domingo, 15 de novembro de 2020

Vamos lá confinar



 Apesar de o concelho em que vivo não estar em confinamento nada melhor que ficar em casa porque, mais dia menos dia, tudo isto se torna nacional e custará menos a transição. 

Ontem ainda saí da parte da manhã para realizar tarefas com tempo marcado e  encher a despensa e frigorífico. 

De tarde fui para a cozinha (como sempre acontece quando o stress me atinge) e preparei o doce de "abóbora porqueira". Explico: O doce de abóbora que tradicionalmente se serve com requeijão como sobremesa típica na Serra da estrela, tem mesmo de ser  elaborado com abóbora porqueira. Chama-se assim porque é esbranquiçada, muito grande e alongada e serve essencialmente para alimentar porcos nos longos dias de Inverno. Minha mãe guardava uma das maiores para fazer o doce a que juntava uma vagem de baunilha e generosas quantidades de canela. A abóbora amarela com que confeccionam os doces de Natal não existe na Serra. Só a conheci aos 10 anos quando viemos viver para Coimbra.

O doce feito com abóbora amarela não tem o mesmo sabor nem casa bem com o requeijão. Quem não sabe... come e gosta! Eu não gosto mesmo nada!

Ao final da tarde, quando o açúcar já tinha derretido e a abóbora aos quadradinhos boiava na panela, coloquei a lume brando. Foi ganhando ponto até chegar ao ponto de pérola. Estava pronto!  Com a varinha mágica consegui um creme espesso, com cor dourada e muito saboroso.

Já posso comprar requeijões (um dos meus manjares preferidos) porque o sabor destes dois ingredientes me transportam à casa dos avós e à casa dos pais em tardes de Inverno quando os requeijões atingiam o seu melhor sabor. 

Saudades! No fundo, não somos mais que sonâmbulos à procura da nossa infância!


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