quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Razões evidentes




Encontrei na estante um dos meus livros infantis. Apeteceu-me folheá-lo e sentir a infância a espreitar.
O texto é difícil mas como criança nunca me apercebi. Nunca deixei de ler por não perceber este ou aquele vocábulo. Foram entrando, um aqui outro ali, e enriquecendo o meu vocabulário. Num tempo de reutilização e de poupança, li este livros e muitos outros vezes sem conta e havia sempre algo novo a descobrir: um pormenor, um cenário imaginado que sofria algumas alterações, uma caracterização mais fina e apurada de cada uma das personagens.
Havia ainda o tempo de contar a história lida a avós com uma paciência infinita.
Por isso, a minha geração dá poucos erros e tem um vocabulário rico. Nunca fomos tratados como crianças débeis de intelecto, sem desafios um pouco acima do evidente para a idade.
Era aquele livro, com tanta palavra difícil e não havia outro. Se não percebia continuava a ler até se fazer luz.
Pedagogias erradas? Fora de tempo? Duvido!

1st graders' show



Escola de Taiwan - 1º ano de escolaridade. Para começar o dia as crianças cantam "Mom, I love you very much."
Atente-se nos pormenores: Sincronismo e atenção para fazer bem feito. É um deles que comanda a coreografia e não o professor. Provavelmente será um aluno diferente todos os dias o que desenvolverá o sentido da responsabilidade e a vontade de ser um bom exemplo. Espírito de equipa numa tarefa que se repete todos os dias para iniciar os tempos de aprendizagem. Alegria em estar ali e começar um dia com música.
Não sou adepta fanática destes povos. Acredito é que poderemos observar, reconhecer o que está bem feito e depois adaptar à nossa realidade. Não fechar os olhos ao diferente e concluir "é assim porque sim e porque sempre foi assim"!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Para uma grande amiga


Provavelmente no meio da angústia não vais ter tempo para ler o blog e comentá-lo como só tu sabes fazer.
Nestes dias longos, estás no meu coração de uma forma especial. Sei que buscas o sentido de tudo isto nas longas horas que passas evadida nos teus pensamentos. Consigo até imaginar-te olhando a paisagem a passar e procurando a luz. Tenho a certeza que vais descobrir o caminho porque consegues sempre e o mundo vive de pessoas como tu.
Melhores tempos virão! Estamos contigo.

Apetecia-me estar aqui!





Imensidão da Serra da Estrela ouvindo o silêncio dos grandes espaços.
Lugares que marcam e deixam saudades. Tempo de voltar para recarregar as baterias e colocar as ideias no sítio.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Este blog está...

Triste! Muito Triste!

sábado, 26 de setembro de 2009

Hoje não foi assim...



Paciência! Amanhã é um novo dia!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Começar o fim de semana

Os Azeitonas - Nos desenhos animados (nunca acaba mal) by mochotranquilo

Ambientes antigos


Esta foto ilustra uma visita do bispo à aldeia nos longínquos anos 50. A menina pequena é a minha irmã mais velha e a senhora ao lado é a minha mãe que veio em auxilio da timidez da filha, paralisada com a bandeja das flores.
Atrás vê-se a casa coberta de hera dos meus avós onde passei a minha infância e onde fui tão feliz.
Eu ainda não tinha nascido por esta altura.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Dia de jantar fora



Ontem o jantar da semana foi acompanhado. O Miguel está a passar uma semana em casa (nem acredito!!).
Como já era muito tarde ( os treinos longos ao fim da tarde provocam isto) optámos pelo shopping onde posso sempre comer uma picanha grelhada que adoro.
É pena o outdoor do restaurante já estar com este erro há tanto tempo e ainda não ter sido mudado. Faça-se isso a bem da Língua Portuguesa.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Coisas cá de casa...


Objectos que nos rodeiam com as suas histórias. Assim se decora uma casa. Gosto particularmente destes porque os criei. E nada mais gratificante do que pensar algo e concretizá-lo.


As cadeiras que pertenceram à avó. Sabia que tinha de lhes dar outro ar e imaginei um tecido que um dia me acenou de uma montra. Caríssimo, uma loucura! Mas não o deixei lá. Hoje faz parte da minha vida. Ainda gosto dele depois de quase 20 anos.



O louceiro também vindo de casa da avó. Imaginei umas cortinas para esconder a loiça e que ao mesmo tempo lhe dessem vida. Continua na sala a acompanhar as conversas.



A cadeira que um dia resgatei de uma venda de objectos em segunda mão e que mandei arranjar com um tecido florido que lhe deu uma segunda vida.



A almofada que imaginei de uns restos de tecido e que tão bem fica no sofá.

E assim se vai fazendo a decoração cá por casa. Ao ritmo dos acessos de criatividade (que tão espaçados andam ultimamente!) e do tempo disponível para os concretizar!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Alegria no coração

Hoje o nosso antigo aluno Samuel foi entrevistado na SIC. Uns quantos funcionários e professores em frente ao televisor a beber as palavras dele. Em todos eles a alegria do dever cumprido.
O Samuel tem trissomia 21 e foi aluno da Escola. Era uma criança muito alegre e bem disposta que tocava quem dele se aproximava. Fez grandes amizades com professores e funcionários que lidavam mais de perto com ele. Depois partiu para outros voos.
Hoje veio à televisão mostrar que está de bem com a vida e continua a tocar com a varinha mágica da alegria todos os que com ele convivem. É um homem feliz. Tem um emprego e sente-se um homem útil.
Gostei essencialmente de uma pergunta que a jornalista colocou a uma colega de trabalho:
- O que é que o Samuel trouxe às vossas vidas?
E todos tiveram algo a referir, desde a alegria contagiante até ao perfeccionismo com que trabalha. Não há melhor integração que esta. Quando se deixa de ver a deficiência e se começa a ver o ser humano para lá de tudo.

sábado, 19 de setembro de 2009

Dias cheios de sol e de lua



Meio dia - Esplanada do shopping com vento e boa companhia.




Noite - Praça 5 de Outubro com o Castelo como pano de fundo e o "Baile dos candeeeiros" a iluminar a praça e as almas de quem assistia.

On a saturday

Lá chegaremos!


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Mistérios!






As duas primeiras fotos são da fonte principal da minha aldeia em plena Serra. Muito contestada pela frase inscrita em azulejo " água e mulher só boa se quer". Imaginemos que o adjectivo significa bondosa e querida e passemos adiante.
As outra duas fotos representam uma fonte exactamente igual, com os mesmos dizeres mas em frente a uma praia de sonho em Saua Saua - Moçambique!
Quem foi o autor destas duas obras? Qual a que foi construída primeiro?
Se foi a da Serra, que sentimentos levaram à construção de uma recordação num local tão longínquo? Tempos de guerra ou tempos de paz?
Quem se sentou a olhar o Índico por entre os espaços de uma fonte serrana?
Se foi a de Moçambique, que fazia o obreiro vindo de África numa aldeia gélida e ventosa?
Histórias de vida que me fascinam!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ei-los que chegam!


Os novos professores vêm de diferentes partes do país e chegam à Escola para enfrentar um novo ano. Uns ficam por cá, outros regressam todos os dias à sua casa a dezenas de quilómetros. Quantos deles tocarão a minha vida e passarão a fazer parte dos amigos que recordo com saudade?
E porquê uns e não outros? Por que razão há afinidades que se prolongam com uns e silêncios de não ter que dizer com outros? O que faz a diferença? O sorriso, o olhar,o modo de ver a vida, o sitio de onde vêm?
É sempre um livro em branco este começo de ano. Um ano novinho em folha para preencher com o melhor de nós próprios.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Os que valem realmente a pena!





As minhas obras primas! Os meus portos de abrigo!

Novos olhares



Sobre as pessoas, as coisas e o mundo! Admirar, sonhar e reinventar! Assim se cresce e amadurece! Assim nos vamos modificando, moldando e envelhecendo com sabedoria!
Por vezes doloroso mas necessário!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Devia ser assim por cá mas não é!


Aqui pode ler-se um discurso que foca a responsabilidade individual no progresso de um país. Foi com estas palavras de culto do trabalho, da responsabilidade e do esforço que as crianças americanas começaram mais um ano escolar.
E as nossas? Com a ideia fixa dos professores como alvo a abater, da escola como sinónimo de recreio que durará eternamente, do grande favor que fazem à nação em sair de casa logo pela manhã.
A Educação deixou de ser o modo de crescer inteiramente, a vontade de ser mais alto e mais longe, a liberdade de inventar um novo mundo.
É muito triste!

sábado, 12 de setembro de 2009

Amor à Terra





Lançamento da 1ª pedra dos Centros Educativos de Meia Via e Riachos. Discursos formais e menos formais e fala por fim o Presidente da Câmara. É um homem que ama a sua terra e as suas gentes. Dá gosto ouvi-lo falar das suas recordações e do cordão umbilical emocional que o une a todos os que ali pertencem. Conhece bem as suas gentes, percebe o que são, sente o que calam e consegue chegar às suas almas. Sente-se o amor que tem às suas gentes e à sua terra.
Muito para além dos seus partidos políticos, todos os autarcas deviam ser assim!

Viver na "Província"



Sábado de manhã é tempo de passar pela banca dos legumes vindos directamente da horta e com menos aditivos que os mais bonitinhos das grandes superfícies.

Regresso às aulas com a turma da Mónica!

Recebido por email! Esperemos que sejam só medidas temporárias!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Peregrinação!


Os tios Tadeu viviam em Lisboa e eram comerciantes de sucesso. Eram solteiros e ricos o que lhes conferia uma aura de magia nos longínquos anos 50. Quando de férias na aldeia, os sobrinhos e sobrinhas visitavam-nos com um cerimonial imune ao tempo e ao progresso. Saíam os melhores serviços de porcelana onde era servido o chá e os bolinhos às senhoras sentadas em segunda fila enquanto os homens jogavam cartas e trocavam ideias até os tios precisarem de descanso.
De vez em quando os tios visitavam as propriedades na serra e faziam romaria à capela perdida nos montes. Os sobrinhos solícitos e mais habituados às chuvas e ventanias acompanhavam os tios nesses passeios. E os tios seguiam protegidos das enxurradas pelos cascos do burro, do frio cortante pelo cobertor e do medo dos grandes horizontes desconhecidos pelos passos dos sobrinhos que conheciam de cor cada pedra do chão que pisavam.
Outros tempos! Outras realidades?

E as férias? Como foram?


O que fizeram? O que aprenderam?
A R. tem um novo irmão! Vai querer contar, no tempo de se abrir comigo, como foi a experiência e como a sentiu. Vou ler nos seus olhos verdes todas as emoções e terei tempo ainda para acalmar as fúrias quando chegarem.
O B. vai entrar calado, com a sua capa de serenidade que esconde o vulcão explosivo que foi a sua vida e vai perguntar, vai querer saber e os seus olhos abrir-se-ão de espanto e vai ficar para o fim para dizer-me: Gostei muito desta aula.
O R. olhará para mim pedindo atenção e só então contará os seus dias entre vidas que acabam e que, apesar de todo o amor que lhe dedicam, não conseguem acompanhar o seu crescer.
O F. continuará a perguntar as horas, a interrogar-se vezes sem conta perdido num mundo que é só seu.
O T. esconderá os seus gestos de ansiedade e todos os seus medos, amarguras e imperfeições até que a onda seja tão grande que nenhum dique a detenha.
O grupo das meninas encherá o recreio de risos e gritos de alegria.
Os meus meninos vão voltar à Escola transportando com eles tudo o que são. Abertos os cadernos, será tempo de aprender, semear ideias, construir pessoas, modelar almas em desassossego!
Outro ano de desafios! Ao trabalho!

Aprender com as crianças!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Não me apetece!



Tenho de acabar a ficha de auto-avaliação! Não consigo decidir-me a iniciar o trabalho!! Chato,chato! Tarefa muito facilitada por um grupo de colegas que resolveu deitar mãos à obra e redigir o documento. Agora é só dar os retoques finais.
É tão, mas tão ilusória esta avaliação! Será que é por estar escrito que realmente aconteceu? E será que é por eu ter dito que fez a diferença nos meus alunos que fez? E as conversas de alento, os olhos nos olhos, os gestos de encorajamento, onde é que os escrevo? Será que posso escrevê-los?
A preocupação diária com a sua fome(sim, fome), as suas necessidades, o seu bem estar mental tantas vezes ameaçado, o amainar das suas fúrias, a mão no ombro que acalma a solidão em que parágrafo cabem?
O conhecimento profundo da vida das nossas escolas e de quem vive nelas, terminaria hoje mesmo com esta avaliação. Infelizmente tudo continua de fachada, de brincar a um povo que ainda não existe e esquece-se, mais uma vez por desconhecimento, tudo aquilo que deveria ser feito e construído para uma educação de qualidade. Necessita-se bom senso urgentemente!
Acredito que melhores tempos virão!

Reclamar por nada














"Ele começa o dia com um sorriso! E você?"


Parar para pensar em tudo o que de bom temos no dia a dia. Poder correr, cheirar, abraçar, amar, ver, de uma forma automática e gratuita. Parece tudo tão fácil!!
Passar dias a reclamar por nadas que não fazem a diferença. Acordar mal disposta porque sim!
Tenho que escolher as lutas que quero travar e as causas pelas quais vale a pena lutar. Tenho saúde, família e amigos! Tudo o resto é paisagem!

domingo, 6 de setembro de 2009

Plano Nacional de Leitura


Encontrei esta foto de férias remotas e achei graça. Sempre havia livros espalhados perto deles. Desde muito pequenos, pegavam, folheavam, viam as ilustrações e entraram na vida deles. Para a praia levavam-se livros pequeninos que os pais liam e depois eles folheavam.
Mais velhos, eram eles que escolhiam o que queriam ler: jornais, livros técnicos, livros de aventuras. Cada um deles desenvolveu um gosto diferente mas os dois são bons leitores. O André mais clássico, de grandes obras e grandes narrativas. O Miguel mais virado para temas reais e de vanguarda: economia, gestão, saúde, biografias.
O PNL não é mais do que isto: levar os livros aos alunos para que eles descubram o género que os fascina, o livro que lhes fala, que os leve a procurar outros iguais ou parecidos para que o fascínio se repita e o encantamento não se quebre.