Era Junho e fazia algum calor. Na Serra nunca faz muito calor. Parece que está calor até descer à chã e perceber o fresco que havia lá em cima!
As janelas da sala de aula estavam abertas e os quadros era um emaranhado de números, medidas, desenhos geométricos, algumas letras e muita aflição. Aproximava-se o exame e as professoras afadigavam-se para meter alguns conhecimentos em mentes que teimavam em continuar cheias de outras coisas e de outros problemas mais difíceis de resolver que os que saltavam do quadro negro.
E eram as serras e os rios, e as linhas de caminho de ferro lá de longe que levavam o comboio a outras terras. O comboio que silvava na noite quando o vento soprava lá daqueles lados. A avó sabia como era o vento quando se ouvia o comboio!
E as reguadas doíam a quem as apanhava e aos outros que assistiam à dor sem poder fazer nada.
À hora do lanche, corria a casa. Havia sempre alguém que abria o frasco do doce escuro e espalhava cuidadosamente os frutos e a calda em cima da fatia generosa de pão centeio.
Sentada no balcão de granito, saboreava o acre e doce da ginja a misturar-se lentamente com o sabor do pão, sentindo que tudo valia a pena e o meu pequeno mundo era perfeito.
Depois, regressava à escola para outra maratona mas tudo parecia mais fácil.
Ontem, foi o dia de fazer ginjada! Que bem soube este regresso à infância!
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