Há um ano, por imperativos profissionais, mudei o meu local de trabalho, imutável há 26 anos! Grande mudança!
Deixei o que conhecia muito bem para começar a estranhar e depois a entranhar novos espaços e novas pessoas.
Dei tempo ao tempo. Tateei, observei, ouvi com muita atenção, inferi, arrisquei, mas, acima de tudo, fui eu própria, sabendo que só com a verdade se conquistam corações.
Não foi fácil! A estranheza, o sentir-me a mais, os modos diferentes de fazer as coisas, acompanharam-me por alguns meses. Tudo me fazia desejar voltar ao conhecido, ao meu segundo lar, às pessoas que me acolheram com 26 anos.
Depois, houve dias em que senti que o que eu dizia fazia sentido, houve sorrisos de alunos e de pais, houve palavras meigas dos novos colegas. Pouco a pouco, apareceu a cumplicidade profissional quando sentes que caminhas com eles rumo a uma escola com que sonhas. Deixámos de nos tratar com cerimónia e os "Tu" deslizaram por entre as palavras nas conversas de corredor. Comecei a sentir-me parte da nova casa sem nunca esquecer as colegas que me viram amadurecer. Voltar à antiga escola é como voltar a casa e rever a família em dias de festa. Já não sei os pormenores do dia a dia mas partilho as grandes decisões e acompanho em silêncio o amadurecimento dos alunos.
Na nova escola, finalmente, sinto-me em casa! Demorou um ano e meio a reconhecer os cheiros dos corredores, a viver os ruídos alegres dos intervalos, a conhecer os passos dos colegas, a falar com o coração aos colegas que de mim necessitam. Fiz, sinto-o com certeza, novos amigos para a vida que comungam uma visão do mundo e da escola que há-de chegar um dia.
No balanço deste tempo de partilha é importante dizer que valeu a pena. Como sempre valem a pena os grandes desafios que a vida nos coloca para nos mostrar que somo maiores que os nossos medos e que no fundo da nossa alma sabemos que não há obstáculos maiores que a nossa vontade.
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