A foto não lembra doença! É só cara metade a apanhar sol na nossa praia deserta como ele adora!
Sempre afirmei que a maior perda que nos poderia trazer a crise seria o fim do Serviço Nacional de saúde tal como o conhecemos!
Ontem, tive um dia de hospitais em exames e mais exames com cara metade. Como passei muito tempo nas salas de espera, primeiro num hospital público e depois num hospital privado, tive tempo para reflectir sobre a importância de ter confiança nos médicos que nos atendem, na certeza de que estamos nas melhores mãos quando estamos doentes. Nunca gostei de hospitais privados! Talvez tenha sido influenciada pelas ideias da minha mãe quando falava sobre as então "casas de saúde" onde se tudo corresse bem seriam óptimas mas, quando pudesse correr mal, o melhor era não ter tanta mordomia e ter a certeza que, mesmo nas camas menos simpáticas dos hospitais públicos, haveria sempre médicos e máquinas mais competentes para nos salvarem a vida.
Ao longo do tempo, asssiti a muitas passagens dos meus pais pelo hospital de Coimbra. Sempre foram muito bem tratados. O meu pai entrava mal e saía bem disposto depois de uns dias de estabilização. Lidei com muitos profissionais de saúde para quem o doente tinha um nome e uma personalidade. Rimos juntos em algumas noites que passei pelo hospital pediátrrico quando filho mais velho ficava internado com asma. Aprendi a respeitar a grandeza e talvez alguma dureza com que viam a vida, a morte e os sentimentos.
Tenho um profundo respeito por estes profissionais que todos os dias lidam com o que de mais frágil tem o ser humano, cada vez com menos condições para exercerem a sua profissão.
Ontem, chegámos ao hospital público às sete da manhã. Salas cheias de velhos debilitados tristes e solitários. A senhora que os atendia tratava-os pelo nome próprio e eles lá iam rindo da doença, da falta de equilibrio e de destreza que os anos lhes iam roubando. Entravam sisudos e saíam mais alegres na sua solidão e com um até breve.
No hospital privado nada faz lembrar doença. As senhoras da recepção têm fatos azuis a condizer com o lenço do pescoço e cheiram bem. Retira-se a senha que dá direito a ser atendido de acordo com o plim que cai no visor do monitor. Atenção redobrada para que não passe o nosso número e fiquemos perdidos porque ali ninguém conhece ninguém e somos simplesmente uma letra seguida do número que o monitor nos indica. Muitas máquinas novas, muita gente e pouca humanidade. O que a máquina dá será o que o doente terá sem uma observação carinhosa, um gesto meigo, uma mão no ombro.
Olhando para outros países, como por exemplo os Estados Unidos, onde a recuperação da saúde tem a ver com a nossa capacidade financeira, tenho muito medo que, um dia, no nosso país, tal venha acontecer.
Saber que se ficar doente e entrar num Hospital Público terei acesso a tudo o que de melhor existe e a médicos dos mais competentes do mundo é um luxo de que quero continuar a usufruir.
Figas!
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