quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Sei que sou exagerada!

 

Por esta altura apodera-se de mim uma vontade férrea de ter o Natal sob controle. Como se isso fosse possível!! 

Desde os arranjos florais, passando pelas entradas e acabando na qualidade de café, que nada falte ou me esqueça. Ter a família unida é uma dádiva tão grande que nada poderá ensombrar momentos que quero para a vida.

Desejo unicamente que as minhas netas se recordem da casa da avó, dos Natais e das festas e que haja tradições que lhes façam lembrar, um dia mais tarde, os momentos que por aqui passaram nem que seja um simples  de perfume de uma  de flor.

Não há falta de tempo, nem falta de vontade. Tudo apontado no caderninho das grandes ocasiões e dividido por capítulos. 

Algumas coisas tratadas e encomendadas. Outras pensadas e encaminhadas, outras ainda muito em dúvida. A certeza de que à última hora tudo estará certo.

Gosto de ser assim!

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Boas decisões e bons momentos

 




Em véspera de mais um aniversário tornamo-nos nostálgicos e temos tendência a olhar para trás e para os bons momentos que já passámos juntos.

Fazer esta viagem contigo foi uma das melhores decisões da minha vida! Foi como se fosse um ritual de passagem para a vida que haveria de chegar. Despedirmo-nos das imensas tardes em que lias Harry Potter e me contavas todas as histórias e fantasias que viveste ao rubro. 

Não estava à espera de me emocionar mas foi o que aconteceu em larga escala. Aqueles dias foram mágicos e continuam ainda muito presentes na minha memória. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Um beto com muito estilo!

 


Não resisto à partilha. Encontrei hoje esta foto dos tempos do secundário! Cabelo grande e sapatos de vela com toda a certeza!

Que diferença! Já passaram 19 anos! Se tenho saudades de te ter por casa? Tenho!

 Mas o tempo não pára (ainda bem!) e seguiste em frente para criares a tua linda família e seres o homem maduro que hoje és.

Em boa hora!

35 anos!

 


Esta foto tem uma história cómica sobre a quantidade de bagagem que o Miguel transportava para as provas instigado por mim! Havia sempre qualquer coisa que eu considerava ser importante o que no final resultava em sacos e mochilas sem fim!

E aqui chegaste! Feliz, cheio de projetos, alguns já concretizados, e uma família linda!

E mesmo que não estejas feliz, pareces sempre! Resiliente, pragmático, proactivo e com uma confiança em ti e nos que te rodeiam que me enternece.

Ouvir-te é acreditar no que há-de vir! É sentir que tudo vale a pena! 

Ver-te no papel de pai de três é das visões mais claras e felizes. 

Hoje na terra onde estás (Tailândia) já é dia de aniversário! Tenho pena de não poder abraçar-te e dizer-te que gosto de ti muito, muito!

Sempre a dar o máximo na vida como em tudo em que te envolves. Sempre a sentir que tudo vale a pena mesmo que seja só pela experiência. Grandes lições que me tens transmitido!

Estar contigo é regressar a casa mais forte e confiante.

Volta depressa.

PARABÉNS! 

Vamos festejar mais tarde!

terça-feira, 1 de novembro de 2022

O que sinto em dias especiais

 


Esta foto foi tirada num momento hilariante em que as três tentávamos uma selfie. Ficou o teu ar ameninado e a cumplicidade de mãe e filhas. 

Chegámos ao fundo da alameda central e lá estava a tua foto coberta de pingos de chuva!! Foi estranho saber que estavas ali quando antes eras tu que nos guiavas no arranjo das campas dos entes queridos. Éramos só as duas irmãs, olhando de soslaio, como não querendo acreditar que já ali estavas entre os teus.  Já não havia o som da tua voz, nem a pressa dos teus passos.  A serra parecia mais silenciosa  e a solidão que nos envolvia crescia a cada flor que colocávamos. 

Um sentido da orfandade em que nos deixaste tornou-se gigante. 

Qual será o ano primeiro em que também eu terei a foto sorridente numa qualquer placa de granito?

Voltar ali é relembrar não só o teu amor por nós mas também o triste sentir de que já não te temos para que nos defendas de todos os males e contratempos. Saber que te tínhamos tornava-nos mais fortes e mais destemidos. Agora estamos entregues a nós e aos nossos pensamentos no dias bons e, ainda pior, nos dias maus.

Dia triste este em que, mais fortemente, sentimos a saudade do que foste, querida mãe.

domingo, 16 de outubro de 2022

Dias memoráveis

 


Hoje, logo pela manhã, nasceu o meu primeiro sobrinho neto. Junta-se às primas e constituem a nova geração que nos há-de ver partir. 

O que lhes deixaremos? De que modo falarão de nós quando formos só a recordação de outros dias e de muitas presenças?  O que pensamos de nós nunca é igual ao que fica de nós. 

Foi um dia doce a pensar nisto tudo. A lembrar-me de como me senti quando nasceram os meus filhos. A novidade do momento, as sensações novas, o rasgar do corpo para dele saírem  Homens que farão para sempre parte de mim. A partir desse dia nunca mais me senti sozinha. Mesmo longe, vá-se lá explicar isto, sinto-me acompanhada. Tantas e tantas vezes toca o telefone quando estou a pensar neles. 

Tudo isto dizia ontem à nova mãe: vais conhecer um amor que nunca sentiste! E é para toda a vida! Ela riu-se!

 Hoje já sabe que eu tinha razão!

sábado, 15 de outubro de 2022

Do ser professor

 


Dizem que estamos velhos. Que há um grande fosso de gerações! 

Não concordo nada. Continuamos a aprender uns com os outros. Se sou chata? Sempre fui! Os meus alunos sabem que não há telemóveis nem mochilas em cima das mesas, que os materiais são apenas os da disciplina, que fala um de cada vez, que entram ordenadamente na sala, que detesto más respostas e os pais são sempre avisados do sucedido e que sou exigente com as aprendizagens e com o modo como realizam as tarefas.  As horas em que estamos juntos são de aprendizagem.

Com eles aprendo a irreverência da adolescência, o riso fácil, o encantar-me com as suas descobertas, as capacidades digitais, o espírito de grupo, já tão desgastado na minha idade. 

Em que os ajudo? A projectar  todos os seus futuros, a mostrar-lhes caminhos que ainda não tinham sido pensados, a dizer-lhes que são capazes, a demonstrar-lhes que pelo trabalho chegamos sempre lá, a relativizar os seus falhanços e a abrir atalhos em insucessos que ainda sangram. 

O que fica para sempre? As frases de incentivo, os bons dias "como está a melhor professora do mundo?", os encontros e os "dê-me um abraço", os olhares que sorriem, os homens feitos que recordam frases que eu disse há 30 anos para me incentivar, agora que sou aluna deles de ténis! Tanta coisa que fica! Tanta conversa, tanto ensinamento, tanta recordação!

Fica um pouco de mim em cada um deles e muito deles em mim!

Grandes alunos que eu tive nestes anos todos! Grandes homens e mulheres que são. 

sábado, 8 de outubro de 2022

O Outono e a sinfonia de sentimentos que cria

 

Continua o calor. Insuportável, por vezes. 

Muitas coisas a acontecer na minha vida e nos que me são próximos. Nem todas boas! 

Eu cada dia a sentir-me mais velha. Cada dia a pensar que é menos um e que tenho ainda tanto para viver. Nem todos os dias são bons mas relativizar ajuda a acalmar a mente. Olhar com olhos empáticos faz-nos agradecer o que vamos tendo. 

Comecei a sério as aulas de ténis. Que feliz que sou durante aquelas horas! É certo que não corro tanto como antes, mas parece que sou invadida por um déjà-vu da minha juventude que tudo torna possível. Telefonei à minha parceira de campo a contar-lhe e ficou combinado um jogo quando eu tiver a nova raquete. São estas ilusões de juventude que nos fazem remoçar. Seja lá isso o que for. 

Vou ter o meu primeiro sobrinho neto! Nova ilusão que me traz felicidade. 

As minhas netas crescem felizes. O mau disto tudo é eu não as ver todos os dias e não ouvir as suas vozinhas lindas e as suas conversas que enchem almas. Esta é uma parte da minha vida que tenho de mudar. Não sei bem como mas tenho mesmo de mudar. As mudanças metem medo mas, por vezes, fazem muito bem! É só necessário fechar os olhos e avançar.

Na profissão sinto-me como peixe dentro de água. Os alunos e cada vez mais os alunos! Eles retribuem e fazem-me feliz. É tudo muito mais fácil agora. A experiência ensinou-me muito. Gosto de aulas, de falar com eles, de contar aquelas histórias científicas das quais nunca se esquecem! Gosto de saber que os pais deles foram já meus alunos e que alguns dos funcionários da escola também. 

Continuo a gostar de estudar, de experimentar coisas novas, de manter-me actualizada sobre tantos e variados assuntos. 

Vou tentar vir por aqui mais vezes. Gosto de escrever e faz bem à alma. 

 


quarta-feira, 11 de maio de 2022

Novas rotinas e novo corpo

Os hábitos alimentares vêm a ser mudados há um ano. emagrecimento lento, perdendo apenas massa gorda. Gosto muito da minha  nutricionista e reconheço que a ciência destas coisas faz mesmo a  diferença. O meu corpo mudou, ficou mais leve e diferente ( para melhor). 

Sinto-me muito bem, não tenho fome, tenho mais energia e mais saúde. Foi um ano e vai ainda continuar por muito mais tempo. Penso até que nunca mais a deixarei de visitar. 

Muito lentamente, vou voltando ao que era antes e isso deixa-me feliz.

Ando muito mais rápido e não me canso. Ao nível do cérebro sinto maior criatividade, maior motivação e mais vontade de realizar tarefas há muito adiadas por falta de vontade. Estamos no bom caminho!

Dimensão humana da mudança


 




Reflexões sobre o digital na Educação



“Querer é poder”!

Esta afirmação serve para todas as situações da vida profissional e pessoal.

No entanto, há imensos entraves e dúvidas no que toca às mudanças relativas à utilização do digital em sala de aula.  Uns de origem emocional outros de origem técnica e outros ainda por falta de conhecimentos e de formação.

Somos de uma geração não digital, uma geração da palavra, do discurso, da aprendizagem passiva. Fomos fazendo a nossa aprendizagem ao longo de muitos anos mas sentindo que, mesmo com tanta ferramenta à disposição, o modo como tínhamos aprendido com os nossos velhos e bons professores ainda fazia sentido.

Em todos os percalços, em todas as falhas do sistema, em todas as falhas de internet, nós sentimos que estamos certos, que as nossas histórias e os nossos métodos seguríssimos nunca falharão!

Há então um dia em que ensaiamos aulas digitais, porque sabemos, porque experimentámos antes, porque estamos confiantes de que vai dar certo. E dá! E vemos alunos super entusiasmados, fazendo pesquisas, andando sozinhos, quando antes precisavam tanto de ajuda, trabalhando em grupo, tirando dúvidas uns aos outros e saímos daqueles espaços com a certeza que é o caminho certo.

Falta depois o tempo colaborativo. Tempo para pôr em comum. Tempo para construção, para reflexão, para aquisição de novas competências digitais.  Tudo parece uma roleta e os dias rolam entre tarefas classificatórias, semestres e avaliações, indisciplina que urge colmatar, problemas dos alunos que muitas das vezes são maiores que eles.  É o tempo deles mas é um tempo difícil onde não há espaço para nada. Interrogo-me muitas vezes que adultos sairão deste tumulto, destes dias cheios, destas famílias que procuram encontrar-se ,conhecer-se e olhar em frente mas ainda não conseguiram.

A mudança está dentro de nós, professores, alunos e pais. 

Vive em nós mas necessita de andar a par com um grau de exigência suficiente para não comprometer a aprendizagem.

Entre tanta ferramenta à nossa disposição é necessário tempo para conhecer e selecionar de acordo com os nossos objetivos. Trabalhar muito bem com os meios que escolhemos de modo a torná-los uma extensão de nós. 

Para tal, é necessário colaboração entre todos. Falta tempo  para tal. 

Mudança sim.  Criação de condições para tal, necessita-se. 



domingo, 24 de abril de 2022

Estes dias estranhos

Os teus goivos estão floridos  e bonitos. Continuam a cheirar bem!

 Foste embora pela madrugada. Mentia se dissesse que não antevia esse momento. Cada vez mais fraca, cada vez com mais dificuldade em articular, as veias muito azuis nas tua pele sempre tão branquinha e fina e uma fragilidade que não era tua.

Este tempo horrível de não visitas fez-me tanto mal! O vidro que separava dois corpos que só queriam sentir o calor um do outro. Estendias a mão para o vidro e eu colocava a minha mas era só vidro frio o que se sentia! Um mero quarto de hora a olhar para ti, a ver o teu olhar horrorizado, nunca conformado,  porque nunca foste mulher de te conformar. Mulher de luta, sim! Pelas tuas causas, por tudo em que acreditavas.  E foram tantas as lutas mãe!

Quando  regressavas à sala, ficava a ver-te ir sabendo que podia ser essa a última vez que te via com vida. Até que essa vez chegou sem o saber e lembro-me que te disse que ia  só a casa e voltaria para ti. Penso que já não percebias mas eu sentia mais paz em saber que não pensavas que te abandonava. Logo a ti, que nunca  me abandonaste!

A vida sem ti não é igual. Uma solidão imensa apoderou-se de mim. Um tempo de abandono em que parece que ninguém se interessa por mim como tu. Uma orfandade imensa. Uma vontade imensa de voltar lá para trás e viver novamente contigo.

Tenho saudades do teu riso, da tua ingenuidade tão engraçada  frente à maldade humana,  da tua generosidade para com todos, do teu amor por nós sempre traduzido em abnegação, em sacrifícios,  em  ajuda. 

Quiseste para nós o melhor do mundo. As melhoras escolas, a melhor formação, as melhores oportunidades, a melhor educação.  Sabias onde nos querias e os valores  que nos querias  transmitir  ficaram  gravados em nós para todo o sempre. 

Tenho tantas saudades dos outros tempos em que ainda conversávamos sobre as nossas vidas! Tenho pena de não te ter dado  muito mais abraços quando precisavas. Sabes, a tua grandeza tornava lamechas os gestos de ternura. O teu amor era dedicação, conversas e muito trabalho à mistura. 

Grande mãe, grande filha, grande mulher! Tenho um orgulho imenso em ser  tua filha.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Já me apetecia voltar!

 


Tempo de interregno! Muito tempo mesmo! Precisava dele para redefinir a vida e as coisas em tempo de pandemia. 

Muitas coisas aconteceram na minha vida. 

Em Fevereiro, serenamente, a minha mãe partiu para Deus.  A sua partida fechou um ciclo longo na minha vida e abriu o ciclo da orfandade. Nunca me senti tão só como agora. 

Fez-me sentir com profundidade o sentido da vida e alterar muita coisa no meu dia a dia. Este murro no estômago, criou uma grande ânsia de viver e de me dar.  Estou mais afoita, menos presa ao politicamente correcto, menos exigente com os outros e muito mais comigo mesma. 

Valorizo muito mais o que vai acontecendo e preparo grandes mudanças na minha vida. Oxalá se concretizem. 

Mudei o corpo e o espírito. Sinto muito mais leveza em tudo o que faço e penso e relativizo com muito mais facilidade tudo o que me aborrece. O silêncio tornou-se um grande conselheiro.

Faço muito mais aquilo que realmente gosto. O tempo encurta.

Andava com vontade de voltar aqui! Mesmo que ninguém leia, é um acertar de ideias comigo mesma que me faz bem.