Fim de semana de ir ver a mãe. Dois dias ainda para deixar tudo pronto cá por casa. Fazer compras para que não lhes falte nada. Fazer um assado apetitoso para sábado. Comprar as flores para levar. Umas, mais bonitas para os pés do meu pai, do meu herói. Ler e estudar tudo o que venho a adiar nestes últimos dias. Passar a ferro e diminuir o monte que se forma quase sem se dar por isso. Procurar roupa quente porque já neva aos 1700 metros e nunca se sabe. Ter a certeza de que não vou dormir sozinha naquele casarão que não suporta uma alma sozinha, habituado como estava a risos e a casas cheias de ruído. Tenho medo, muito medo. Assegurada a presença de pelo menos mais uma alma para me sentir acompanhada.
Pensar em tudo o que tenho de levar para a mãe que lhe torne os dias mais fofos e quentinhos. O único consolo. Já nada mais lhe interessa.
Um dia, lá muito atrás, pediu-me como presente um globo terrestre que eu adorei oferecer-lhe. Dizia que era para explorar o mundo nas horas vagas. Vive aqui em casa agora e não posso olhar para ele sem me lembrar da sua curiosidade sobre as coisas que foi morrendo aos poucos.
Levar para os outros, os que ainda conseguem fazer actividades, livros
de colorir e lápis de cor. Um voltar a uma infância que nunca tiveram.
Pelo menos deste modo que as infâncias antigamente passavam-se a
trabalhar duramente e não a colorir livros. Metáforas da Vida!
Tempo programado ao minuto.
Estou viva. Tenho saúde! Vamos lá então!
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