sábado, 5 de setembro de 2015

Emoção


Anoitece! Foi sempre uma altura dificil para mim. É o tempo do recolher e quando não tenho "ninho" por perto sinto uma angústia grande de perda e de solidão. Em anos passados gerou muita incompreensão. Agora deixam espraiar esta minha angústia e já não ligam!. 

Hoje, deveria estar noutro local. O cansaço venceu a vontade. 
Por esta altura, a banda filarmónica já subiu a rua a tocar a melodia que sei de cor. O ano passado estávamos todos juntos lá e filho mais novo, feliz, correu atrás da banda como em tantos anos passados me apeteceu fazer. Nunca o fiz porque a minha mãe não gostava destas manifestações de júbilo por parte de raparigas que se queriam recatadas!!! (Outros tempos, outras vontades).
Hoje, ela está lá mas a música não lhe dirá nada e ouvirá ao longe apenas como mais um ruído incómodo no mundo particular dela. 
Por esta hora, as iluminações da festa estão acesas e a minha aldeia ficou linda. No adro,  encontram-se anualmente os amigos, os que se conhecem de sempre e sabem tudo sobre nós (ou quase tudo).
Por esta hora, na igreja fazem-se os últimos preparativos para a procissão. As imagens como novas, a Senhora do Socorro com novo vestido, novas flores, tudo fruto de promessas de quem se afligiu durante o último ano.
Também eu lhe pedi este ano muita coisa. Também eu pedi socorro em horas de aflição. Também eu lá estarei logo que possa na próxima festa para lhe prestar homenagem em cada domingo de festa em que se canta um Adeus lento e sincero de gente que parte para mais um ano lá longe, muito longe. É muito comovente.
Tudo isto me faz falta. São as minhas gentes, o meu chão! Posso estar longe mas o meu coração estará sempre aqui!
A mãe está lá mas não em casa. Uma tristeza vê-la assim!
Outros dias de festa virão! Mais de festa, acredito! É esta esperança que me faz desejar que o tempo passe e me faz continuar o caminho.
Uma boa festa para todos.

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