Mais do que compras, festa e barulho, para mim esta época é feita de recordações! Mal dos que as não têm. Lembra-me o meu pai, lembra-me a minha mãe, os pormenores dos dias, a família grande, as anedotas contadas até fartar, o sentimento de pertença, a neve que quase sempre aparecia, o aconchego da lareira para a qual, nesse dia, o meu pai escolhia o maior tronco. Tardes inteirinhas à mesa, jogando, comendo e rindo, enquanto a mãe acabava a ceia. As filhoses que tinham um sabor especial e agora já não têm! O meu pai sempre à cabeceira da mesa, calmo e duro como uma viga. À sombra dele fomos crescemos todos. Como eu gostava de ser como tu!
A minha mãe sempre andando de um lado para o outro, sorriso de criança, velando para que nada faltasse. Mãe cuidadora não só para os seus mas para todos os que dela necessitavam. Nesses dias, dividia-se por vários lares para fazer doces com a tia mais velha ou para levar um prato de filhoses aos que nada tinham. Meus avós sempre presentes. Sem eles não havia consoada. Querida avó, luz dos meus olhos durante tantos anos! Ainda és!
Os tios que traziam com eles o brilho e as doçarias da cidade grande. O bolo rei magnífico que nunca tornei a encontrar igual, as rabanadas de chá, os chocolates em forma de decoração natalícia. As anedotas e a boa disposição do tio. Os presentes que eles trocavam entre eles acompanhados por sonoros beijos de agradecimento. Hoje, ao recordar, é super engraçado!
Tudo acabou. É necessário inventar outros Natais. Outras tradições que fiquem, outras luzes, outros brilhos mais reluzentes porque tudo nestes tempos tem de ser intenso.
Agora, já ao leme, percorro a vida acompanhada pela saudade.