quinta-feira, 12 de junho de 2025

País que não se entende

 

querido pai

Hoje, decorreu o julgamento de um ladrão que há mais de 17 anos assaltou de uma forma vil e desumana o meu pai. Naquela altura, vi-o sofrer imenso com o caso. Não eram assaltos comuns. Fazia-se passar por um parente afastado e, conversa puxa conversa, arrastava as pessoas idosas até casa onde lhes pedia algum dinheiro emprestado. Quando percebia que o tinha, depressa lho tiravam da mão e fugia. Foi o que aconteceu. O pai sofreu não só pelo roubo mas por se ter deixado ludibriar. O mesmo me aconteceria a mim. Perante a foto do individuo, reconheceu-o logo.  Viemos a saber que a polícia o conhecia e que naquela altura atacava no bairro dos Olivais em Coimbra, mas que quando começasse a ser notado se deslocaria para outro ponto do país onde continuava o esquema de roubo, muitas das vezes com a ajuda do filho, para aprender o ofício e sempre conduzindo grandes carros. 

Passados17 anos (!!!) foi julgado hoje. Daqui a uns dias saber-se-á o resultado.  Como testemunhas apenas os filhos dos lesados porque os que sofreram já partiram. Triste, muito triste. 

Num tempo de internet, comunicações ao segundo, todos os meios ao alcance  como se deixa um individuo roubar pessoas idosas durante tantos anos, com variadíssimas queixas na policia, em diferentes locais do país, com um esquema parecidíssimo em todos eles, com desenhos e fotografias do ladrão,  sem lhe montar um cerco, sem ser vigiado, sem nenhuma pena?

Revolta pelo país que deixa andar  e pena pelo sofrimento sem remédio do pai. 

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