Sempre a conheci! Talvez seja mesmo mais velha do que eu! Na casa dos avós estava junto da saída para a varanda, num ângulo de 45 graus. Serviu-nos de brinquedo durante anos. Era o nosso carro para onde entrávamos pelos lados, imaginando portas que se fechavam com grande estrondo e malas lá atrás, partidas para férias, e muitos bruns, bruns, de motores imaginários. De vez em quando o meu irmão "acelerava" e lá saíamos no final da viagem por baixo dos braços da cadeira, para os nossos destinos. Ali nos sentámos a ouvir as histórias dos livros velhos e, mais tarde, a ler os que nos ofereciam no Natal e se tornavam objectos preciosos.
Era confortável a cadeira! Principalmente quando a neve cobria a varanda e as ruas e os Invernos se prolongavam por um tempo infinito.
Depois, o avô morreu. Andávamos na escola e aos sábados cantávamos canções da mocidade. Lembro-me ainda de, com os meus 6 anos, sentir a traição que fazia ao meu avô por estar ali a cantar quando devia estar triste pela sua morte.
A casa fechou-se e a avó veio viver connosco. A cadeira ficou por lá até venderem a casa.
Agora, continua junto a uma janela. Noutro local mas perto da luz.
É ali que procuro refúgio sempre que por ali estou. Já não caibo por baixo dos seus braços e a minha imaginação permite só ver uma cadeira velha. Os carros de outrora desapareceram.
No entanto, nada pode ser melhor que sentar-me aqui a ler uma revista e a olhar a luz que vem de fora.
Recordações, histórias, momentos que nos ficam de outros tempos.
Um comentário:
Como deverá ser bom, sentar ao colo dessa cadeira e ouvir as suas histórias.
Com um ramo de :-) (sorrisos)
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