sábado, 27 de abril de 2024

Coisas que me aquecem o coração

 


Ontem tive de ir à NOS resolver um problema da box da casa da praia. No meio da conversa com a senhora de meia idade que me atendeu  disse-me que sabia bem o meu nome porque tinha sido professora dela há 34 anos! Acrescentou que de todos os professores só se lembrava de mim e que tinha sido professora de Ciências dela durante dois anos. Não consegui fazer a ponte mas ri-me interiormente com o que disse a seguir:

-Vestia-se tão bem e cheirava tão bem! Andava sempre com uns vestidos de flores tão bonitos!!! EU???? Flores? Vestidos??

Se ela não tivesse dito o meu nome e não fosse simpática ao dizer que estava na mesma (!!) eu teria pensado que me tinha confundido!! O que eu mudei! Só o perfume continua indispensável! Detesto roupa com padrão floral e vestidos nem é bom falar!

Quando cheguei ao parque de estacionamento ainda vinha a sorrir. É bom ser lembrada depois de tantos anos! Com vestidos de flores e bons perfumes ainda melhor!

Tenho saudades das grandes caminhadas

 



Quando podia fazê-las fui sempre adiando essas caminhadas por trilhos mais ou menos conhecidos, umas vezes por medo de não conseguir, outras vezes por preguiça.

Agora que não posso fazê-las invejo imenso quem as faz em sítios lindos, dentro e fora de Portugal. Há grupos nas redes que se juntam para caminhar e daria tudo para fazer parte deles. 

Fazer a costa vicentina, junto ao mar, ficou para trás. Tenho medo de chegar a meio e não conseguir continuar. Estou cheia de medos e de receios. 

Saudades das caminhadas que já fiz. Do cansaço do final e das paisagens de sonho pelos caminhos. Das conversas boas e das companhias.

Esta semana vai ser uma prova para mim. Receosa mas com esperança de que consiga e volte mais solta e mais confiante. Um mundo novo embora noutros tempos já fosse habitual para mim! 

A preparar a aventura. Depois conto por aqui como correu!  Ou andou! Ou rastejou!

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Tive de ir confirmar!

 


Nas redes dizia-se que Marcelo (chamemos-lhe assim) tinha afirmado que o Dr. Luís Montenegro tinha comportamentos rurais, vinha de um país profundo com um estilo de outro tempo e era lento, de uma lentidão diferente da do último primeiro ministro porque esse era lento porque era oriental!!!!!!

Como disse???

Tive de ir verificar! Era mesmo verdade. Foi dito e está gravado numa entrevista com jornalistas estrangeiros!!

Vamos então por partes: não se podem fazer comentários (e considero correcto) sobre pessoas de outras raças ou credos, mas o senhor que pode tudo, pode dizer que os orientais são lentos! O senhor  tem assim tanto conhecimento de orientais para poder afirmar isso ou são apenas os orientais que conhece da linha onde viveu e conviveu toda a sua preenchida vida com os seus amigos influentes e rápidos em tudo o que fazem? Sejam actos lícitos ou nem por isso!!!!!

Vamos então à ruralidade do Luís Montenegro. Ainda bem que é rural e não é como o senhor que se tornou num ser abonecado, cheio de tiques nervosos e entoações de classe alta, nada condizentes com o cargo que ocupa. Estou a vê-lo à noite nos hotéis, sempre que o obrigam a conviver com rurais, a desinfectar-se em litros de álcool. Quero lembrá-lo que também é presidente do tal país profundo que, dada a superfície exígua do pais, não sei bem onde fica!

Lembrar também este senhor que os grandes vultos desta nação não nasceram como o senhor em berço almofadado. Não tem grandeza! Grandeza é não ter as condições para ser grande e ser inteligente o suficiente para as conseguir. Grandeza é conquistar o mundo e conservá-lo na palma da mão. Grandeza não é ter tudo de mão beijada . É traçar rumos e metas e trabalhar árduo para as conseguir alcançar. Grandeza é conhecer a beleza de um nascer do sol num dia de ceifa, a alegria de um almoço no campo depois de uma manhã de trabalho,  o conseguir chegar à escola depois de meia hora a andar no meio da neve no Portugal profundo e fazer-se gente. Grandeza é saber o que é vida porque se cresceu e conviveu com todas as classes sociais e se conhecem as dificuldades da vida.

Grandeza é ser muito inteligente como o meu pai que, mesmo rural, nunca foi lento nem nunca teve o espirito de outros tempos. 

Grandeza é ser um Aquilino, um Torga, um Vergílio Ferreira, um Soeiro Pereira Gomes, um Sobrinho Simões, um Aristides de Sousa Mendes, e por aí fora.

Estes irão ser lembrados ainda por muito tempo. Já o senhor...

Já tinha pensado que o senhor foi a minha maior desilusão dos últimos tempos como pessoa! Ai e tal teve uma nota muito boa na faculdade!! É isso que tem para mostrar? Muito pouco!

O que me entristece  é observar  um lisboeta inchado de si! É o que o senhor é! Não sabe nada da vida!

Uma tristeza!

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Coisas boas

 


Andei a trabalhar num projecto durante estes últimos meses. Estudei, trabalhei, modifiquei, calculei. Estava confiante do resultado ser positivo. Demorou algum tempo a ver resultados. Estava a ficar um pouco desanimada. Hoje chegou o primeiro resultado positivo!

Ninguém consegue imaginar o meu contentamento. Afinal os meus pressupostos estavam certos. É tão bom quando há reforço positivo. Quando nos sentimos realizados naquilo que idealizamos. 

Parabéns a mim e ao meu trabalho!

Estes estranhos tempos

 


Há alturas em que, mesmo que eu não queira sentir-me assim, tenho mesmo de perceber não pertencer a esta geração e não ter pena disso.

Hoje, numa aula de apoio, perguntei a um aluno o nome do pai. Resposta: Sei lá!! Eu chamo-o pai.

Então mas não sabes o nome?

É muito difícil, é qualquer coisa parecido com mar.

Então mas a tua mãe não o costuma chamar pelo nome e tu ouves?

Não. A minha mãe chama-o com aqueles nomes de casal - Ó querido!

Mas não sabes mesmo o nome do teu pai? 

Não, não sei!

Fiquei estarrecida! Pode parecer que não tem importância mas é o pai que vive lá em casa. Não haverá curiosidade em saber o nome?


E onde estavas tu neste dia 24 há 50 anos?

 

Estava ainda a aprender a viver na cidade! Num liceu misto no qual nunca gostei de andar. A minha irmã convenceu a minha mãe que era muito melhor eu frequentar um liceu misto e não ir para  o Liceu D. Maria, na altura o liceu feminino de Coimbra e que era muito mais perto da minha casa!

Vá-se lá saber porquê, a minha mãe concordou. E aí ia eu todos os dias apanhar o eléctrico até à baixa da cidade e depois esperar por um autocarro que me levaria para o outro lado do rio, em frente à quinta das lágrimas. Um liceu frequentado, na sua maioria, por alunos que vinham de fora da cidade porque ficava mais perto da estação de comboio. Perdi os meus amigos do ciclo preparatório e encontrei outros que nunca vieram a ser meus amigos porque entretanto, logo no dia seguinte se deu a revolução e tudo mudou. O liceu D. João III ficou misto e no ano seguinte já fiquei perto de casa. 

Valeu-me a sabedoria da D. Cecília que deixou ir a filha, minha melhor amiga, também para aquela lonjura de liceu.  Sempre éramos duas!!!! 

Só me lembro das atividades extra curriculares onde a minha mãe considerou importante eu frequentar o grupo de danças populares por onde andei perdida e desconectada do grupo durante três meses antes de ter convencido a mãe a desistir porque não gostava e não sabia dançar. Talvez daí a minha aversão actual a ranchos folclóricos!!

Havia ainda a aula de lavoures femininos onde, supostamente as alunas costuravam enxovais para crianças recém nascidas pobres e que depois, por altura do Natal, já as roupas e adereços colocadas em cabazes embrulhados em papel celofane eram entregues em cerimónia solene às mães de sorriso triste que os vinham buscar. Sem acautelar olhares nem exposições mas, pelo contrário, explorando a pobreza de quem nada tinha. Também posso confessar que tendo eu treze anos na altura, não sabia costurar e foi sempre a minha mãe que fez todas as peças que eu entreguei! Eu só fazia de conta que fazia. Será que a professora não via ou era costume e o que interessava era o produto final?

Coisas que ficam!

Hoje a minha neta mais velha perguntou se eu alguma vez tinha trazido orelhas de burro para casa! Respondi que as orelhas de burro eram para ser colocadas na escola aos que não aprendiam com tanta facilidade e que na minha escola não havia esse adereço mas uma régua de madeira com que batiam a quem menos precisava de levar porque a vida já era dura que bastasse. 

E depois a graça da neta do meio: e orelhas de vaca? Também tinhas?

Ainda me estava a rir depois do telefonema!

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Vive e deixa viver

 


Não costumo, por personalidade, meter-me ou dar conselhos na vida de ninguém. Acredito, por experiência própria, que viver é aprender e que as aprendizagens têm de ser feitas pelos próprios para se tornarem empoderados e certos das suas capacidades. Pode ser entendido como distanciamento mas não o é. 

Também não sou queixinhas. Aguento bem as dificuldades, as dores,  as incapacidades e o desânimo. Faz parte dos dias. 

Pela minha maneira de ser, tenho alguma dificuldade em ver perturbada ou criticada a minha intimidade ou o meu modo de viver a vida. Já tenho tantos condicionantes que tudo o que possa ajudar é bem vindo e mesmo só o que possa ajudar. Juízos de valor dispenso-os e não me fazem mossa. Já fizeram em tempos lá muito atrás. 

Agora faço o que a vida me vai permitindo com o propósito de me sentir melhor e de me testar todos os dias. Se vou, se fico em casa, se posso ou não posso, só a mim diz respeito. Não controlo a opinião dos outros. Apenas controlo o modo como essa opinião me afecta. Neste momento, é mesmo zero por cento. 

Já passei por muito, já vivi muito, já precisei muito e foram sempre os mesmos que estiveram. Esses sim, são importantes. 

Boa semana!

domingo, 21 de abril de 2024

As amigas de longa data

 


Tenho um grande carinho por elas e pelo que acrescentaram à minha vida.  Não estivemos sempre juntas mas perguntávamos umas pelas outras, ía sabendo das suas vitórias e dos dias menos bons. Há pouco tempo, uma dessas amigas muito especial ficou viúva. Tentei, de longe, escrever-lhe todos os dias um texto de esperança que a fizesse sair da escuridão a que uma morte repentina nos leva. 

Chegou a altura de voltar aos velhos tempos, às nossas conversas e às nossas recordações. 

Nunca me esqueço de quem me fez bem! Estando a  minha Mãe para ser operada, quando eu tinha cerca de 20 anos, fui levá-la à clinica onde a deixei triste como a noite. Despediu-se de mim quase a chorar,  numa enfermaria de seis pessoas quase já na penumbra do final do dia. Fui tomar café à noite com ela no pensamento. e esta amiga, médica de profissão, disse: anda daí, vamos lá. E fomos. Eram 11da noite e quase todas dormiam. Menos a minha mãe que quando me viu ao lado dela deu um sorriso de que ainda hoje me lembro.  

O outro dia contei-lhe este episódio de que já não se lembrava. Disse-me que sempre foi o lema dela ajudar. Acredito que sim. Um coração de ouro  e uma maneira de ser que sempre me agradou. Jogámos muitos jogos de ténis juntas, pelo calor tórrido da tarde nos campos de terra de Coimbra. 

Já está reformada e o poder estar com ela está a fazer-me bem. É com estas nossas pessoas que contamos sempre mesmo que os anos e a distância tenham encurtado o contacto, os sentimentos continuam bem presentes. 

Até já!

sábado, 20 de abril de 2024

Coisas boas das cidades pequenas


 Ir ao mercado local pela manhã e comprar legumes do produtor. Mais pequenos, menos vistosos mas muito melhores em sabor. Passar sempre pelo mesma banca de peixe onde há sempre desconto para uns bons robalos  ou douradas de mar que não têm nada a ver com os de viveiro.

A banca dos queijos é a perdição total. Muitos tipos de queijos frescos, requeijões especiais, enchidos alentejanos  que apetece sempre experimentar. 

Há ainda a vantagem do estacionamento. Há  sempre lugar, perto de tudo e mesmo nas grandes superfícies a maioria dos lugares está vazia a certas horas do dia.  Se tenho mesmo de realizar qualquer tarefa, o tempo gasto em deslocações é mínimo e sobra tempo para um café ou uma volta às novidades. 

Antes, nunca considerava estas vantagens. Depois de passar muitos fins de semana em Lisboa e de ter perdido imenso tempo no trânsito e a procurar lugares de estacionamento considero um mimo viver aqui. 

Saí de casa às 11.00h . Fui ao mercado, a dois supermercados e às13.00h estava em casa com as compras da semana todas efectuadas. 

As coisas más prendem-se com a pouca variedade na oferta cultural mas Leiria, Tomar e Santarém  ficam  perto e pode-se aceder a muita coisa. 

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Ainda sobre o passar do tempo


 Há uma regra que tem de ser cumprida- conviver, conviver, conviver.

Ouvir os outros, ter uma boa rede social, ajudar quando é necessário, ter a consciência de que fazemos parte de uma comunidade e que não estamos sozinhos.

Ter actividades em grupo, rir junto, marcar almoços, jantares, lanches,  caminhadas ou apenas sentarmo-nos num banco de jardim
e trocar pontos de vista e opiniões diferentes. Faz tão bem à alma!

Paralelamente,  ajuda a a relativizar os nossos "enormes" problemas porque sentimos que são transversais.

Os que vivem sozinhos encerrados nas suas conchas, tornam-se egoístas, maníacos, reféns dos seus próprios pensamentos que não relativizam com ninguém. Andamos cá tão pouco tempo que temos obrigação de o tornar o mais leve e alegre possível. Mesmo com dificuldades, será sempre mais fácil fazer a "caminhada" em grupo.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Sobre a auto-estima

 


Quando se chega à minha idade, podem ter acontecido duas coisas: ou nos deixámos ir na onda do envelhecimento, não o contrariando, não fazendo nada para nos mantermos atentos, aprendizes da vida e do mundo ou, pelo contrário, batalhámos o suficiente para sabermos o nosso valor,  mesmo reconhecendo os pontos fracos mas pondo sempre o foco nos pontos fortes. 

É claro que tudo se torna mais difícil e mais demorado. Sair de casa demora mais tempo, organizar uma saída implica uma maior motivação, o número de cuidados aumenta mas tudo se faz em função da saúde mental e física que se quer preservar. 

Há pessoas que se deixam ir na onda da desgraça e, para essas, a vida não traz segunda chance. Chega um dia em que já não há volta atrás. É uma questão de amor próprio de perseverança e de saber que vale a pena andarmos cá, com saúde e alegria. 

Sou muito grata à vida. Talvez porque nunca parei  muito tempo a desejar muita coisa. Fui andando e fazendo à medida que era necessário. Uns dias mais folgada outros dias com uma carga mais pesada do que eu mas sempre sabendo que valia a pena o esforço. 

Já muito pouca coisa me atinge, desde críticas até  comportamentos que considero pouco recomendáveis. 

Sei do que sou capaz. Sei dos que me amam e me apoiam e sei  o que valho.

Bendita idade que tanto ensinas!

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Voltámos à noite

 


Soube muito bem. Aquela casa tem o condão de me fazer bem à alma. Ao final da tarde ainda tivemos a visita de grandes amigos com quem se está em casa. 

Depois, foi arrumar o pouco que levámos e, noite dentro, voltar à casa do trabalho. 

Estiveram dias lindos com um azul de céu que só naquele sítio existe.

No próximo fim de semana voltamos. 

sábado, 13 de abril de 2024

Vamos à praia

 

Com este tempo  apetece mesmo estar perto do mar. Ouvir o barulho das ondas  e passear na areia. São só dois dias mas vão valer por sete. 

Quase tudo preparado. Pouca roupa e muitos projectos. Casa limpa à nossa espera. Valorizar aquilo que temos e que conseguimos com algum sacrifício e muita imaginação.


quinta-feira, 11 de abril de 2024

Antes da Maria de Lurdes

Reserva Natural do Estuário do Tejo

Sem sombra de dúvidas, a pior ministra da educação foi a D. Maria de Lurdes Rodrigues!  Tive a oportunidade de a ouvir falar presencialmente e era tal o ódio aos professores que até o olhar da senhora se toldava. Acredito que tenha andado numa escola muito má e tenha sido muito mal tratada talvez até pelo seu mau feitio e modo de estar arrogante e de mal com a vida. Se a vejo em qualquer canal, mudo imediatamente.

O que é certo é que depois dela nunca mais nada foi igual. Não falo de dinheiro, de escalões, ou outro qualquer aspecto mais prático. Falo sobre a desvirtualização que, uma senhora e os seus acólitos, conseguiram fazer a uma classe até aí considerada por todos. Nunca me revi no modo como a senhora falava do nosso trabalho e como sempre dava a entender que os directores teriam que tratar os professores de rédea curta e pingalim na garupa. Eu ouvi de viva voz, não me contaram! E também ouvi os aplausos de alguns directores aos dislates da senhora. 

O que me choca ainda mais é o reconhecimento que a senhora teve após o ministério e os cargos que ocupou e ainda ocupa sempre ligados à educação de que pouco sabe. Até fico irritada quando falo nisto. 

A partir desta senhora, tudo mudou. Para pior, claro!

Todos os anos, antes deste descalabro, organizavam-se  encontros de Educação Ambiental sempre em capitais de distrito diferentes. Os professores pagavam uma parte, como a estadia e a  inscrição e  as câmaras municipais organizavam o programa, sempre muito rico e preenchido,  transversal a todas as áreas do saber.  Tínhamos experiências fantásticas que depois se reproduziam em sala de aula e davam ao professor uma grande bagagem em diferentes temas. Conheci, deste modo, aspectos do país que nunca conheceria,  empresas de renome que nos abriam as portas para visitas guiadas, áreas protegidas que, em visitas guiadas, nos mostravam a biodiversidade deste país tão rico. Em sala de aula todos estes conhecimentos eram aproveitados e trabalhados e os alunos ainda hoje falam dessas aulas com alguma saudade.

Era uma semana riquíssima em aquisição de saberes. Tudo acabou!

O investimento em educação de qualidade deixou de existir e a força moral e ministerial que os professores necessitam também. 

Muita pena. 

Ainda me alegro com alguns alunos que vou encontrando na escola com sorriso doce, boa educação e boa conversa.  Há, no entanto,
muitas situações que nunca deveriam existir ou ser permitidas. Obrigada D. Maria de Lurdes. 


segunda-feira, 8 de abril de 2024

Chegar a casa de rastos


 Este ano, em trabalhos moderados, tenho imensas horas a acompanhar alunos com muitas dificuldades a Matemática. Entram uns e saem outros mas os problemas são quase sempre os mesmos: uma falta de concentração e de atenção fora do normal, um desinteresse por mudar nem que seja por 50 minutos e uma falta de bases alarmante.

Seis vezes seis?

300? Não distinguem a multiplicação da divisão e sem calculadora ficam completamente perdidos. 

Eu consumo-me nestas horas. Podia não o fazer, mas penso ser a minha obrigação. Dou dicas, zango-me quando não me ouvem,  parto sempre do mais simples para o mais complicado, ensino-os a tirar notas, a fazer registos e a resolver problemas com técnicas fáceis de colocar em prática. Tento facilitar as suas aquisições em todas estas horas para depois ser mais fácil dentro de aula e diminuírem, deste modo, as suas dificuldades. 

A maior inquietude deles? Quanto tempo falta para a aula terminar! 

Hei-de  chegar lá! Sei que sim!

Uma semana novinha em folha

 


A lista de tarefas alinhada.

Os alunos a apoiar organizados em folhas excel.

Tarefas com marcação, já marcadas e colocadas na agenda.

Falta ir lavar o carro. Malditas poeiras do deserto!

Fazer as compras da semana.

Elaborar menus.

Ir buscar a roupa à lavandaria.

Começar a investigar e a programar as férias de Verão. O que eu adoro fazer isso!

Ir à missa dia 10, por alma do meu pai que fazia anos nesse dia.

Marcar as aulas de natação.

Decidir uns quantos assuntos quanto à minha saúde.

Pedir um atestado médico (verdadeiro) que diga que não posso frequentar o ginásio porque piora o pé para poder deixar de pagar mensalidades. 

Ganhar coragem para iniciar novas rotinas conducentes à melhoria da minha condição física e psicológica.

Por agora é tudo para esta semana. Tudo isto nos intervalos do trabalho de que saio, quase todos os dias, às 17.05h

domingo, 7 de abril de 2024

É um crime comprar mais um peça de vestuário


 E não vou fazê-lo. Dei-me conta do exagero a que chegaram os meus armários! É certo que tenho peças de há mais de vinte anos mas estão actuais, em bom estado e eu gosto delas.  É só pensar novas combinações, novos acessórios, juntar um pouco de cor e já está. Houve tempos de alguma frustração e tristeza em que a roupa foi a minha salvação. Esse tempo ficou para trás.

 Empregar o dinheiro que poupo noutros projectos mais interessantes e que me façam igualmente feliz. Com a idade, concluímos que vivemos com muito pouco de tudo. Os momentos bons passam a ser o nosso objectivo e as pequenas conquistas fazem-nos felizes.

Apreciamos as boas companhias, os risos à volta de uma mesa e manjares nunca antes saboreados. A vida encurta e é necessário ainda ter tempo para tanto que ainda não se viveu e não se sentiu.

Sair da zona de conforto e sentir que se conseguiu ir em frente. Colocar todos os dias um desafio e chegar à noite e pensar - consegui!


Esforça-te

 


Sai da letargia onde estás. Toma banho, coloca uma cor no rosto, veste uma roupa bonita  e sai para  a rua. Encontra gente boa, que ri e diz coisas felizes. Não procrastines. Começa já. Alinha as tarefas.

Compra os ingredientes para  um bom almoço. Põe uma mesa bonita porque tu mereces. 

Nunca te contentes com pouco. Tu mereces tudo!

sábado, 6 de abril de 2024

Sempre a aprender

 


Desta vez com filho mais novo.

Sempre  que programa uma viagem de comboio com alguma antecedência pode comprar bilhetes em promoção.  Com um grande desconto !

Se comprar online, os bilhetes em promoção aparecem com uma estrela. Foi o que fiz. Com o desconto optei por viajar em primeira classe. Mais calmo e mais confortável. 

Ida e volta até Lisboa, 23 euros em 1ª classe. Nada mal. 

Tive em tempos uma familiar que, nas minhas costas, me apelidava de "pechincheira"! Queria ela dizer com isto, que tinha grande pena de não conseguir adquirir bens de boa qualidade por módicos preços, como eu sempre fiz. Nesta sociedade de consumo, dá trabalho e necessita de tempo  mas gosto muito desta minha característica.

Talvez


 Seja a altura de voltar aqui! As circunstâncias serão totalmente diferentes, mas é a vida  a ensinar que, de repente, tudo pode mudar!

Aproveitar os momentos, os minutos,  os segundos, tudo a que temos direito. 

Pode parecer mas não vivo no passado!

 


Gosto de voltar atrás e sentir que tenho raízes muito fortes mas adoro viver o presente e ser como sou. Tenho o mês de Abril e de Maio cheio de projectos  bons e gosto muito disso. 

Hoje comecei o dia a vender objectos de que já não necessito. É bom quando outras pessoas valorizam o que já não nos faz falta e o utilizam de forma criativa. 

Acabar de construir todos os documentos necessários para o grande projecto deste Verão. 

Em Maio, um desafio espera-me. O início de Junho é pautado pela vinda de querido primo. Embora a estadia seja breve, vale sempre a pena. 

O mais importante disto tudo? As minhas netas a crescerem, a dizerem coisas que me fazem rir às gargalhadas, o riso lindo, o amor que lhes tenho. Fico sempre mais nova e confiante depois de um tempo com elas. Tantas coisas giras que quero fazer com elas quando crescerem. Tantas canções que vamos cantar, tantas histórias que vamos contar. Tanto que vou ouvir e tanto que vou transmitir. Já tenho um grande espólio de memórias mas será sempre um espólio a aumentar e a enriquecer.

Cheiros de infância

 


Ontem estive na Serra. Questões logísticas imperavam. Tudo resolvido. Passagem rápida pela casa dos pais, agora tão silenciosa e arrumada porque vive quase sempre apenas nos corações de quem lá viveu. 

No quintal, os lilases começaram a florir, assim como as japoneiras que anunciavam sempre o final do Inverno.  Um cheiro bom enchia o ar, como sempre encheu. Faltava o cheiro da terra revolta que antecedia o início das plantações da horta. A mãe tomava conta dela como se de um quarto filho se tratasse. 

Quando chegava de Coimbra, muitas vezes, ia encontrá-la lá entre os morangos e os espinafres e a frescura dos dias de Primavera. Nada disto volta, mas naquele ambiente é impossível não os sentir mais presentes e querer agarrar as memórias, as falas, os risos, o ruído de uma casa vivida por uma família  unida e querida. 

Trouxe os lilases para estarem comigo e me emocionarem cada vez que sinto o seu perfume. 

Queridos pais!

terça-feira, 2 de abril de 2024

Projectos a concretizar

 


Com este tempo todo em casa apoderou-se de mim algum medo de partir por aí fora. Sinto-me mais confortável perto de casa, com viagens curtas e pouca aventura.

Esta maneira de pensar vai totalmente contra a minha personalidade e preocupa-me há já algum tempo . Hoje marquei uma aventura nova. Deu-me dor de cabeça e medo. E se... não sei muito bem o quê mas não quero continuar a reduzir o meu perímetro de conforto. Quero aumentá-lo como antes do pé ter problemas e antes do tendão de aquiles ter partido. 

Agora é confiar e partir. Focar nas descobertas, nas paisagens e em tudo o que gosto de fazer.

Penso que haverá muito mais confiança em mim no regresso. Não tenho idade para acomodações mentais. A vida não se compadece e  é necessário lutar contra os medos e o desânimo.

Tudo marcado.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Mais uma Páscoa longe de mim

 


Da minha essência, do que sou e do que fui. O cheiro da flor das giestas que enchia o ar, as tradições religiosas, as procissões solenes e silenciosas. As passadas curtas e silenciosas das pessoas de idade que todas as sextas feiras santas percorriam a rua da procissão em silêncio, orando " Lá iremos, lá iremos às portas do paraíso, abertas as acharemos, as do inferno fechadas parecem casas queimadas ...". Sei  toda esta oração do tempo em que dormia com a avó e ela me ensinava todas estas tradições. Saudade.

Começava o sábado de Aleluia e o sino tocava toda a noite. Um martírio para quem queria dormir!

O que eu gostava mesmo? Da Visita Pascal com todo o cerimonial que se fazia lá por casa. A primeira coisa era saber por que lado da freguesia começava o padre a visita naquele ano. Vivendo nós numa das pontas da aldeia, fazia toda a diferença porque ou era manhã cedo ou já ao cair do sol. Perguntas aos vizinhos, ao sacristão e lá se concluía a trajectória. 

Sentia-se ao longe a aproximação do cortejo pelo sino que o acompanhava. Meu pai, vinha para  porta, com o seu ar mais solene e todos ficávamos dentro da sala, perfilados, à espera. Meu pai beijava a cruz enfeitada com flores e convidava todos a entrar. Chegava a nossa vez! Rezávamos todos uma oração, alguma das crianças comia uma amêndoa e lá partiam para mais uma casa não sem antes  o padre benzer a família e a casa. 

Coisas que me lembram porque estão cravadas neste coração e nesta alma de que sou feita.