quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A crise


Confesso que me anda a perturbar os dias e as noites. E quando se ouve o que têm para dizer as pessoas responsáveis por organismos que apoiam os mais carenciados fica-se arrepiado.
Não falo daqueles que sempre viveram de subsídios sem pensar noutras alternativas e que sabem, como ninguém, sugar e aproveitar todos os recursos quer estejam ou não à sua disposição e para quem só há direitos. Falo daqueles seres íntegros que sempre se habituaram a viver com pouco e que consideram que ninguém tem que lhes dar ou oferecer nada. Pessoas que passam por nós na rua, limpos e aprumados mas em cujos frigoríficos ou despensas não há nada para comer. E eles aceitam isso porque se culpam de não ter mais e consideram uma vergonha e um fracasso o que lhes está a acontecer.
E estas situações só são detectadas depois de muito tempo e de algum espírito de observação.
Preocupa-me que muitas crianças estejam actualmente nos bancos das nossas escolas, ao nosso lado, e não consigam aprender porque a fome lhes tolda o raciocínio. E lá em casa foram avisadas de que não devem dizer porque ninguém tem nada que saber!
Temos todos!

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