sexta-feira, 6 de abril de 2012

Receitas com histórias dentro


Conheci-a já quase com 100 anos! Alegre e bem falante. Mesmo com aquela idade, era nova na aldeia! Tinha ido para Lisboa servir (era assim que se dizia) com 10 anos para casa de uma família com nome sonante e onde ficou até poder trabalhar. Depois, já cansada da grande cidade, dos bisnetos da grande família e do cansaço que a sua presença provocava, regressou às origens. Trouxe com ela muitas recordações que partilhava nas longas tardes sentada à soleira.
Este era o bolo tradicional da família. Era confeccionado por ela sempre que algum deles fazia anos ou em dias especiais que traziam visitas especiais.
Uma tarde, levei um caderno e escrevi a receita que já reproduzi muitas vezes também em dias especiais, ou nem por isso.
Dei-lhe o nome dela - Alexandrina!
A história de uma vida dentro de uma receita de bolo!
A D. Alexandrina morreu pouco tempo depois. Ficou o bolo com mais de cem anos, vindo de uma família especial da capital e que entrou numa família também especial - a minha.
Que é especial simplesmente porque fui eu que a criei!


Bolo Alexandrina
7 ovos
300g de açúcar
225g de farinha
6 colheres de água a ferver
1 colher de chá de fermento
Batem-se muito bem as claras em castelo e junta-se o açúcar. Em seguida, juntam-se as gemas envolvendo com cuidado e logo a seguir a água a ferver.
Junta-se o fermento com a farinha e mistura-se ao preparado mas com cuidado, não batendo, só envolvendo.
Vai ao forno em forma grande, untada com manteiga ou forrada com papel vegetal.
No fim de pronto, pode ser recheado e coberto com chantilly ou com outro recheio qualquer.

6 comentários:

Anônimo disse...

Bela receita, com doces recordações,disponibilizada por uma mulher sensível em quem descobri muitas afinidades e que conheci sendo ela adolescente e eu jovem universitária em Coimbra...
Passados tantos anos, o milagre da net proporcionou-me a sua descoberta.
Uma Páscoa feliz para a Eulália e sua maravilhosa família!

Eulália Tadeu disse...

que agradável surpresa! Pode dar-me alguns dados para eu me recordar de si? Colega da minha irmã? Do meu irmão? eu andava sempre com os amigos deles e deve ser daí que me conhece! Pastelaria marques?
Beijinho e uma boa Páscoa.
Eulália

Anônimo disse...

Olá Eulália!
Não era colega da sua irmã, mas amiga de uma colega dela e conheci-a a si e a seu irmão em sua casa. Tornámo-nos amigos e partilhámos momentos muito agradáveis, um deles quando passámos um fim de semana em casa de seus tios, creio que em Paços de Ferreira.
Beijinhos

Eulália Tadeu disse...

Já sei quem é! A Maria da Marques! Trabalhava num Instituto ligado à faculdade das letras? Foi a Maria que foi buscar o carro da minha irmã quando ela o comprou no Porto e foi nessa altura que lá passámos o fim de semana. Belos tempos! Que é feito de si? Ainda por Coimbra?
Beijinhos e Boa Páscoa.

Anônimo disse...

Sou de um tempo anterior! Fomos no meu carro, que meu pai me havia oferecido. Esse fim de semana de 1977 ficou profundamente marcado em minha mente. A Eulália era para nós a fada madrinha! Circunstâncias da vida ditaram um afastamento, mas as belas recordações perduram!
Beijinho.

Eulália Tadeu disse...

Já lá cheguei! É a Laura! Que é feito de si?
Foram bons tempos esses!