão mesmo todos os dias até ao final da vida. 

Se há algo que me emociona é ser mãe! Não se explica. É ouvi-los e tudo perder a cor em redor. É dar a vida por eles. É ser necessário saber que estão bem para eu poder estar. É ter um orgulho imenso em quem são e como são e em quem se tornaram. É vê-los como pais e enternecer-me até às lágrimas com o cuidado, as pequeninas coisas, a atenção ao detalhe e ao importante. É ter dois homens que entendem como sou e porque sou e se riem (ainda) com as minhas piadas. É ser feliz no silêncio, só porque estão ali.

Ser mãe é transformador!! 

sábado, 3 de maio de 2025

Detesto gente intriguista e mentirosa

 


Das coisas que mais me tira do sério é dizerem que eu disse, que eu fiz, que eu assim e assado sem eu ter feito absolutamente nada. Muitas das vezes, a tentar fazer exactamente o contrário -  encontrar a paz, a concórdia e o bem estar. 

Lentes desfocadas, vontade de deitar abaixo, maldade ou apenas não ser? Penso que nunca saberei responder a esta questão. 

A sensação de injustiça adensa-se. Vale-me o que conheço de mim e a minha auto estima. 

Deixar andar. A verdade vem sempre ao de cima!

Sei o que valho! O que faço! O que digo! Tenho a minha vida bem arrumada. Não tenho traumas, nem ressentimentos. 

Para além de tudo isto tenho as minhas pessoas. Aquelas que sempre lá estão. Basta-me!

Sou feliz com pouco


 Talvez o que me faça mais feliz é verem o meu lado bom, cómico, alegre, optimista, bondoso e aconchegante. Se virem isso e me apreciarem,  terão todas as outras facetas. 

Não é com vinagre que se apanham moscas, dizia a minha avó. Penso o mesmo. A imagem que mais se assemelha a mim ultimamente é a daqueles bivalves que logo que se lhes toca fecham a concha e assim permanecem. São toques leves na concha mas tão desagradáveis que tudo deixa de fazer sentido! 

Neste modo com tudo e todos. 

O problema real? Este estado retira de mim a vontade de viver e de me aproximar de coisas novas e interessantes, de programar o dia de amanhã. Fica sempre a ideia: não vale a pena! Não vai dar certo. O escaldão é tal que a pele ficou em carne viva!!

No entanto, eu sei que não sou como me veem e dizem que sou! Tudo tão distante da minha realidade!!

Incapacidade ou apenas preguiça? Nunca saberei!

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Conquistas boas

 


Tenho um aluno que apesar de ser dócil, até aqui, foi muito difícil ensinar-lhe algo. Desviava a conversa, fazia com que o tempo passasse e a Matemática a ver navios! Não ajudava o facto de serem dois tempos seguidos o que para uma cabeça de 10 anos e com alguma confusão não era favorável.

Hoje, chegou sorridente e com as páginas do livro abertas e sabia os exercícios que era para serem realizados. Trabalhámos durante 100 minutos, resolvemos todos os problemas e penso que  ficou a saber fazer. 

Saí feliz!

É necessário não perder a esperança! A Escola da esperança é o que nos salva.

quinta-feira, 1 de maio de 2025

O silêncio dos dias

 


Há dias assim! Pensar, criar e alinhar tornam-se prioridades.

Futilidades que me preocupam mas ainda a tempo de as pensar e as resolver. 

ultimamente tenho pensado muito. Sobre a minha vida e a dos outros. Sobre o meu futuro e a grande mudança que se aproxima na minha vida profissional - a reforma. 

Sei que não vou ficar por casa. Vou tratar mais de mim mas tenho de encontrar uma ocupação que me traga motivação e alegria. Dois caminhos se apresentam: ou começar algo inovador e diferente dentro das áreas de que gosto como design, decoração e afins, ou começar um serviço personalizado de ensino individualizado aplicando tudo o que aprendi ao longo destes anos e em que acredito plenamente. 

Tenho ainda algum tempo para decidir. Necessito também de tempo para viagens e para frequentar os sítios lindos que tenho na minha lista de favoritos.

Tempo também para as minhas netas. Tempo para as conhecer ainda mais a fundo e elas me conhecerem também de tal modo que algo possa ficar para contarem. O meu lado cómico, brincalhão e ameninado elas ainda não conhecem! Vai ser muito bom!

Dificuldades minhas

 


À medida que o tempo passa tenho cada vez menos interesse e até maior dificuldade em perceber pessoas que pensam de forma muito diferente da minha. É arrasador e stressante!! Não falo de criativos. Refiro-me àquelas pessoas que têm sempre uma palavra de discórdia  pronta a sair mas quando se trata deles próprios tudo é válido e tudo está certo! Chamo a isto um tremendo egoísmo e, embora não tenha muita cultura religiosa, sei que é necessário, por vezes, perdoar os comportamentos negativos dos outros e não ser como eles e perceber que não há perfeição, muito menos em cada um de nós. 

É cansativo e desolador conviver com este tipo de pessoas que cada vez são em maior número. Língua afiada para dizer mal, pouca vontade de fazer o bem e fazer o outro feliz. 

Vivemos assim e é necessário muita adaptação. Eu tento todos os dias. Há dias em que consigo ainda ficar chocada com tanto egoísmo! Quem não dá não tem direito a ter mas cada vez mais concluo que é precisamente o contrário: quem menos dá e se centra mais em si próprio mais tem e melhor vida leva!

Não percebo à luz da minha maneira de ser católica mas tenho de encaixar para bem do meu viver.  

Coisas engraçadas

 


Tenho no meu horário de trabalho duas horas para poder substituir professores que não puderam comparecer. Ontem foi um dia desses. Quando cheguei à entrada do laboratório percebi que iriam ter a disciplina de Ciências e quando me viram começaram todos a gritar: queremos dar a respiração, queremos a respiração! Considerei estranho, mas, já sentados, perguntei-lhes se andavam a dar a respiração mas que eu não iria avançar nos conteúdos porque não era a minha função. Explicaram que estavam a dar a puberdade mas era outra a  respiração de que eles falavam. Eu já tinha estado com eles no anterior semestre e tinha ensinado técnicas de respiração de relaxamento, a chamada respiração abdominal. Fizemos, nessa altura, um exercício de relaxamento o, que para meu espanto, eles cumpriram e no final disseram ter-se sentido mais descontraídos. 

Expliquei ainda que poderiam sempre ter esta ferramenta para utilizar sempre que se sentissem mais stressados ou ansiosos, nomeadamente antes de testes ou  outras tarefas avaliativas. Ontem, alguns deles explicaram que continuaram a realizar esta técnica, uns antes de  testes e uma das meninas disse que era muito benéfico antes das provas de patinagem que praticava. Falava com as colegas mas uns minutos antes, recolhia-se sozinha e respirava profundamente tendo consciência do corpo e que as provas, a partir daí, lhe começaram a correr melhor. 

Fiz como eles pediram o exercício de relaxamento, respirando profundamente e tendo consciência do corpo e das partes que estão  contraídas e, pouco a pouco descontraindo o corpo até o sentir colado e pesado em cima da cadeira. Alguns fecharam os olhos, outros mantiveram-nos abertos. No final, sentiram vontade de se espreguiçar o que fizeram longamente e com muita satisfação. 

Disseram que saíram novos e que este exercício lhes era muito útil. Incentivei a que o fizessem todos os dias, mesmo em casa, durante 10 minutos. 

Sozinha na sala fiquei a pensar: um processo tão útil para os alunos desde novos e que deveria ser ensinado a todos. Num tempo em que se fala tanto de ansiedade, não seria de pensar munir os alunos destas ferramentas para que não chegassem a adultos sem conseguir gerir os picos de stress e entrando, por vezes, em estados já mais perigosos do ponto de vista da saúde mental e física?

Já tive implementada esta estratégias há já alguns anos nas turmas que lecionava  que começavam sempre por 5 minutos de relaxamento. A aula corria muito melhor, os alunos ficavam mais concentrados e depois de 15 dias já eram eles que, em silêncio, entravam na sala e começavam imediatamente o exercício.  A avaliação deles foi muito positiva. 

Coisas simples e pequenas mas que fazem toda a diferença.