É mesmo assim; perdemos a vontade, olhamos para a vida de um modo atonal, sem apetite. (...)
Na verdade não é a sede que nos faz morrer para a vida: a sede ensina-nos a arte do buscar, de aprender, de colaborar, a paixão de servir. Quando renunciamos à sede é que começamos a morrer. Quando desistimos de desejar, de achar sabor nos encontros, nas conversas partilhadas, nas trocas, na saída de nós mesmos, nos projectos, no trabalho, na própria oração. Quando diminui a nossa curiosidade pelo outro, a nossa abertura ao inédito, e tudo nos soa a um requentado déjá-vu que advertimos como um peso inútil, incongruente e absurdo que nos esmaga.
In ELOGIO DA SEDE - José Tolentino Mendonça
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