Quando tinha 16 anos, apostei com o meu pai que conseguiria ser assalariada nas férias de Verão sem problema nenhum. Ele achava que eu não conseguiria!
E, numa segunda feira, rumei aos pomares de macieiras, com o almoço na lancheira com um grupo de pessoas. Para lá chegar, andava 5 ou 6 kms a descer e à tardinha, já cansada, fazia o mesmo percurso mas sempre a subir.
Se me custou o trabalho fisicamente? Nada!
O que foi doloroso, mas mesmo muito doloroso?
Ser tratada como lixo pelos rendeiros. Ali só havia ordens a cumprir, muito grito do capataz e o silêncio das nossas respostas.
Ao almoço, a comida custava a engolir tal a vontade de chorar que me começava a trair.
À noite chorava durante horas a injustiça do tratamento.
Cumpri a promessa, ganhei algum dinheiro, nunca contei ao meu pai o sofrimento e aprendi, para toda a vida, a tratar todos com o maior respeito e simpatia.
As grandes aprendizagens fazem-se com o coração!