domingo, 22 de novembro de 2020

Pensamentos num dia de sol


Quando estou triste, arrumo os pensamentos para um canto escurinho do meu cérebro e assim sobrevivo. Limito-me a fazer tarefas, umas atrás de outras, como se o movimento do corpo mostrasse o caminho que quero trilhar.

Depois, por qualquer razão desconhecida, os pensamentos guardados e escondidos assolam-me e permanecem em mim. A vontade de me tornar melhor esmorece, a criatividade desaparece, a alegria interior dissipa-se, a leveza do dia pesa mais e fica apenas um corpo a olhar o sol que brilha.

Pouco a pouco, vou encontrando novas ideias, nem sempre as melhores, novas tarefas, novos sonhos e a vida segue o seu ritmo sabendo, na parte mais importante do meu ser, que este dia nunca mais voltará e não cumpri a ideia de o tornar o melhor possível. 

Estou farta disto tudo!

domingo, 15 de novembro de 2020

Vamos lá confinar



 Apesar de o concelho em que vivo não estar em confinamento nada melhor que ficar em casa porque, mais dia menos dia, tudo isto se torna nacional e custará menos a transição. 

Ontem ainda saí da parte da manhã para realizar tarefas com tempo marcado e  encher a despensa e frigorífico. 

De tarde fui para a cozinha (como sempre acontece quando o stress me atinge) e preparei o doce de "abóbora porqueira". Explico: O doce de abóbora que tradicionalmente se serve com requeijão como sobremesa típica na Serra da estrela, tem mesmo de ser  elaborado com abóbora porqueira. Chama-se assim porque é esbranquiçada, muito grande e alongada e serve essencialmente para alimentar porcos nos longos dias de Inverno. Minha mãe guardava uma das maiores para fazer o doce a que juntava uma vagem de baunilha e generosas quantidades de canela. A abóbora amarela com que confeccionam os doces de Natal não existe na Serra. Só a conheci aos 10 anos quando viemos viver para Coimbra.

O doce feito com abóbora amarela não tem o mesmo sabor nem casa bem com o requeijão. Quem não sabe... come e gosta! Eu não gosto mesmo nada!

Ao final da tarde, quando o açúcar já tinha derretido e a abóbora aos quadradinhos boiava na panela, coloquei a lume brando. Foi ganhando ponto até chegar ao ponto de pérola. Estava pronto!  Com a varinha mágica consegui um creme espesso, com cor dourada e muito saboroso.

Já posso comprar requeijões (um dos meus manjares preferidos) porque o sabor destes dois ingredientes me transportam à casa dos avós e à casa dos pais em tardes de Inverno quando os requeijões atingiam o seu melhor sabor. 

Saudades! No fundo, não somos mais que sonâmbulos à procura da nossa infância!


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Foto espectacular

 


Tenho-a guardada no meu ambiente de trabalho e de vez em quando olho para ela!

Com o passar dos anos, vamos pensando mais em quem queremos ser daqui a uns anos se a saúde nos permitir. Desejamos não perder os nossos pontos fortes, continuar curiosos e com vontade de viver.

Esta foto foi tirada num passeio, já no tempo do confinamento,  dos utentes do lar de idosos onde a minha mãe está. Passeios pela natureza, sem ninguém exterior, o que lhes permitia respirar ar puro sem contaminações.

Traduz tanta energia, tanta vontade de ser, tanta coragem e tanta leveza que me emociona.

Mais tarde, conversei com esta senhora. Cheia de vitalidade, alegre, com vontade de fazer aquilo de que gosta sem interferências alheias, muito lúcida quanto à ocupação diária do corpo e da mente. Gosta de estar ocupada porque lhe mantém a sanidade mental e a alegria. 

Depois desta conversa, saí a pensar que é assim que eu quero ser. Deixar as amarras da vida e desfrutar os últimos anos em liberdade mental e emocional. 

Grande exemplo!

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Dia especial para sempre

 


Nasceste há 33 anos! Neste dia! Tão imatura como mãe, recebi a benção da tua vida como quem recebe o melhor presente de Deus! E assim foi e é!

Meu porto de abrigo, meu amigo, meu  pequenino para sempre! Só tu me acalmas e me fazes ver a vida de outro modo, muito mais calmo e racional, como só tu sabes fazer.

Ouvir a tua voz é acalmar o meu coração e libertar a alegria. 

Tanto orgulho no ser lindo que és! 

PARABÉNS meu rochedo!


domingo, 1 de novembro de 2020

Coisas da Vida

 


Há tanto tempo que não vinha aqui! Não me tem apetecido! Ando a tentar colocar um pouco de ordem na minha vida nestes tempos difíceis.

Voltei à Escola, e vivo ansiosa com medo de ficar doente. Parece tudo igual mas não é! Preocupo-me muito mais com o dia de amanhã, se ficarei doente, se continuarei bem, se algum dos que amo ficará doente e por aí fora. 

A vida social resume-se ao telefone. Vamos falando, rindo, imaginando que é mesmo assim. No entanto, se vejo um filme do antes, estranho as caras destapadas e a proximidade entre as pessoas. Não é um bom sinal. O meu cérebro programou a distância como normal. Faltam-me abraços, beijos, proximidade. 

Inquieta-me não poder ver os mais velhos porque o tempo deles é finito e quero partilhar ainda momentos com eles. Em algumas tardes de sol, como a de hoje, sinto que entrei num filme de ficção em que só se pode estar em locais afastados, longe de tudo, no meio da natureza, como se tivéssemos fugido da cidade para não morrer.

Deixei de fazer planos, de antecipar momentos, de imaginar recompensas. Tenho a vida suspensa. Até quando, não sei!