quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Os dias de hoje na Escola

 


Tenho pensado e reflectido muito nesta questão. Estarão os alunos diferentes? Serei eu que perdi a paciência para má educação, falta de interesse, arrogância balofa e falta de valores?

No entanto, vejo todos os docentes a falar a mesma linguagem o que me leva a pensar que anda aqui um grande crise, seja lá do que for. 

Os conhecimentos são muito poucos e o raciocínio anda pela hora da morte. Deixo a ressalva que só acompanho os alunos com maiores dificuldades  e há, com toda a certeza, um grande grupo dos alunos interessados e bem educados.

Mesmo assim, o grau de má educação, a petulância,  a falta de interesse, o não saber estar, a falta de regras, a falta de conhecimentos básicos (muitos não sabem ler nem escrever) o não saberem o que andam a fazer dos dias e o que esperam da vida está muito pior. 

Há dias negros com estes alunos a quem quero ajudar, fazer render o tempo em que estou com eles, entusiasmá-los mas depois acabamos por não conseguir. Muitos problemas psiquiátricos pelo meio. Ontem, estive 50 minutos com um aluno a andar à volta da sala a falar (vá lá, sobre Ciências) sem parar. A cada tentativa de o sentar aumentava a velocidade. Lembrei-me de um livro que li há já algum tempo cujo título era - o mais difícil é sentá-los!! E é mesmo!

Nos intervalos, circulam sonâmbulos, agora que lhes retiraram os telemóveis para  conviverem! Penso que já não sabem o que isso é!!

No final disto tudo, penso, com um grande sentimento de alívio, no pouco tempo que me falta para sair da Escola. É triste, nunca pensei chegar a este ponto do caminho mas é a verdade pura. Não quero assistir ao fim do show. Oxalá tenha um final feliz!

Tenho mesmo de acreditar que vão encontrar um caminho no meio deste caos. Daqui a uns anos, volto a escrever!!!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Sobre poupanças

 


Sempre gostei da sensação de ter  coisas boas sabendo que as adquiri a preços baixos. Refiro-me a viagens, comida, restaurantes, férias, etc.  Faço pesquisas exaustivas, anoto, telefono, peço opinião e no final, escolho a melhor relação preço/qualidade. 

Não gosto de lugares e de  objectos sem qualidade, feios, ou sem condições.  Se depois de decidir eu for feliz por lá, está tudo certo. Só é caro se não tiver valido a pena ter saído de casa. 

O mesmo para todos os objectos que há cá em casa, desde mobílias a coisas mais pequenas. Gosto deste meu modo de ser!! 

Não conseguiria nunca comprar uma viagem organizada, daquelas caríssimas, quando posso organizá-la, partir à aventura e ter tudo ao meu gosto e à medida do meu bolso. Aprende-se muito mais assim!

Se podia ser de outra maneira? Se calhar podia mas eu não gostava tanto! Coisas!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Aproveitar restos

 


A fazer almoço de quiche de couve com ovos e queijo. Está quase. Duas bases rectangulares de massa folhada que tinham crescido das festas anteriores  deram a ideia de as utilizar fazendo de uma delas pequenos bolinhos de maçã com canela e açúcar de côco e, de outra, uma tarde grande com os mesmos ingredientes. 

As maças do oeste estão a um preço muito bom na frutaria do bairro. Aproveito sempre estas promoções. Não é necessário gastar fortunas para comermos bem e saudavelmente. Maças golden a 0,99€ são um achado e tenho aproveitado bem. Asso-as, cozo-as com canela ou mesmo partidas em quartos para levar de merenda. 

Sou poupada por natureza e por educação. Nunca deixo de ter as coisas mas aproveito sempre promoções, descontos e afins. 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Há dias assim

 


Em que a paciência se esgota  e tudo me irrita ao mais alto grau. Burnout? Não sei, mas vou saber. Consulta marcada.

Quando um rio tem muitos afluentes poluídos, o grau de poluição chega a tal ponto que é insuportável. 

Está a acontecer comigo. Não aguento nem mais uma gotinha de poluente. Nem mais uma!

Quando a mãe estava mais stressada dizia muitas vezes: eu estava bem era na serra dos bois!

 Nunca fui a esta serra que faz parte da cordilheira da serra da estrela e é completamente isolada de tudo, não tem casas, gente, nada. Só terreno! Sempre a vi como um sítio idílico para curar maleitas de stress e de ansiedade e onde nada nos pode atacar. Apetece-me dizer isso: Quero ir para a serra dos bois! Quero mesmo! Um mês deve chegar!

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Aceitar os dias

 




Um destes dias, li uma frase que mudou a minha perspectiva das coisas e dos problemas: Havia um senhor que tinha sempre muitos problemas. Até que um dia teve uma doença grave a passou  ter só um problema!

É tão verdade! Passamos dias a preocuparmo-nos com porcarias e assuntos que não valem nada, têm solução e, se não tiverem, a nossa vida fica igual. 

De repente, cai um pedregulho em cima das nossas cabeças e todos os problemas desaparecem. Fica apenas o verdadeiro. O tal pelo qual temos de lutar. 

Sejamos mais leves, menos dramáticos e vivamos os dias e os momentos. Eu vou fazendo por isso.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

O bisavô

 



O bisavô Nunes foi um homem aventureiro. Nunca o conheci mas pelas fotos era muito bonito! Andou pela América no início do século, não se sabe bem por que razão partiu nem quanto tempo por lá ficou. A bisavó criou os filho e sempre viveu na aldeia. Antes de voltar, "mandou ir" (era assim que se dizia) uma das filhas que viveu lá quase toda a sua vida e regressou a Portugal já no tempo da reforma. 

O bisavô conta-se que  no seu regresso, ficou por Lisboa onde teve vários trabalhos mas repousa  no cemitério velho junto da família! 

Sabe-se pouco desta personagem fascinante. Gostava de saber mais! Que aventuras teria vivido? Que encontros teve? O que o levou a partir ? Tenho algumas fotos e  o documento que atesta a sua chegada à américa!! Grande personagem!


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Manhãs de escola

 


No dia da inauguração da nova escola

Aulas de acompanhamento no estudo da Matemática.  Com poucos alunos fica muito mais fácil verificar as lacunas e os modos como pensam e fazê-los repensar e incluir novas abordagens. Para alguns alunos tem sido um caminho muito difícil tais são as lacunas. 

A amiga Luisinha fez anos e, como em todos os anos, fomos lanchar com ela. Nunca conheci ninguém que ficasse tão feliz por fazer anos mas ela fica iluminada. Fico contente por vê-la assim!

Uma vida a  percorrer os mesmos corredores de escola entre confidências e uma grande amizade. Alentejana de gema é de uma lealdade que já não existe. O que confiamos uma à outra ali fica por anos e anos. É bom ter amigas assim. 

Parabéns. 

Que para o ano estejamos novamente a rir, a comer torradas, a reviver férias e a programar novas aventuras.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Faz hoje 3 anos que fiquei órfã


 Soube quando ia a chegar à escola e estes momentos ficam para sempre. Tinha um casaco desportivo verde da abercrombie de que gostava imenso e era de filho mais velho. Sentia-me bem e, de repente, o meu mundo, tal como o conhecia, morreu ali. 

Voltei para trás, e viajei para CASA. Para o ninho que nunca mais o foi. 

De vez em quando, tento vestir o casaco mas nunca mais consegui. Assim como a roupa dela com que fiquei. Está no roupeiro para eu, em dias mais negros, colar a minha cara a ela, cheirar e senti-la.

Hoje fui à missa por alma dela. Estavam 5 pessoas numa igreja linda, intimista e iluminada. Necessitava destes momentos com ela no pensamento e alguma solidão. Chorei de saudades e rezei para que esteja bem. Neste tempo todo, vieram à mente tantos momentos quotidianos, uns maus, outros muito bons e outros apenas de estar com ela e houve uma altura em que quase a senti a rezar ao meu lado, como fazíamos na igreja dos Olivais. 

Já passaram três anos sem ti e continuo contigo no pensamento. De dia e de noite quando acordo pela madrugada a sonhar contigo numa história enredada e confusa onde o teu cuidar está sempre presente. 

Querida mãe!


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Nova semana

Antes do incêndio de 2017
 
Ter planeado fazer um bolo e ter de abortar a ideia por falta de ovos. Tem de estar pronto para a aula de hidroginástica de hoje porque é tradição. Não pode ser um bolo qualquer porque cada um que chega é melhor do que o último que foi!!

Bolo de amêndoa e gila vai ser a minha escolha. 

Preparar as aulas da semana. Colocar na agenda umas tantas tarefas que, embora sem prazo, têm de ser realizadas. Um casa grande para andar para a frente dá muito trabalho. Haja disposição e vontade.

No sábado começaram aa limpeza dos terrenos na Serra. Vão mandando fotos do resultado final e eu fico contente. Tanto por mim como pelo pai que, lá de cima, deve ficar mais aliviado. Era o sonho dele aquele soito que ardeu todo  e deixou a nu o solo que se foi cobrindo de silvas e de giestas. Pouco a pouco, vai voltando a renascer. Vou tentando por ti, querido pai. Era um dos teus medos, o fogo nos castanheiros, mas deixou que partisses para acontecer!!

Inscrever-me no pilates clínico. Chegou o momento de não poder adiar mais. Fica perto de casa e necessito. 

Marcar umas quantas consultas médicas. 

A semana promete!!

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Sobre o passar do tempo

 


Ultimamente, os domingos estão colados aos domingos como dizia querido pai nos últimos tempos! Tudo se apressa e, quando passo os olhos por tanta paisagem maravilhosa, tanta aventura para viver, tantos sítios em que gostaria de permanecer, o primeiro pensamento que vem é: Já não tenho tempo nem nunca lá irei.

A vida é mesmo isto e põe tantos condicionamentos ao nosso viver e à nossa liberdade que ficamos com a sensação de a ter vivido apenas pela metade e mal vivida.  Acordamos pela madrugada e tentamos novas abordagens, novas tentativas, mas pela manhã tudo está igualzinho. Sem tirar nem pôr!

Enredada entre o envelhecimento, as mazelas e as minhas condições de vida, resta-me a esperança! Não sei bem em quê, nem porquê! Penso até que esta última já  me deveria ter abandonado. 

Como náufraga no meio da tempestade, ainda continuo à tona!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Coisas que me emocionam



A Maria, a minha primeira neta, foi uma grande, mesmo muito grande alegria na minha vida. Renovou-me numa altura em que precisava mesmo de um amor novo em folha. Estar com ela, era o céu. Correspondeu sempre ao meu amor com toda a generosidade. Hoje, os abraços dela sabem a mel  e tudo o que diz tem muita graça. Fizemos muitos programas juntas e temos muitos momentos que são nossos. 
Nos meus anos, ofereceu-me um livro escrito por ela que é uma ternura. Dentro dele, vinha um desenho de nós as duas cheio de pormenores de uma alma linda. Eu, loira, ela morena mas com os olhos na mesma direcção. De mão dada e com corações nas mãos como se o amor fosse fluindo pouco a pouco. O meu colar favorito que tantas vezes uso está no desenho e ela tem um colar mais pequenino. 
Está tão bonito!
A capa tem as nossas caras e um cadeado ao meio. 
É mesmo isso querida Maria. Terei um cadeado ligado a ti até ao fim e vibrarei contigo, longe ou perto, nos dias bons e nos menos bons e estarei contigo sempre que me chamares. 
Love you so much!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

O meu amor mais pequenino foi embora hoje!

 


Uma solidão imensa desceu sobre esta casa. A alegria, o carinho, a meiguice desta menina derretem o meu coração. 

A maneira dela comunicar, super engraçada, as gracinhas, a pele de seda, o mostrar que gosta de mim, fazem com que eu derreta de alegria.

Foi muito bom, mesmo maravilhoso.


Bolo lindo

 


A obra prima do bolo também feito por elas. Não é creme de manteiga. Tem outro nome e não é enjoativo e não faz mal à saúde.

Por dentro era de chocolate, o favorito das netas.


Dias felizes

 


Nem tenho tido tempo de escrever. O dia dos meus anos foi super feliz com as minhas netas e família todos cá por casa.  

Optei por um brunch com dois pratos quentes e foi uma boa ideia. Puderam almoçar os pratos quentes e  petiscar pela tarde adiante. 

Valeu-me a qualidade da empresa de duas irmãs do norte, cheias de garra e bem fazer que além do seu sorriso, têm muita competência culinária. Tudo impecável e na hora marcada. Fiquei fã.

Um presente super especial da minha neta Maria! Um livro de onde da letrinha dela salta o amor que me tem. E eu a ela!! Tenho-o na mesinha de cabeceira, todos os dias à noite pego nele, leio e choro de alegria!

As memórias que quero deixar nelas, ali estavam em desenho! 

Grandes amores pequenos da avó!


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

A inventar memórias futuras

 


Ponho toda a minha alma na preparação das festas com a família! Podem não se importar agora mas lá mais para a frente, talvez fiquem como selo as mesas da avó. Mesmo que esteja cansada de uma manhã difícil com alunos muito difíceis, mesmo que tenha preguiça de ir aqui e ali, esta vontade de ficar viva na memória de quem amo, leva-me para a frente. Há que concretizar o imaginado porque é diferente e porque eu gosto.

Surpresas boas, imaginação a top. 

Quase tudo sob controle. Adoro!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Sentir que podia ser outra

 


Acordo na madrugada, angustiada e sempre com a imagem da mãe por perto. 

Curiosamente sou acometida de uma lucidez surpreendente sobre o passado recente e sobre possíveis alterações que terei de fazer na minha vida. Consigo pensar os prós e os contras, as consequências e até me consigo imaginar nessa situação. A angústia vai aumentando até que adormeço novamente e acordo com muito mau humor vendo que tudo continua igualzinho. 

Será pedir muito da vida? Penso que não! Eu mereço!!

Faço o melhor que sei e que posso mas um cansaço extremo começa a apoderar-se de mim. Um cansaço mental que não me deixa seguir para a frente, me paralisa e me castra os sonhos por mais fáceis que sejam de realizar.

Podia ser tudo tão leve e tão bom! Podia!!


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Estar

 


Estou aqui sentada na sala por onde o sol do final da tarde ainda entra em grande quantidade.

Reparo agora na sujidade dos vidros que a chuva provocou e penso que tenho mais uma tarefa em mãos para amanhã à tarde. 

Gostaria de estar só a pensar em como tenho muita sorte em ter uma sala grande cheia de sol mas o meu cérebro nunca me deixa viver estes momentos em pleno. 

Vou escrevendo e olhando para o relógio porque um compromisso me espera às 18 horas. Já fiz compras, já fui tratar de mim, já cortei uma série de itens nas listas, já programei o jantar. 

Vida de mulher é mesmo assim. Um olhar por tudo, uma preocupação constante.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Planos para o fim de semana

 


Mais um fim de semana se aproxima. Este vai sei especial. Família junta e eu super feliz por isso.

Planear com gosto os pormenores da festa. As velas, a comida, o que cada um gosta.

Fazer listas para tudo e mais alguma coisa. Definir tarefas por  dias. Apontar tudo o que não se pode esquecer.

Sábado estará tudo pronto.  

Todos estes pensamentos me tornam mais viva, mais jovem e mais atenta. Só por isso, já valeu a pena.


domingo, 2 de fevereiro de 2025

Sempre gostei de alunos difíceis

 


Os bonzinhos que tudo têm e dedicam a maior parte do seu tempo a competir pela nota, pelo prematuro lugar ao sol, não me seduzem. Depois de tantos anos a seguir percursos sei que não leva a nada esta competição excessiva, muitas das vezes, incentivada pelos pais e que os torna adolescentes perfeitamente infelizes. A vida se encarregará de lhes mostrar que não é esse o caminho. Não quer dizer que os trate mal nem dê o melhor de mim, mas não me ficam no coração. Não valorizo a cabulice mas a competição deve ser connosco e não com os outros. 

Dizia  que gosto de alunos difíceis. Entrar-lhes na alma e perceber por que razão são assim. Encontram-se vidas tão, tão difíceis que me admiro como continuam a caminhar sobre tantas pedras e sem defesas. Gosto de falar com pais e encarregados  de educação, perceber o porquê  e tentar ajudar.

Quando deixo de ser professora deles fico com muitas saudades. Tenho-me lembrado do Filipe! Fui professora e directora de turma  dele no 9º ano. Refilão, tinha comportamentos em outras disciplinas conducentes a processos disciplinares e não era muito simpático para alguns professores. Eu gostava dele e ele sabia. Inteligente mas cábula, no final do ano, quase a fazer 18 anos, ficou retido.  Não consegui virar a situação e ainda hoje considero  uma falha minha que não me perdoo. 

Tinha de se inscrever nas provas como aluno externo e como não o fazia telefonei-lhe. Que não vinha porque não havia autocarro. Fui buscá-lo a casa, inscreveu-se e tornei a levá-lo. Admirou-me o carro e aproveitei para lhe fazer ver que na vida tem de se lutar para se ter as coisas de que gostamos. Que aquele carro só o tinha porque já tinha 60 anos mas antes,  quando era mais nova, não era este o carro e nada me tinha caído do "céu aos trambolhões". A vida era luta e ele tinha  de se fazer à vida. Acabou por reprovar nas provas e no ano seguinte acompanhei-o como professora coadjuvante. Chamava-me "a minha segunda mãe". Sabia imenso de Ciências e a professora titular admirava-se por ter ficado no 9ºano um aluno já com 18 anos e a saber tanto e avivava-me a culpa de não ter metido na cabeça daquele conselho de turma alguma sabedoria da vida e da volatilidade das coisas. 

O outro dia estava na porta da escola. Abraçamo-nos com ternura. Homem feito, apresentou-me a namorada que me pareceu querida. Falámos dos outros tempos e segredou: naquela altura estava a passar por uma grande crise! Tão bom que recuperou. 

Continuo com saudades dele. Foi uma turma difícil mas que tinha  gente que necessitava de apoio, de mão amiga, de alguma assertividade e mão firme nunca esquecendo as feridas que todos os dias lambiam para não ficarem piores. Queridos alunos. 

Coisas que me tocam

 


Ainda o coração da Lena que albergava todos.  A primeira namorada do filho manteve sempre com a Lena uma amizade especial. Todos os Natais se encontravam e a Lena um dia comentou: Eu gosto muito dela e não é por não ter ficado com o meu filho que vou deixar de gostar. Deixei de a ver por alguns anos, casou, teve filhos e ali estava ela, bonita, elegante, mulher feita, no funeral da amiga de sempre. 

A segunda companheira e mãe do primeiro filho também esteve presente. A Lena também gostava dela e convivemos ainda alguns anos. Depois fez o seu caminho mas voltou para lhe dizer adeus . 

Esteve também presente a actual companheira que eu não conheço.

Haverá algo mais que se possa dizer acerca do grande coração da Lena? Penso que não!

sábado, 1 de fevereiro de 2025

A Lena partiu.

 


Foi ama dos meus filhos, amiga, família, confidente e uma das melhores pessoas que conheci. Partiu serena como ela era. Tinha 90 anos.

Vivia em frente da minha antiga casa, do outro lado da rua e, quando filho mais velho tinha 3 meses, foi para lá sempre que eu ia trabalhar. 

Os meus dois filhos foram para  a escola quase a fazer 4 anos depois de terem passado os melhores anos da vida deles junto à Lena e ao Quim que os mimavam até mais não. Nunca  queriam voltar para casa  e, muitas vezes, fui buscá-los mais tarde porque a brincadeira ainda ia a meio. Quando estavam doentes ficavam na Lena e eu partia descansadíssima para a escola porque os deixava em muito boas mãos. Um cuidado extremo, uma doçura de trato, um bem fazer, que ainda hoje está na memória de todos. Quando saiu o último, de mansinho, disse-me: se quiser ter a menina que lhe falta, eu ainda a crio! 

Partiu com tudo o que falámos e desabafei  porque, tenho a certeza, nunca contou a ninguém. Quando ia visitá-la era ainda um porto de abrigo, ouvia, dava a sua opinião e sorria. Mulher sólida de princípios, de bem fazer, de carinho, de família. 

Há um mês fui vê-la e, quando saí pela porta da cozinha por onde tantas vezes entrei, vi-a e percebi que era um adeus. Olhei para trás várias vezes e ela ali estava à porta com o seu sorriso doce. Virei a esquina e chorei.

Ontem, senti que se fechou um ciclo. Já estava quase encerrado mas a sua morte deu a volta à chave.

No funeral, o padre referiu que cada um de nós devia escolher alguma das qualidades dela e levá-la para a sua própria vida honrando assim a sua memória. Eu já escolhi!

Até um dia querida Amiga.

Ficou a saudade e um grande vazio!