Pensamentos depois de uns dias na grande cidade!

As pessoas passam demasiado tempo em locais de compras, fechadas em corredores climatizados com crianças aos berros olhando montras e (des)educando o consumo.

Os carros de compras enchem-se com futilidades e calorias  que fazem bem à alma mas muito mal ao corpo. Mentalmente faço contas imaginando o quanto poderiam ser mais felizes se utilizassem de outro modo o dinheiro gasto em calorias vazias.

A maioria tem olhares baços de quem já não deseja nada. Só sobrevive.

Os locais de piqueniques estão vazios enquanto as áreas de comida dos ditos locais estão a abarrotar.  Não seria mais engraçado (e mais barato) fazerem um piquenique, saltar e correr por Monsanto e depois sentarem-se num banco de madeira e almoçar? 

Os cinemas estão cheios de crianças tristes com baldes de pipocas maiores que elas.

Os velhos arrastam-se atrás dos netos que já não querem conhecer as suas histórias. 

E, no entanto, Lisboa tem locais lindos para passear ao ar livre. Tem parques verdes e mil e uma actividades para realizar em contacto com a natureza.

A foto mostra um dos nossos piqueniques da Primavera. Todos os anos, quando os filhos eram pequenos, juntavam-se os amigos e a família para o piquenique anual. Muita coisa mudou desde então mas, nas memórias deles, perdurarão para sempre as recordações destes dias de amizade.

Há sempre um tempo certo

Quando mais nova e com menos experiência, tinha imenso medo de deixar passar o tempo certo de fazer coisas, de reagir, de actuar perante uma situação.

Os anos e a vida deram-me a certeza de que o tempo certo para que algo aconteça se deixa anunciar com clareza e que, perante esse momento, não há dúvidas, só certezas. Deixei por isso de angustiar-me com o que não foi feito ou com o que ainda não foi dito. O momento certo acontecerá, mais cedo ou mais tarde, e tudo ficará certo e em harmonia.

O que se pensa

Levantar e rumar ao supermercado. Procurar estacionamento que isto aqui não é fácil quando se está habituado a ter dezenas de lugares no parque à nossa espera. Andar quilómetros lá dentro à procura de ingredientes arrumados sabe-se lá onde. Esperar horas nas filas  a que também não estou acostumada. Cozinhar e arrumar.

 Filas nas estradas que nos impedem de chegar depressa a casa. Chuva. Estar parada sem vontade de fazer planos que não se sabe se podem ser cumpridos.

E a Páscoa que aí vem e que para mim é sempre um tempo de alegria e de renovação. Tempo de flores de bom tempo, de casa dos pais aberta aos outros e a Cristo. 

Relativizar é a palavra de ordem. 

E o sonho, nestes tempos, é a grande arma para seguir em frente. Sonhar com novos dias, novas Páscoas e novas alegrias.

Boa Páscoa.

Pausas?

A vida  surpreende-nos  todos os dias! A pausa lectiva apanha a família em Lisboa à espera da recuperação total que tarda em chegar. A casa enche-se de sons e de cheiros não habituais por cá.

Não sei que dia é da semana e não sei o que vou fazer amanhã. Dia a dia. Hora a hora.

Esperando o passar dos dias que fará a diferença.

Aguardando todas as madrugadas como uma lufada de ar fresco e um novo recomeçar.

O pai

O meu pai era tímido. E muito inteligente. E tinha um amor maior que o mundo pela minha mãe. Um amor calado mas que permitia que lhe concretizasse os grandes sonhos dela mesmo que não fossem os dele. 

Quando envelheceu, a grande preocupação era a morte dele e a solidão dela depois. Entregava-se ao cálculo mental todos os dias para que o cérebro se mantivesse activo para que, mesmo que o corpo pedisse descanso, pudesse tomar conta dela e lembrar-lhe tudo aquilo que ela esquecia.

Teve uma vida difícil o meu pai. Sempre senti por ele a falta do carinho com que a mãe e o pai sempre o trataram. Por vezes, apetecia dar-lhe, num só dia, todo o carinho e o amor que ele não tinha tido na infância. Mas ele aliviava esse sentimentos com um humor alegre sobre os factos e as histórias dele tinham sempre um final feliz em que ele se transformava no herói. Magoado, mas herói.

Era duro connosco quando se tratava do futuro. Um dia, no final do jantar, falava-se dos sonhos, do que cada um queria ser quando crescesse. Chegada a minha vez,  exclamei orgulhosa do alto dos meus seis, sete anos:

- Eu? Eu quero ser pastora!

Zangou-se! Poderia lá ser! Para nós ele queria o sol! 

Mas ser pastora representava, por aquela altura, a liberdade total em comunhão com os campos. E gostava de correr pelos prados, de ir e vir, de inventar histórias sobre os montes que nos rodeavam. Era uma criança sonhadora!

Foi com ele que fui comprar o meu primeiro relógio e foi com ele que  escolhi e comprei o meu primeiro anel como oferta da dispensa de um exame.

Do que tenho mais saudades? Do sorriso de triunfo sempre que lhe contava algo da minha vida que ele via como um sucesso. Era tão bom  aquele sorriso! Tão gratificante!

Eu sei o quanto ele gostava de mim!  O quanto sou parecida com ele.  O quanto converso com ele nos meus dias  e quantas saudades sinto da sua presença. 

O meu pai será para sempre! Para nunca mais abandonar o cantinho do meu coração.

E logo de seguida...

Senti necessidade de relembrar para mim própria a mantra que fará de mim uma nova pessoa.

The greatest challenge in life is discovering who you are. The second greatest is being happy with what you find.

Depois fiquei com saudades do dia da MÃE!

No matter how old you are, you are always a beautiful child to your mother.

Dia do PAI

Dia do pai este, diferente do habitual. 

O que interessa é o que fica. O que vemos de bom para imitar, o saber que estará lá sempre e a certeza de que tudo o que faça é para o bem dos filhos. 

Relembrar outros dias não proclamados assim mas em que nos sentimos como a fazer parte de um todo. Dias em que temos orgulho de pertencer aqui e não a outro lugar qualquer. Dias em que o bom e o amor estão à flor da pele. Esses são verdadeiramente os  dias do pai! Ou dos pais! Ou da família!

Mudam os lugares...

Mas continuamos lá inteiros. A vida corre lá fora mas aqui dentro o pai e o filho, deitados lado a lado, preparam um exame próximo. Depois chegam os amigos e programam-se férias, lá mais para a frente, de calor e de mar. Sabe muito bem  sentir os amigos  connosco.

O lanche espera-nos no final da alameda cerrada lembrando outros lugares. Conversas e às vezes monólogos que sei que calam fundo. As mães têm de sentir que controlam a felicidade dos filhos! Mas não controlam!

O sol que se põe. O som dos aviões que se intensifica a esta hora. A melancolia da noite e do regresso. 

Amanhã o sol trará uma renovada esperança nos dias que correm mansamente.

Escolhas

Este texto é o sentir de alguém que não tem uma cultura teológica por aí além. Baseia-se unicamente naquilo que  sente uma católica nestes tempos revoltos da Igreja.

Emocionou-me  o perfil deste Papa!  O modo como se dirigiu à multidão que esperava por ele. A simplicidade e até uma certa candura. As orações ancestrais que os católicos  de todo o mundo conhecem. A possibilidade de todos poderem partilhar este momento. Rezem por mim! 

Depois, o que se foi sabendo - a luta pelos mais pobres e pelo fim das desigualdades, a não aceitação de mordomias num estrato onde seria tão fácil tê-las! O exemplo de conduta já tão fora de uso nestes tempos tanto na classe religiosa como em outras menos dadas ao exemplo. 

E quando hoje o vi, ramo de flores na mão, caminhando simplesmente a dirigir-se à Virgem, emocionei-me. Porque é um Papa assim que eu desejo. Porque sei que a linguagem do exemplo e da simplicidade aliada à inteligência, chegará a todos os católicos do mundo, mais ou menos sábios, mais ou menos cultos.

Os valores eternos ao serviço de Deus e dos Homens!

Grande escolha!

Recordações

Momentos que ficaram. Tempos de construção. Dias de ternura infinita e de um amor sem limites. Eram assim e o meu amor por eles cimentou-se tornando-se neste mundo de emoção que vai do riso ao choro ao sabor das suas almas.

Coisas que me emocionam

Esta foto, por exemplo! A nossa praia e as tardes sem fim pela areia fora. As brincadeiras, as correrias e as construções. O regresso a casa por entre dunas douradas, já cansados.

Os meus homens! Outros tempos! 

Tenho saudades tuas

Viena - Novembro de 2010

Do teu "quem vem lá?" à minha chegada ao fim do dia. Das tuas histórias e do teu riso. Da tua visão do mundo tão diferente  da minha mas que me deixa a pensar. Dos abraços! Dos passeios! Da companhia! E da certeza do sempre e para sempre!

Quero esquecer este interregno e começar a vida onde ficou parada à espera do regresso a casa.

Momentos do fim de semana

A caminho. A noite cai mas aproximo-me dos que me esperam. 

Anfiteatro Cardeal Medeiros - Universidade Católica - Entrega de diplomas 

E no palco não havia mais ninguém! Só quem eu amo!

 Orgulho e emoção!

 Passeios com o cara metade  pelos jardins do hospital. O vento fazia lembrar o Inverno mas a alma estava contente por o ter cá fora pelo menos por um bocado.

Organizar a casa e a semana. Trabalho de equipa que cria bons momentos. Ainda tempo para passar por Belém e saborear os famosos pasteis de nata ( ooops!), de Belém!

Coisas que sinto

Apetecia-me dizer o quanto admiro os meus filhos e divagar um pouco sobre a felicidade de estar com eles agora que são adultos. Apetecia dizer que não trocava nada por estes tempos de conversa, de troca de ideias, de estar por perto.  Que o tempo da infância foi bom mas que não permitia esta sintonia e esta paz interior que agora tenho. Que com eles me sinto protegida e amada e posso ir até ao fim do mundo. Que é uma sensação muito boa de dever cumprido. Bem cumprido!

Mas não posso!!

Já é 3ª feira! Que bom!

E já não falta muito para o fim de semana! Até lá, trabalho de sol a sol (ou chuva a chuva) e muita organização. Não é por ter de ir para Lisboa que deixo o meu profissionalismo de parte! É nestas alturas que se necessita mais concentração e maior capacidade de trabalho.

Aqui e agora

A caminho do último fim de semana!

Este vai ser o meu lema durante toda a semana! Sei que só assim poderei realizar tudo aquilo que me espera. Só assim conseguirei ver os dias com alguma realidade não me deixando levar por sentimentos melancólicos. Só assim as horas passarão a bom ritmo para me conduzirem a um novo fim de semana. Mesmo que esses dias sejam curtos e cheios de desafios, pelo menos tenho por perto os que amo. E quando  isso acontece parece que tudo encaixa e tudo fica mais fácil. Apetece até sonhar com os dias depois de tudo isto.

A partir deste mês...

Esta é, sem sombra de dúvida, a melhor vista de Lisboa! E um dos sítios onde os almoços de sábado sabem mesmo muito bem! Ao corpo e à alma!

Falta a alegria da dona da casa,  só desta vez!