Esta foto foi tirada num momento hilariante em que as três tentávamos uma selfie. Ficou o teu ar ameninado e a cumplicidade de mãe e filhas.
Chegámos ao fundo da alameda central e lá estava a tua foto coberta de pingos de chuva!! Foi estranho saber que estavas ali quando antes eras tu que nos guiavas no arranjo das campas dos entes queridos. Éramos só as duas irmãs, olhando de soslaio, como não querendo acreditar que já ali estavas entre os teus. Já não havia o som da tua voz, nem a pressa dos teus passos. A serra parecia mais silenciosa e a solidão que nos envolvia crescia a cada flor que colocávamos.
Um sentido da orfandade em que nos deixaste tornou-se gigante.
Qual será o ano primeiro em que também eu terei a foto sorridente numa qualquer placa de granito?
Voltar ali é relembrar não só o teu amor por nós mas também o triste sentir de que já não te temos para que nos defendas de todos os males e contratempos. Saber que te tínhamos tornava-nos mais fortes e mais destemidos. Agora estamos entregues a nós e aos nossos pensamentos no dias bons e, ainda pior, nos dias maus.
Dia triste este em que, mais fortemente, sentimos a saudade do que foste, querida mãe.
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