segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Saudades do pai


 Acordei a pensar nele e na falta que faz aos meus dias. Ter-te por perto, fazia-me mais segura e empoderada. Sabia que nutrias por mim, além de um grande amor, uma admiração pelo que sou (ou fui!). 

O teu sentido de humor sobre as minhas características, eram abraços emocionais e o teu sorriso e o modo como me tratavas eram o sol da minha vida. Por vezes chamavas-me " a menina Eulália" e contigo eu sempre me senti menina. 

Gostavas que eu seguisse as tradições, gostavas de me ver fazer filhoses (como dizemos) ou temperar um cabrito que tu dizias eu fazer como ninguém. Há lá coisa melhor que ter o apreço de um pai?

Guardo as tuas cartas escritas com a tua letra tão característica como se fossem relíquias e, de vez em quando, vou revisitar esse passado que não volta. 

Gostavas da minha casa de praia e vivemos lá muitos bons momentos! 

Tinhas um humor tão teu e que é também tão meu que ainda agora me emociona. O meu está a perder-se por falta de parceiro na picardia.

Fazes-me falta para conversar contigo sobre a vida, sobre o que vale a pena, sobre as imperfeições que eu queria não existirem. Tu, com a tua inteligência e sabedoria, dir-me-ias que tudo faz parte da vida, que a vida não é um mar de rosas e temos sempre de seguir em frente. Embora sofresses, sabias (tal como eu) que tudo passará.

Invejo ainda hoje a tua inteligência e tenho pena, que por fraca visibilidade dos teus pais,  não tenhas sido um grande engenheiro ou um grande gestor!  

Tenho saudades da tua cumplicidade comigo e dos teus desabafos. 

Guardo comigo um dia em que quebraste a tua atitude mais séria,  quando já doente, me deitei ao teu lado na cama  e me aconcheguei a ti. Senti a tua ternura pelo gesto e, mesmo sendo pouco tempo, é das recordações mais doces que tenho. Tiraste a capa do querer parecer duro e ficámos só dois adultos que se amavam no mais fundo dos nossos corações. 

Saudades de ti, meu pai!

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