quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O que faço é o que gosto


Gosto de acreditar que as minhas conversas com os alunos não são esquecidas logo de seguida. Conversas boas de incentivo, de reforço positivo onde a família já criou o lastro do que há-de vir a ser; conversas ao coração, que consigam abrir um pouco as brechas numa imunidade à escola que há-de ser motivo de arrependimento daqui a uns tempos; conversas mais leves quando o fulgor da adolescência não permitiu ainda o controle necessário para um bom comportamento e é necessário lembrar-lhes que entre o pensar e o executar há um sem número de conexões nervosas que nos permitem ser donos das nossas acções; conversas de abrir olhos e evidenciar caminhos menos bons quando já repetidas sem surtir efeito; conversas de amizade com os meus antigos alunos que agora chegam como encarregados de educação e me tratam por "ó Professora"; conversas de motivação para um futuro que nem eles nem eu sabemos o que vai ser mas não faz mal sonharmos em conjunto; conversas e risos quando eles me dizem "eu não gosto de Matemática  mas gosto de si" e eu sei que através deste gostar eles vão começar a gostar de Matemática; conversas de esperança; conversas de apoio, mão no ombro e "vem falar comigo sempre que necessitares"; conversas de "e a tua mãe está melhor?" e ver os olhos húmidos de quem sofre na pele a realidade de uma família desfeita; conversas que fazem os pais chorarem de impotência e eu ali a dizer-lhes que o tempo tudo vai compor e eles serão homens e mulheres felizes e com sucesso; conversas de relativização porque a vida me ensinou que o que é hoje não o é amanhã e o dia de amanhã virá sempre a tempo de operar a mudança; conversas de mostrar caminhos, apontar veredas e atalhos e deixá-los escolher o que lhes parece mais promissor.
Conversas de paixão pelo que faço!

Um comentário:

Anônimo disse...

És uma boa professora.....