domingo, 19 de agosto de 2018

As coisas que acumulamos ao longo de uma vida


Quando me casei tinha pouca coisa: um colchão, uma mesa, uma cama muito bonita, presente de casamento, carregado de carinho, da tia Mentina que quis homenagear o sobrinho com uma das peças mais queridas que tinha herdado. Comprámos depois os sofás e, à medida que pudemos, fomos enchendo o T3 de mobília, apetrechos de cozinha, electrodomésticos e afins.
Quando novamente mudámos de casa para uma maior, sobrou espaço que se foi enchendo novamente. Queria um quarto para cada filho, um escritório e várias casas de banho. 
Os filhos foram embora, a casa ficou grande demais e outra fase começou: é necessário estruturar os quartos para que quando venham com os filhos possam dormir todos confortáveis. Um dos quartos já está preparado: cama para o casal e duas camas para os filhos.
A sala grande que antes foi tão importante para mim para acolher visitas e lautos almoços passou a ser um espaço que se torna vivo apenas quando temos visitas. Talvez este ano comece novamente a passar os serões junto à lareira  acesa. 
O escritório sofreu alterações para comportar um espaço profssional para cada um dos dois. É ali que passamos os serões.
Temos muita coisa inútil em casa, é verdade! Muitos objectos que fui comprando e outros que fui herdando. Tenho móveis cheios de pratos, travessas que me esqueço que tenho, adereços de mesa que nunca utilizei mas que quando os comprei faziam todo o sentido. Passei nuito tempo em antiquários à procura de peças especiais de outras épocas que fui adquirindo.
Se gosto de os ter? Gosto muito! A minha veia criativa considera sempre que um dia vão ser a peça chave de uma decoração que hei-de inventar!
Tudo isto porque amanhã vou começar uma limpeza de peças inúteis, papéis desnecessários, documentos já fora de prazo, roupas que já não fazem sentido, sapatos que se arrastam por aqui há anos, livros escolares que já ninguém vai ler e por aí adiante.
Não vai ser fácil! São pedaços de mim!


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