Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e
abandonem a protecção do ninho. Eu mesmo sempre os empurrei para fora.Sei
que é inevitável que eles voem em todas as direcções como andorinhas
adoidadas.
Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho abandonado no alto da palmeira…
Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo…
Existem
muitos jeitos de voar. Até mesmo o voo dos filhos ocorre por etapas. O
desmame, os primeiros passos, o primeiro dia na escola, a primeira
dormida fora de casa, a primeira viagem…
Desde o nascimento de
nossos filhos temos a oportunidade de aprender sobre esse estranho
movimento de ir e vir, segurar e soltar, acolher e libertar. Nem sempre
percebemos que esses momentos tão singelos são pequenos ensinamentos
sobre o exercício da liberdade.
Mas chega um momento em que a
realidade bate à porta e escancara novas verdades difíceis de encarar. É
o grito da independência, a força da vida em movimento, o poder do
tempo que tudo transforma.
É quando nos damos conta de que nossos
filhos cresceram e apesar de insistirmos em ocupar o lugar de destaque,
eles sentem urgência de conquistar o mundo longe de nós.
É chegado
então o tempo de recolher nossas asas. Aprender a abraçar à distância,
comemorar vitórias das quais não participamos diretamente, apoiar
decisões que caminham para longe. Isso é amor.
Rubem Alves
Um comentário:
verdade!!!!!!!!!!
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