segunda-feira, 29 de junho de 2020

Rubrica: Estórias de outros tempos


Por vezes vêm-me à memória coisas que contava a avó sobre o primeiro carro que foi à aldeia, quando a irmã dela viu a Rainha D. Amélia no passeio público e outras histórias engraçadas. Relembro que a minha avó nasceu em 1894! 
Havia na aldeia um senhor chamado Sr. Alexandre, rico, com toda a certeza,  que tinha regressado das colónias e tinha trazido com eles dois empregados de raça negra. Penso que estes dois empregados, um rapaz e uma rapariga, deveriam ser um pouco mais velhos que a minha avó! Eu nunca os conheci!
E como eram conhecidos na aldeia? Exatamente assim: a preta do Senhor Alexandre e o preto do Senhor Alexandre!!Nunca soube o nome deles porque de certeza ninguém o sabia! Nem rasto destes dois empregados trazidos para  uma terra fria e branca a maior parte do ano e tão longe das suas savanas e do seu calor tropical. 
Se havia curiosidade em relação à diferença da cor da pele? Penso que sim! Eram os únicos em muitos Kms em redor.
Vem da observação de novos hábitos e novos métodos desses empregados a mania que a minha avó tinha de me sentar ao domingo em frente dela,  muito quietinha  e de  me fazer imensas tranças neste cabelo super liso que tenho de modo a ficar tipo cabeça imitação de corona vírus!
Vidas tristes, estórias que se repetem mas agora com outros nomes.

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