domingo, 2 de maio de 2010

A MÃE


No ano de 87 perdi o sossego para sempre e em 90, como considerei aumentar ainda mais os níveis de stress, tive outro filho. A partir desta data, nunca mais nada foi igual!
Os espectáculos das crianças do jardim-escola tornaram-se acontecimentos anuais em que um nó de garganta anunciava a subida dos rebentos ao palco. Qualquer prémio recebido era considerado uma medalha olímpica e festejado com alegria no coração. As minhas vitórias passaram a ser as deles e as minhas deixaram de me importar tanto até deixarem de importar de todo. Os sucessos deles fazem-me feliz e são um pouco meus. Os problemas deles amarguram-me o coração com uma força irracional. Uma sirene de ambulância põe-me a alma em sobressalto e tenho de racionalizar a ideia de que não pode ser nenhum deles a ir lá dentro. O mesmo quando não estou com eles e vejo um carro acidentado na estrada. É para eles o meu último pensamento antes de adormecer. Os meus dias sem eles são interregnos que aceito com dificuldade e a minha vida ideal seria sempre com eles, com as suas graças e com os seus sorrisos.
Os cheiros deles acalmam-me e os beijos deles adormecem-me. Serão meus até ao fim dos tempos e eu amá-los-ei para sempre e serão sempre os meus filhos queridos.

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