segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ecos emocionais de um fim de semana


Porto. Chegar 6ª à tarde com sol e calor! Ouvir o mar lá ao longe. Entrar nas lojas pequeninas e encontrar achados bonitos com um atendimento de que já tinha saudades. Comprar pão. Tão bom naquela cidade! 
Sessão com o professor. Sair já noite cerrada com desejos de um feliz Natal e até 2016. Jantar com irmão na casa grande e silenciosa. Mesa comprida de festas e de barulho que está ainda à espera. Acredito que tudo se concretize. Partir a pé pela cidade dentro. Está calor para norte. Conversa boa. Tinha saudades tuas. Como eu me sinto em casa! Como a infância regressa logo ali, entre conversas vãs e silêncios que dizem tudo. Gostamos das mesmas coisas, da arquitectura, da História, das Estórias das cidades. 
Partir sábado, manhã alta para duas horas de viagem rumo à Serra. A mãe esperava-me... a dormir! Os olhos baços não me conheceram à primeira. Esperar pacientemente naquela sala retirada de um filme triste de qualquer realizador italiano. Confrontar-me comigo, com os meus  sonhos, com o tempo, com a vida, com a pressa de viver que se apoderou de mim.
Entrar naquela casa para dormir sozinha pela primeira vez na minha vida. Acender a lareira, Ouvir os risos dos meus filhos quando eram pequenos, imaginar a azáfama na cozinha, olhar a mesa grande vazia e ouvir o som da viola do Zé Carlos a tocar canções de Natal e nós todos a cantar. Felizes porque, naquela altura, éramos felizes sem o saber.  Entrar no quarto que antigamente era o dos pais e deparar com a foto do meu pai, com o seu olhar característico de quem sabia demais da vida. Uma emoção. Meu querido pai.
Retirar a frigideira de ferro e partir morcela para o jantar. Procurar esses cheiros da morcela a fritar no ferro e ... nada. Imaginar a mãe ali atarefada a quem esta técnica saía sempre bem com pedaços estaladiços e saborosos para entrada de lautas refeições. Não consegui comê-la. Ficou no congelador!
Arrefeci! O lume apagou-se e a minha alma pedia coragem para subir as escadas. Fechei a sete chaves parte da casa e deitei-me. 
Acordei com frio. O silêncio continuava. Não havia o crepitar do lume, não havia barulho, não ouvia a minha mãe a falar com os netos. Já não voltei a acender a lareira. Tomei banho na imensidão da casa de banho. desliguei o cilindro, fechei as persianas, fechei a porta e bati à porta que alberga a mãe.  Rosto alterado, ansiedade, palavras sem sentido. Onde andas mãe? Onde te escondeste de mim? Quem és tu? Que gritas e me chamas por outro nome?
Medo! Onde estão as nossas conversas? Onde escondeste o sorriso? Beijas-me as mãos e eu estremeço! 
Volta por favor! Só por algum tempo para eu matar estas saudades que sinto de ti! 
Regressar e olhar para a beleza da estrada que sei de cor. A tristeza tomou conta de mim. 
Entrar no hospital já noite cerrada. Abraçá-las e dizer-lhes que estou com elas e partilho a dor delas. Olhá-lo e pensar que ninguém merece estar assim. 
Voltar com o coração negro depois de uma despedida que me fez verter todas as lágrimas até ali contidas.
Percorrer o escuro da auto estrada e pensar com que força eu iria hoje começar o dia.
Consegui levantar-me, arranjar-me e ir trabalhar. 
A vida é isto! Aproveitar os momentos! Mais nada!


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