sábado, 24 de agosto de 2019

Agora que começa um novo ano escolar...


Tenho andado às voltas com o que fazer e como fazer de modo a sentir-me melhor profissionalmente e a pensar que estou efectivamente a contribuir para o sucesso das novas gerações.
 Dentro das salas de aula, não tenho dúvidas. Educo pelo exemplo, tornando as aulas um espaço de boas relações emocionais porque só deste modo se aprende. Não peço aos alunos nada que eu não faça ou pense. Quanto mais velha mais valor dou às suas vidas lá fora, aos seus problemas, às pequenas vitórias na conquista das suas almas tão carregadas de problemas bem maiores do que aqueles que alguma vez vivi. Ali sentados, sinto muitas vezes que o seu coração não está lá e é necessário fazê-lo regressar, transformando a escola no balão de oxigénio de boas memórias e de boas aprendizagens que necessitam de levar com eles para a vida.
O problema está fora dos muros da sala de aula. No chamado trabalho colaborativo, articulação, tempos em comum, o que lhe quiserem chamar. Sinto que são necessárias mudanças drásticas, motivadoras, enriquecedoras que envolvam transversalidade e construam uma espírito unificador de ideias e de procedimentos. Prende-se também com a burocracia que a nada conduz, com a quantidade de papel a preencher que não faz a diferença na vida de ninguém. Poderia dar aqui dezenas de exemplos mas ultimamente, para poupar o meu sistema nervoso, digo a tudo que sim e emendo o que dizem estar mal. Se não se pode substituir numa ata de 13 páginas a palavra número pela abreviatura "nº" eu emendo, deito a outra ata fora e sigo em frente. 
Esta desilusão que me assola vem destas agregações de escolas que viviam em equilíbrio ideológico e de práticas com bons resultados demonstrados e que de repente se viram confrontadas com a obrigatoriedade de trabalhar em conjunto e de pôr em prática técnicas e procedimentos que não lhes dizem absolutamente nada. Muitas das  vezes traduzem-se em violência ideológica que não é conducente ao sucesso das mesmas. Estar ao leme destas dificuldades é penoso porque deixei de acreditar na sua resolução. Elevam-me a tensão arterial, introduzem algum sofrimento emocional e, com a minha  idade, é conveniente sanar esta situação.
Bom começo de ano. 


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