segunda-feira, 6 de junho de 2011



"A propriedade da tia de Henrique era um genuíno tipo de casa rústica, à moda do Minho.
Ao subir as escadas, e apesar de mal poder divisar os objectos à escassa luz que os alumiava, recebeu Henrique a primeira impressão agradável de toda aquela mal estreada excursão.
Estas escadas, esta varanda de pedra e este alpendre avivaram nele memórias, quase apagadas. Lembrava-se agora vagamente de ter brincado ali, a cavalo nesse mesmo parapeito, então, como agora, enfeitado de uma formidável corte de abóboras meninas, vítimas votadas às festas do próximo Natal.
A um canto do patamar deparou-se-lhe ainda um grande vaso de louça, que ele, havia vinte e tantos anos, conhecera, e ao qual tinha a ideia vaga de haver quebrado uma asa;"

in A morgadinha dos canaviais - Júlio Dinis

de como todo o Minho está cheio de memórias e do imaginado de todos os livros e de todos os contos que a nossa adolescência e jovem idade adulta cristalizaram em nós. E de como é agradável sentir, em cada canto e em cada cheiro, a alma do que sabemos e sentimos ser nosso e genuíno.

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