quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Sentir a grande cidade


As pessoas correm, apressadas para as prateleiras dos supermercados para assegurar a fartura de fim de ano. O velho solitário passa à frente na fila com a urgência da cerveja que carrega na mão. 
Casais de avós compram o possível e o impossivel para  seja possivel os filhos voltarem às suas casas neste final de ano que se quer de festa.
Amigas partilham  as tristezas dos seus Natais entre o que desejavam e o que foi.
Namorados procuram uma esquina isolada para trocarem beijos que sabem a ilusão do amor eterno.
Crianças brincam nas superfícies comerciais, entre corredores e lojas, não conhecendo a alegria de um prado verde a perder de vista como palco das suas brincadeiras. O Pai Natal, com ar de aborrecimento, espera-as por trás da cerca, para a foto da memória dos momentos felizes (?) depois de terem esperado em filas organizadas pelos seguranças dos shopping.
Telemóveis tocam e todos atendem e riem sozinhos na ilusão de estarem acompanhados.
Casais discutem na barafunda das lojas, já não baixando a voz, expondo aos que passam a infelicidade dos seus dias.
Uma mulher permanece imóvel e triste encostada aos expositores da loja enquanto espera que a calma desça ao companheiro que barafusta em altos berros no corredor lá mais à frente. 
A anestesia dos dias e das vidas!

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