domingo, 26 de setembro de 2010

Vozes do passado

No meu poiso preferido, na casa dos meus avós.

Ontem, no meio de uma viagem rápida, recebi um telefonema. Tive dificuldade em saber quem estava do outro lado! A voz não me era conhecida mas chamava-me de Lalita, o meu petit nom de há muitos anos atrás. Naquela voz havia uma ternura imensa por mim!
E de repente, lembrei-me! Era a Mariazinha!
Toda a minha infância está ligada a ela. Sobrinha do padre da aldeia, deixou a família e viveu sempre com ele, cuidando-o até à sua morte. Eu vivia em frente da casa deles e todo o santo dia por ali andava, ajudando ou fazendo que ajudava, rindo com eles, entrando em todos os rituais que enchiam a casa: a vinda de outros párocos, as festas religiosas, o confeccionar das hóstias... Tenho memórias muito fortes destes tempos em que sempre me senti muito amada. À noite, regressava a casa e despedia-me sempre com a mesma frase: amanhã tono a vi!
Quando o tio morreu, a Mariazinha mudou de casa. Soube que se casou e passou a viver em Lisboa. Nunca mais a vi!
Temos combinada uma visita para matar saudades e recordar o passado.
O telefonema mudou o meu dia e emocionou-me. Muito!

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