quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O que fica de nós quando nos vamos

 


Hoje falou-se no meu pai. No que ele era e como está cada vez mais presente nas nossas vidas e nas nossas mentes. O que eu admirava mesmo nele? Aquilo que eu também sou!

Gostava dos bons momentos da vida. De desfrutar  do que gostava como um bom almoço num restaurante do seu agrado, de tudo o que era novo e que adquiria mesmo que, algumas das vezes, o fizesse com algum sacrifício. Logo que apareceu a televisão a cores ele comprou. Lembro-me das tias velhas que vieram lá a casa ver a novidade e uma delas ter afirmado categórica: parece-me que gostava mais da de preto e branco!!

Quando resolvemos ir viver para Coimbra, minha mãe queria comprar uma casa velha para remodelar. Meu pai passou um fim de semana com ela a ver casas a precisarem de grandes reformas, em sítios pouco simpáticos. Ao terceiro dia declarou: acabou-se. Quero uma casa nova.

Comprou-a e foi uma festa a sua estreia. Estava feliz. E eu com ele. Tão bom ter uma casa novinha a estrear em 1972. Foram bons tempos aqueles!

E foi mesmo o que ficou dele: o gostar de festejar, a alma inquieta perante as novidades, o riso franco quando tudo parecia ir mal, a inteligência superior perante a vida e as situações.

Continuo a conversar muito com ele em pensamento e adivinho o que me diria a alguns dos meus dilemas atuais. Tudo isto, preferencialmente à frente de um belo polvo à lagareiro, seu prato preferido, num dos seus restaurantes preferidos.

Querido Pai!



Nenhum comentário: