quinta-feira, 25 de abril de 2024

Tive de ir confirmar!

 


Nas redes dizia-se que Marcelo (chamemos-lhe assim) tinha afirmado que o Dr. Luís Montenegro tinha comportamentos rurais, vinha de um país profundo com um estilo de outro tempo e era lento, de uma lentidão diferente da do último primeiro ministro porque esse era lento porque era oriental!!!!!!

Como disse???

Tive de ir verificar! Era mesmo verdade. Foi dito e está gravado numa entrevista com jornalistas estrangeiros!!

Vamos então por partes: não se podem fazer comentários (e considero correcto) sobre pessoas de outras raças ou credos, mas o senhor que pode tudo, pode dizer que os orientais são lentos! O senhor  tem assim tanto conhecimento de orientais para poder afirmar isso ou são apenas os orientais que conhece da linha onde viveu e conviveu toda a sua preenchida vida com os seus amigos influentes e rápidos em tudo o que fazem? Sejam actos lícitos ou nem por isso!!!!!

Vamos então à ruralidade do Luís Montenegro. Ainda bem que é rural e não é como o senhor que se tornou num ser abonecado, cheio de tiques nervosos e entoações de classe alta, nada condizentes com o cargo que ocupa. Estou a vê-lo à noite nos hotéis, sempre que o obrigam a conviver com rurais, a desinfectar-se em litros de álcool. Quero lembrá-lo que também é presidente do tal país profundo que, dada a superfície exígua do pais, não sei bem onde fica!

Lembrar também este senhor que os grandes vultos desta nação não nasceram como o senhor em berço almofadado. Não tem grandeza! Grandeza é não ter as condições para ser grande e ser inteligente o suficiente para as conseguir. Grandeza é conquistar o mundo e conservá-lo na palma da mão. Grandeza não é ter tudo de mão beijada . É traçar rumos e metas e trabalhar árduo para as conseguir alcançar. Grandeza é conhecer a beleza de um nascer do sol num dia de ceifa, a alegria de um almoço no campo depois de uma manhã de trabalho,  o conseguir chegar à escola depois de meia hora a andar no meio da neve no Portugal profundo e fazer-se gente. Grandeza é saber o que é vida porque se cresceu e conviveu com todas as classes sociais e se conhecem as dificuldades da vida.

Grandeza é ser muito inteligente como o meu pai que, mesmo rural, nunca foi lento nem nunca teve o espirito de outros tempos. 

Grandeza é ser um Aquilino, um Torga, um Vergílio Ferreira, um Soeiro Pereira Gomes, um Sobrinho Simões, um Aristides de Sousa Mendes, e por aí fora.

Estes irão ser lembrados ainda por muito tempo. Já o senhor...

Já tinha pensado que o senhor foi a minha maior desilusão dos últimos tempos como pessoa! Ai e tal teve uma nota muito boa na faculdade!! É isso que tem para mostrar? Muito pouco!

O que me entristece  é observar  um lisboeta inchado de si! É o que o senhor é! Não sabe nada da vida!

Uma tristeza!

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Coisas boas

 


Andei a trabalhar num projecto durante estes últimos meses. Estudei, trabalhei, modifiquei, calculei. Estava confiante do resultado ser positivo. Demorou algum tempo a ver resultados. Estava a ficar um pouco desanimada. Hoje chegou o primeiro resultado positivo!

Ninguém consegue imaginar o meu contentamento. Afinal os meus pressupostos estavam certos. É tão bom quando há reforço positivo. Quando nos sentimos realizados naquilo que idealizamos. 

Parabéns a mim e ao meu trabalho!

Estes estranhos tempos

 


Há alturas em que, mesmo que eu não queira sentir-me assim, tenho mesmo de perceber não pertencer a esta geração e não ter pena disso.

Hoje, numa aula de apoio, perguntei a um aluno o nome do pai. Resposta: Sei lá!! Eu chamo-o pai.

Então mas não sabes o nome?

É muito difícil, é qualquer coisa parecido com mar.

Então mas a tua mãe não o costuma chamar pelo nome e tu ouves?

Não. A minha mãe chama-o com aqueles nomes de casal - Ó querido!

Mas não sabes mesmo o nome do teu pai? 

Não, não sei!

Fiquei estarrecida! Pode parecer que não tem importância mas é o pai que vive lá em casa. Não haverá curiosidade em saber o nome?


E onde estavas tu neste dia 24 há 50 anos?

 

Estava ainda a aprender a viver na cidade! Num liceu misto no qual nunca gostei de andar. A minha irmã convenceu a minha mãe que era muito melhor eu frequentar um liceu misto e não ir para  o Liceu D. Maria, na altura o liceu feminino de Coimbra e que era muito mais perto da minha casa!

Vá-se lá saber porquê, a minha mãe concordou. E aí ia eu todos os dias apanhar o eléctrico até à baixa da cidade e depois esperar por um autocarro que me levaria para o outro lado do rio, em frente à quinta das lágrimas. Um liceu frequentado, na sua maioria, por alunos que vinham de fora da cidade porque ficava mais perto da estação de comboio. Perdi os meus amigos do ciclo preparatório e encontrei outros que nunca vieram a ser meus amigos porque entretanto, logo no dia seguinte se deu a revolução e tudo mudou. O liceu D. João III ficou misto e no ano seguinte já fiquei perto de casa. 

Valeu-me a sabedoria da D. Cecília que deixou ir a filha, minha melhor amiga, também para aquela lonjura de liceu.  Sempre éramos duas!!!! 

Só me lembro das atividades extra curriculares onde a minha mãe considerou importante eu frequentar o grupo de danças populares por onde andei perdida e desconectada do grupo durante três meses antes de ter convencido a mãe a desistir porque não gostava e não sabia dançar. Talvez daí a minha aversão actual a ranchos folclóricos!!

Havia ainda a aula de lavoures femininos onde, supostamente as alunas costuravam enxovais para crianças recém nascidas pobres e que depois, por altura do Natal, já as roupas e adereços colocadas em cabazes embrulhados em papel celofane eram entregues em cerimónia solene às mães de sorriso triste que os vinham buscar. Sem acautelar olhares nem exposições mas, pelo contrário, explorando a pobreza de quem nada tinha. Também posso confessar que tendo eu treze anos na altura, não sabia costurar e foi sempre a minha mãe que fez todas as peças que eu entreguei! Eu só fazia de conta que fazia. Será que a professora não via ou era costume e o que interessava era o produto final?

Coisas que ficam!

Hoje a minha neta mais velha perguntou se eu alguma vez tinha trazido orelhas de burro para casa! Respondi que as orelhas de burro eram para ser colocadas na escola aos que não aprendiam com tanta facilidade e que na minha escola não havia esse adereço mas uma régua de madeira com que batiam a quem menos precisava de levar porque a vida já era dura que bastasse. 

E depois a graça da neta do meio: e orelhas de vaca? Também tinhas?

Ainda me estava a rir depois do telefonema!

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Vive e deixa viver

 


Não costumo, por personalidade, meter-me ou dar conselhos na vida de ninguém. Acredito, por experiência própria, que viver é aprender e que as aprendizagens têm de ser feitas pelos próprios para se tornarem empoderados e certos das suas capacidades. Pode ser entendido como distanciamento mas não o é. 

Também não sou queixinhas. Aguento bem as dificuldades, as dores,  as incapacidades e o desânimo. Faz parte dos dias. 

Pela minha maneira de ser, tenho alguma dificuldade em ver perturbada ou criticada a minha intimidade ou o meu modo de viver a vida. Já tenho tantos condicionantes que tudo o que possa ajudar é bem vindo e mesmo só o que possa ajudar. Juízos de valor dispenso-os e não me fazem mossa. Já fizeram em tempos lá muito atrás. 

Agora faço o que a vida me vai permitindo com o propósito de me sentir melhor e de me testar todos os dias. Se vou, se fico em casa, se posso ou não posso, só a mim diz respeito. Não controlo a opinião dos outros. Apenas controlo o modo como essa opinião me afecta. Neste momento, é mesmo zero por cento. 

Já passei por muito, já vivi muito, já precisei muito e foram sempre os mesmos que estiveram. Esses sim, são importantes. 

Boa semana!

domingo, 21 de abril de 2024

As amigas de longa data

 


Tenho um grande carinho por elas e pelo que acrescentaram à minha vida.  Não estivemos sempre juntas mas perguntávamos umas pelas outras, ía sabendo das suas vitórias e dos dias menos bons. Há pouco tempo, uma dessas amigas muito especial ficou viúva. Tentei, de longe, escrever-lhe todos os dias um texto de esperança que a fizesse sair da escuridão a que uma morte repentina nos leva. 

Chegou a altura de voltar aos velhos tempos, às nossas conversas e às nossas recordações. 

Nunca me esqueço de quem me fez bem! Estando a  minha Mãe para ser operada, quando eu tinha cerca de 20 anos, fui levá-la à clinica onde a deixei triste como a noite. Despediu-se de mim quase a chorar,  numa enfermaria de seis pessoas quase já na penumbra do final do dia. Fui tomar café à noite com ela no pensamento. e esta amiga, médica de profissão, disse: anda daí, vamos lá. E fomos. Eram 11da noite e quase todas dormiam. Menos a minha mãe que quando me viu ao lado dela deu um sorriso de que ainda hoje me lembro.  

O outro dia contei-lhe este episódio de que já não se lembrava. Disse-me que sempre foi o lema dela ajudar. Acredito que sim. Um coração de ouro  e uma maneira de ser que sempre me agradou. Jogámos muitos jogos de ténis juntas, pelo calor tórrido da tarde nos campos de terra de Coimbra. 

Já está reformada e o poder estar com ela está a fazer-me bem. É com estas nossas pessoas que contamos sempre mesmo que os anos e a distância tenham encurtado o contacto, os sentimentos continuam bem presentes. 

Até já!

sábado, 20 de abril de 2024

Coisas boas das cidades pequenas


 Ir ao mercado local pela manhã e comprar legumes do produtor. Mais pequenos, menos vistosos mas muito melhores em sabor. Passar sempre pelo mesma banca de peixe onde há sempre desconto para uns bons robalos  ou douradas de mar que não têm nada a ver com os de viveiro.

A banca dos queijos é a perdição total. Muitos tipos de queijos frescos, requeijões especiais, enchidos alentejanos  que apetece sempre experimentar. 

Há ainda a vantagem do estacionamento. Há  sempre lugar, perto de tudo e mesmo nas grandes superfícies a maioria dos lugares está vazia a certas horas do dia.  Se tenho mesmo de realizar qualquer tarefa, o tempo gasto em deslocações é mínimo e sobra tempo para um café ou uma volta às novidades. 

Antes, nunca considerava estas vantagens. Depois de passar muitos fins de semana em Lisboa e de ter perdido imenso tempo no trânsito e a procurar lugares de estacionamento considero um mimo viver aqui. 

Saí de casa às 11.00h . Fui ao mercado, a dois supermercados e às13.00h estava em casa com as compras da semana todas efectuadas. 

As coisas más prendem-se com a pouca variedade na oferta cultural mas Leiria, Tomar e Santarém  ficam  perto e pode-se aceder a muita coisa. 

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Ainda sobre o passar do tempo


 Há uma regra que tem de ser cumprida- conviver, conviver, conviver.

Ouvir os outros, ter uma boa rede social, ajudar quando é necessário, ter a consciência de que fazemos parte de uma comunidade e que não estamos sozinhos.

Ter actividades em grupo, rir junto, marcar almoços, jantares, lanches,  caminhadas ou apenas sentarmo-nos num banco de jardim
e trocar pontos de vista e opiniões diferentes. Faz tão bem à alma!

Paralelamente,  ajuda a a relativizar os nossos "enormes" problemas porque sentimos que são transversais.

Os que vivem sozinhos encerrados nas suas conchas, tornam-se egoístas, maníacos, reféns dos seus próprios pensamentos que não relativizam com ninguém. Andamos cá tão pouco tempo que temos obrigação de o tornar o mais leve e alegre possível. Mesmo com dificuldades, será sempre mais fácil fazer a "caminhada" em grupo.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Sobre a auto-estima

 


Quando se chega à minha idade, podem ter acontecido duas coisas: ou nos deixámos ir na onda do envelhecimento, não o contrariando, não fazendo nada para nos mantermos atentos, aprendizes da vida e do mundo ou, pelo contrário, batalhámos o suficiente para sabermos o nosso valor,  mesmo reconhecendo os pontos fracos mas pondo sempre o foco nos pontos fortes. 

É claro que tudo se torna mais difícil e mais demorado. Sair de casa demora mais tempo, organizar uma saída implica uma maior motivação, o número de cuidados aumenta mas tudo se faz em função da saúde mental e física que se quer preservar. 

Há pessoas que se deixam ir na onda da desgraça e, para essas, a vida não traz segunda chance. Chega um dia em que já não há volta atrás. É uma questão de amor próprio de perseverança e de saber que vale a pena andarmos cá, com saúde e alegria. 

Sou muito grata à vida. Talvez porque nunca parei  muito tempo a desejar muita coisa. Fui andando e fazendo à medida que era necessário. Uns dias mais folgada outros dias com uma carga mais pesada do que eu mas sempre sabendo que valia a pena o esforço. 

Já muito pouca coisa me atinge, desde críticas até  comportamentos que considero pouco recomendáveis. 

Sei do que sou capaz. Sei dos que me amam e me apoiam e sei  o que valho.

Bendita idade que tanto ensinas!

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Voltámos à noite

 


Soube muito bem. Aquela casa tem o condão de me fazer bem à alma. Ao final da tarde ainda tivemos a visita de grandes amigos com quem se está em casa. 

Depois, foi arrumar o pouco que levámos e, noite dentro, voltar à casa do trabalho. 

Estiveram dias lindos com um azul de céu que só naquele sítio existe.

No próximo fim de semana voltamos.