quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Dias de chuva e noites de insónia

 


Sei que tenho de mudar muita coisa na minha vida e tenho muitas coisas para fazer mas com esta chuva entra em mim um cansaço imenso e só me apetece ir dormir cedo. Lá pela madrugada, acordo a pensar desgraças e com uma sensação da urgência da mudança, antes que tudo acabe, antes que não tenho tempo de viver tudo o que desejo, antes que algo me trague os sonhos e os desejos.

Com o nascer do sol, adormeço. Acordo dali a uma hora ainda melancólica e triste mas vai passando com os projectos novos e um dia novo em folha. 

Ânimo necessita-se.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Reflexões de início de semana

 


No sábado, assisti ao espectáculo de stand up do Salvador Martinha, presente de filho mais velho. Nunca tinha assistido a um stand up ao vivo e tinha muita curiosidade em fazê-lo. Teatro cheio, onde a maioria dos assistentes se situava entre os 30 e os 50 anos! Alguns deles levaram os filhos de 10 ou 12 anos! Acredito que mesmo rindo muito, estes últimos, não tenham percebido metade das piadas.

Algumas eram muito engraçadas!! Outras eram clichés para mim mas não para a maioria da assistência que ria a bom rir. A forma como interagiram com alguns elementos da plateia  foi muito agressiva mas eles acharam piada e até continuaram a responder todos contentes, transformados por momentos em estrelas da noite! Apavorei-me com a ideia de que viessem ter comigo. Graças a Deus não vieram!

Não gosto que façam humor com a doença. Penso que passa para além do humor e não é bonito! É controverso mas é a minha opinião.

Tenho reflectido muito sobre este serão! Gostei de assistir e de tirar as minhas conclusões: 

Há realmente um fosso geracional que eu considerava ser fictício e mental mas  que existe mesmo. Houve piadas que eu não percebi porque englobavam aplicações  digitais que não conheço! Houve outras que já faziam parte do meu mundo há muitos anos e foram repescadas.

Há também uma ligeireza no viver e no sentir que eu já não possuo. São mais leves, menos dramáticos, mais presentes no momento. Se é mau? Penso que é muito bom!!

Teve piadas muito boas e que me fizeram rir. Saí bem disposta. A assistência também. Dali foram cear, rir-se mais um pouco, que a vida é curta e há que aproveitar. Até tive um pouco de inveja deles!

No domingo fui ver o filme brasileiro tão falado " Ainda estou aqui". Como tinha receio de não ter bilhete (!!!!!!) fiz a reserva com antecedência. Sala só por metade. 

Gostei mesmo muito. Uma caracterização dos anos 70 muito boa mesmo. O retrato de uma mulher e de sua família numa situação de ditadura que é comovente. Uma interpretação fabulosa da Fernanda Torres. Acredito que quem não viveu os anos 70 lhe passe ao lado grande parte da mensagem. 

Parece lá tão atrás e é tão actual! Em tantos países estão, neste momento, a acontecer os mesmos episódios. Oxalá não comece agora na América. Grande reflexão sobre o que pode acontecer, o que é e o que pode deixar de ser de um momento para o outro e a necessidade de estarmos prontos para a imprevisibilidade do mundo e das coisas. 

A torcer para que seja o vencedor dos óscares!

domingo, 26 de janeiro de 2025

Foi um dia bom! Muito bom!


 Irmão do meio tinha feito anos. Era hora de ir comemorar. Levantei-me muito cedo, peguei no carro, fui buscar irmã mais velha e  fomos  almoçar ao Porto. 

Quem pagou a conta? Parte dela foi paga por querido pai porque depois de 15 anos tinha sido encontrado, no meio dos seus papeis, um envelope com dinheiro. O resto pagou a irmã mais velha porque, segundo ela, os pais lhe pediram para tomar conta de nós e ela assim faz sempre que necessitamos de ajuda ou apenas de uma palavra de encorajamento! Grande mulher!

Sempre que estou com eles é quando sinto as raízes com maior intensidade. O amor dos pais, a sua união, o seu carinho! É como se eles estivessem ali também como tantas vezes estivemos. Sou mais eu, mais igual a mim própria, sem necessidade de ser outra.  Agora somos três órfãos a nadar nas ondas da vida a empurrar para a frente as mazelas, os sentimentos menos bons, os momentos  de solidão, o final das nossas vidas profissionais, o chegar de uma nova fase. 

Comemos muito bem e adorei estar com eles. Somos apenas nós  que sabemos a vida  em pormenor tudo o que vivemos e podemos triturar todos os detalhes desde o amor dos pais até aos episódios cómicos e de construção de almas. Somos o que vivemos. Vamos sempre lá atrás quando estamos os três. Não foi bem assim, não era esse livro, era outro, tu já confundes um bocado as coisas, e por aí adiante!!

Se os pais, onde estão, nos viram ontem, penso que devem ter ficado felizes e realizados com a educação que nos proporcionaram e com a nossa união. Como rochas até ao fim!!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Por este tempo

 


Ainda pensava que tudo era possível e tinha uma vida pela frente. Era feliz nas minhas brincadeiras e com as minhas amigas. A mãe e a avó estavam sempre por perto. Os meus irmãos, apesar de eu ser a mais nova, tinham muita paciência para mim e a vida corria. Nunca me faltou nada.

Mal sabia eu o que ainda tinha de viver! Os desafios, as indecisões, as decisões mal tomadas, as desilusões, o que não vi e seria importante ter visto, o que vi e pressenti e naquele tempo não era importante e o que corri e sofri por aquilo que não haveria de ser meu. 

O tempo passou rápido em demasia. Gostaria de ter podido parar em alguns momentos para os saborear melhor e passar mais depressa dias e meses que são para esquecer. 

Foi o que foi.

Como diz filho mais velho: Vidas!

O tão falado amor

 


Pode assumir várias formas, já se sabe! 

Em todas elas deverá haver um denominador comum: fazer o outro feliz, acrescentar-lhe algo, aproveitar os bons momentos, criar memórias boas e, acima de tudo, tornar-lhe os dias mais felizes.

Seja como for. Com palavras, com acções que condigam com as palavras e não as contrariem, com presentes, com gestos, ou com tudo isto à mistura. O amor nunca poderá ser fonte de angústia ou de tristeza na vida de uma pessoa. Se o é, não é amor!!

Acredito que muitos não consigam ou não saibam o que é o amor!! Ou porque o egoísmo é grande ou porque não estão para se maçar. Esses tendem a fazer grandes declarações e, logo a seguir, mandarem umas quantas bujardas que deitam por terra tudo quanto disseram.

Todos temos o direito de ser amados! Com os nossos defeitos e pontos fortes. É uma questão de procura, de entendimento e de se ser totalmente verdadeiro.

Que nenhum ser humano permita a humilhação, o sarcasmo, as bocas foleiras, o bulling emocional, em nome da palavra amor! 

Cortar pela raiz este ciclo é o mais importante para encontrar a felicidade. 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Coisas boas de trabalhar numa escola há muitos e muitos anos

 


Fui coordenadora da Biblioteca Escolar durante nove anos. Tinha uma equipa de duas funcionárias cinco estrelas. Todas temos a mesma idade e fomos vendo os filhos de cada uma a crescer, depois casarem, depois os netos. Estive alguns anos longe delas noutra escola e em outras funções.

Por acasos bons, este ano estamos novamente juntas. Elas nas suas funções, ainda ligadas à biblioteca, eu em aulas de apoio que decorrem naquele espaço que sinto ainda como um bocado meu porque resultou muito do nosso trabalho para além do que nos era pedido. Tantas ações, espetáculos, sessões  com escritores, teatros, lançamento de livros, enfim, tudo aquilo que pudesse incrementar a leitura e a cultura dos nossos alunos. Foi um trabalho fantástico. 

Sou amiga verdadeira delas, trocamos impressões, rimos muito de tudo o que vivemos e gosto muito do modo verdadeiro de cada uma. 

Hoje, uma delas trouxe-me uns bolinhos de maçã que são uma delícia. Emocionam-me estes pequenos sinais de que a amizade ainda existe. Que se lembrou de mim, mesmo não necessitando de nenhum favor meu, de nada em troca.

Esta gratuitidade na amizade emociona-me.

Sou de pequenos sinais e de acções que revelem muito.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Sentimentos muito bons


 Quando algum dos meus filhos me dá uma boa notícia das suas vidas, o meu coração expande e fica quente. Permanece assim por algum tempo, agradecida, contente por eles e pelo que   foram capazes de fazer das suas vidas. 

Mãe feliz é outro patamar! Felizmente tenho muitos destes momentos e agradeço-lhes a partilha, mesma das coisas que para eles parecem pequenas mas que para mim são enormes!

Lá diz o ditado: quem os meus filhos beija minha boca adoça! Tão isto!

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Emoções

 


Faz hoje 10 anos que estávamos os 4 no hospital curry cabral à espera que chamassem para a sala de operações o meu marido para fazer um transplante de fígado que resultou da toma de um antibiótico que lhe danificou, pouco a pouco, a função biliar. Tínhamos estado com ele todo o dia e não sabíamos como iria decorrer. Nesse momento sabíamos que existia um fígado mas que ainda não tinha chegado ao hospital. Penso que o nosso cérebro tem a grande capacidade de ir esbatendo pormenores mas este dia, estes momentos, ficaram gravados como os mais fortes que vivemos como família. 

Foi embora lá pelas 9 da noite, corredor adiante e nós a vê-lo desaparecer na curva do corredor. Deixámo-lo entregue a uma equipa sabedora e saímos os três pelas escada laterais cada um de nós, mãe e filhos, a pensar: e agora?  

A operação acabou pela manhã. Passaram-se 10 anos! Foi fácil? Nada fácil!! Mas estamos cá, muitas coisas aconteceram depois disto mas permanecemos.

Não será esta permanência a maior vitória?

Coisas que faço


A base azul clara foi adquirida numa fábrica de loiça. O prato principal é da @spal. O prato colorido faz parte do serviço antigo da marca @candal adquirido para o casamento do querido tio António há quase 70 anos. Segue-se um prato de entradas e um mais pequenino ambos da @vistaalegre. Do lado  esquerdo uma pequena taça azul e do lado direito um copo de água de um serviço antigo de copos lavrados.  A base esteve na junção harmoniosa das  cores onde predominam o azul e o verde água.


Uma base xadrez em acrílico suporta um prato branco da @vistaalegre. Em cima, o prato grená foi adquirido num fábrica de loiça a um preço básico. Termino com um prato de entradas do serviço sílvia @vistaalegre. À esquerda, um pratinho para o pão com um formato pouco usual. Aqui os tons grenás e brancos fizeram a junção  do conjunto.


Na altura da pandemia, fiz um curso online sobre como montar mesas bonitas, não só para jantares, como para brunchs, chás das cinco, reuniões informais de amigos e por aí adiante. Aprendi imenso com esta comunidade internacional que assistiu ao curso.

Uma das dicas mais preciosas foi a de que quanto mais formal é o jantar mais camadas de pratos terá, tendo, cada um deles, a sua função. Este exercício não se focava nas toalhas mas apenas nos conjuntos que conseguíamos elaborar com o que tínhamos em casa. Passei tardes interessantes a desenvolver este hobby!

 Éramos convidadas a colocar online fotos dos conjuntos que íamos construindo com os materiais que tínhamos. A professora era espanhola e muito positiva o que também ajudou.

O meu trabalho final centrou-se na organização de uma mesa para um chá das cinco. Penso que ficou engraçada. 

Deixo dois dos conjuntos que postei online no âmbito do curso.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Coisas que adoro pensar e concretizar




 Adoro imaginar mesas bonitas, ler sobre o assunto, pesquisar, ver fotos e tirar ideias de todos os locais onde vou. A ideia é montar mesas não rebentando o orçamento, não gastando fortunas mas aproveitando materiais e objectos que já tenho em casa.  Juntar o velho com o novo, o bom com o razoável e criar conjuntos bonitos.

Vou deixando algumas ideias de como dar usos diferentes ao que temos e reunir tudo em conjuntos harmoniosos sempre sujeitos a algumas regras.

Neste exemplo, usei uma colcha multicolorida e usei pratos brancos  @vistaalegre. Os copos foram buscar as cores da toalha, beringela e verde. Os guardanapos são antigos, na cor verde, assim como os candelabros.

Para centro de mesa, usei uma taça verde cheia de bolas coloridas que substituíram as flores. As bolas coloridas combinavam com o garrido da toalha.

  Penso que ficou bem.

Comecemos a 2ª feira

 


Sem grande vontade mas o que tem de ser tem muita força. 

Há dias em que o sentimento de orfandade fica mais forte. Hoje é um deles. Fica a ideia já conhecida de que nascemos sozinhos e morremos sozinhos e, se calhar, por cá andamos sozinhos também, perdidos nos nossos pensamentos, necessidades não entendidas e faltas que ninguém entende. A única saída é mesmo contar connosco, com a nossa capacidade de resiliência enquanto pudermos e tivermos essa capacidade. 

Depois, lá mais para a frente ou já amanhã, sabe-se lá, haja quem cuide nós a troco de uma mensalidade. Não, não levarei álbuns de recordações nem a minha caixa das lembranças. Tudo isso pertence a outra vida. Começa então a vida em rampa descendente para um destino solitário com uma meta fixa. Bem  fixa. 

É isto que é a vida!


domingo, 19 de janeiro de 2025

Ontem foi um dia negro

 


Comecei por ir ao mercado, depois ao supermercado e depois  tomar café. Uma dor no pé começou levemente até se tornar numa dor insuportável quando já estava de regresso a casa. Começou num lado do pé e foi passando para o outro, fazendo de cada passo um sacrifício. Tudo voltou à minha mente. Aquele ano de incapacidade quase total, afinal deixou marcas. 

Valeu-me filho mais velho. Com a sua dose de humor e de sabedoria.  Deitei-me no sofá e dormi toda a santa tarde. Já era noite quando acordei. Carregava em mim uma grande dose de angústia, de sentimentos de injustiça, de raiva e de desconsolo perante  a vida e o dia a dia. 

Sentimentos de não ver luz ao fundo de um túnel negro como breu. É aceitar e relaxar. Desvalorizar. Tudo muito difícil.

Hoje estou nesse modo. Vamos ver por quanto tempo vou conseguir.  

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Amada pelas netas

 


Não há maior sentimento nem melhor sensação! Um ser pequeno que pouco a pouco, cria uma relação connosco, que se ri quando chegamos, que confia em nós, que nos ama sem condições, que adora brincar e se recorda de tudo aquilo de que falámos e  do que demonstrámos! Meus Deus, que  sentimento tão, mas tão bom!

Nos dias seguintes recordamos os olhares meigos, as mãozinhas estendidas, as graças ditas pelas mais velhas, as singularidades de cada uma, as piadas, os risos e tudo o que faz delas os meus amores pequenos.

Muitas saudades! Vontade enorme de mudar de vida!


quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Decisões importantes


 Durante muitos anos afirmei que o que poderia acontecer de pior ao país era perder o serviço nacional de saúde. 

Toda a minha vida acompanhei familiares e amigos que sempre viveram nos Estados Unidos e assisti ao medo que eles tinham de ter doenças graves e morosas em que os seguros  de saúde não fossem suficientes para poderem ser tratados. Todos  têm mais do que um seguro de saúde para que na altura certa não seja necessário vender a casa ou pedir empréstimos para, simplesmente, não morrer.

Em Portugal sempre foi fácil  ser tratado. Tivemos sempre acesso a bons profissionais, a boas instalações e  com ou sem dinheiro, o estado pagava porque a saúde era um bem muito precioso.

Pouco a pouco tudo se foi alterando. Os privados entraram mansamente e afincadamente na equação da doença. A última vez que recorri a umas urgências de um hospital público, fiquei estarrecida. Apenas um médico de outra nacionalidade dava conta de uma quantidade de doentes incrível. Sem condições, porque alguns deles, cansados, abriam a porta do consultório e ouviam a consulta do doente anterior. Fui insultada por uma enfermeira sem razão nenhuma  só porque, percebi eu, tinha de descarregar em alguém a frustração que sentia!

Se resolveram o problema? Não.

Foi então necessário traçar nova estratégia para  alguma urgência que surja. Se algo acontecer, chamo os bombeiros que me levarão para a CUF Santarém onde sempre sou bem recebida e bem tratada. A partir daí, estarei em boas mãos. Se terei de pagar ou não, vai depender do serviço mas já o meu pai dizia que na saúde não se poupa. 

Hoje foi dia de consulta com o marido neste hospital. Uma médica relativamente nova, com uma argúcia, sabedoria e boa educação insuperáveis. Sai-se do consultório com a ideia de que estamos em boas mãos. Alguma coisa mais importante que isto?

O meu grande medo aconteceu: o SNS está moribundo! Há que enveredar por outros caminhos. 

Devo ao serviço público a vida do meu marido mas já passaram 10 anos!! Tanta coisa mudou!! Para pior, muito pior! A economia e a ganância são tramadas!


quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Cérebro baralhado é o pior


 Estou aqui numa inquietude tremenda que só posso resolver amanhã e se prende com relatórios de avaliação. Eu penso que o elaborei e o entreguei mas a dúvida surgiu com um email enviado para os serviços administrativos. 

Em ansias e com medo que algo tenha corrido mal. Será que não viram o meu relatório? É tarde e só amanhã poderei esclarecer o caso mas vai ser uma noite sem sono. Ainda vou procurar o recibo de entrega que é a única coisa que me falta. 

No meio de uma semana tramada tinha de aparecer mais uma coisa para me enervar!


terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Gosto mesmo muito de alunos


 Se há algo que posso dizer com toda a certeza é mesmo isto: adoro estar com alunos. 

Este ano, tenho os alunos que têm algumas ou muitas dificuldades. Vão em pequeno grupo ter aulas comigo. Adoro entrar-lhes na alma, com muito cuidado para não os ferir, e perceber o porquê de certos comportamentos e atitudes face ao mundo, à aprendizagem e à escola. 

Hoje tive o J.  sozinho porque os colegas faltaram. Falámos na apresentação oral de Inglês e dos temas que tem à disposição. Disse que ia escolher o tema "quem sou eu" e deixava o tema " a minha família" porque no ano anterior tinha sido muito complicado. O J. têm um sorriso lindo e um problema de dicção que o torna único. Perguntei porquê e  respondeu com um sorriso: não tenho fotos do meu pai, então procurei uma foto de um homem qualquer e coloquei no  slide. 

Pelo meio, contou que se levanta todos os dias às 6 da manhã para acordar o primo que vive com eles e vai para uma escola especial. Como o primo nunca quer acordar, demora sempre imenso tempo. Apanha o autocarro às 7.30h e chega à escola às 8h. Vive também com o avô e avó.

Que motivação se espera deste miúdo? Que  é que se pode pedir mais? 

Se pensarmos mais nas almas e nos problemas que cada um carrega, talvez sejamos mais benevolentes quando falamos deles. 

Não são todos iguais é claro. Há alguns super mimados e parvos que tudo têm e ainda pedem mais. 

Mas estes alunos com estas vidas tramadas, dá vontade de os pegar ao colo e os transportar para uma vida melhor, um canto onde possam estudar bem todos os pontos das disciplinas, sem o primo que não quer acordar dentro das suas limitações e sem a noite da madrugada a dificultar todos os pensamentos e a vinda para a escola. Estou contigo J.

2ªfeira é dia de hidroginástica em suspensão.

 


É só maravilhosa a sensação de estar a fazer exercício e a flutuar com uma leveza boa. Não é fácil e, no dia seguinte, dou conta de músculos que nem sabia que tinha, principalmente ao nível do abdominal.  A professora é top e vai sempre dando grande reforço positivo embora eu saiba o quanto ainda necessito de dar aos pés e braços. Querida Zé, obrigada. Parece pouco importante mas é muito para mim.

A cabeça fica mais leve, as ideias alinham-se e quando saio da água, já tarde, só me apetece voltar. Ter em atenção que isto não é nada normal em mim, avessa a exercício físico,  ainda por cima, que passa por vestir e despir, banhos e afins e enfrentar o frio na saída. 

Muito bom.


sábado, 11 de janeiro de 2025

Novas aventuras


 Ontem iniciei um tratamento estético que consta de 20 sessões. Não fiquei muito animada com o primeiro e ainda faltam 19! Eu e a s minhas maravilhosas ideias. Dói-me tudo. O local também não tem charme e todos sabem o quanto eu valorizo isso. Espreitei para um WC e vi sanitas com tampo de plástico gasto. Foi o bastante para eu vir a correr para casa e não usar aquele local. Já não mudo!!

As funcionárias também não são o cúmulo da simpatia. Acabei a sessão com este comentário " Se amanhã estiver com algumas nódoas negras, não se preocupe que é normal!!"

E agora? É continuar, afincadamente uma vez por semana. Não tenho nódoas negras mas estou dorida. 

Sabem quando estão a fazer algo que sabem que não vale a pena? Assim estou eu!!

Bom fim de semana.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Livros incríveis


 Este livro não se lê, devora-se. Há já algum tempo que o título e a crítica me tinham chamado a atenção. Na minha prática lectiva dos últimos anos constacto que os alunos dominam muito pouco as lides digitais, retirando evidentemente os jogos e as redes sociais. Basta passar pelos corredores em horas de intervalo para perceber que todos jogam utilizando os seus apetrechados aparelhos e são exímios a tirar fotos caricatas aos colegas em situações embaraçosas. Edição de fotografia? O que será isso?

Quando se pede uma abordagem mais investigativa,  ou algo mais elaborado, a maioria nem conhece de que se fala. Não nasci na era digital mas todos estes anos, em inúmeras acções de formação fui actualizando as minhas competências e aplicando em sala de aula, com algum êxito, o que fui aprendendo. Muitas vezes a ajuda vinha de fora quando em face de um concurso externo lançado por uma grande farmacêutica internacional nos deparámos, eu e os meus alunos, com outras necessidades e lá fomos aprendendo uns com os outros. 

A partir daquela altura, as apresentações orais passaram a incluir infográficos mas antes, estudámos em conjunto, o modo de o tornar mais atraente  incluindo toda a informação científica pedida. 

Em Florença, durante uma semana, tive a oportunidade de poder selecionar uma série de aplicações para o ensino das ciências, simplesmente incríveis. 

Não quer isto dizer que eu centre, ou alguma vez centrei, as minhas aulas no digital. A relação pedagógica é fulcral para a aprendizagem. A emoção, a dúvida, a pergunta na hora certa, a explicação simples que chega, a história paralela que ajuda na compreensão, tudo é importante. Muitas vezes, muitos anos depois, o aluno lembra-se destes episódios inerentes a uma relação pedagógica ( a professora disse isto, disse aquilo,...).

Para quem, como eu, gosta de alunos, o digital tem uma função muito bem definida mas nunca será o centro. 

E um dia, pegas num livro, começas a ler e está lá tudo muito bem escrito. Tudo aquilo que tu pensas alguém diz por ti com estudos como base e fundamento científico. 

Fiquei feliz!

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Hoje, o meu cunhado Amaro faria 76 anos!!


 Todos os anos, desde que ele partiu me lembro dele. Essencialmente o que  guardo com mais carinho é o gosto que tinha por viver a vida rodeado de coisas boas. Fosse um bom hotel, uma boa refeição num restaurante de renome ou uns sapatos luxuosos. Identifiquei-me sempre com este lado boémio e  com estilo que ele tinha. Conhecia os melhores vinhos e os melhores petiscos e tinha verdadeiro prazer em desfrutar com os que o rodeavam de tudo isto.  Foi pena ter falecido tão cedo. Penso que neste momento seria uma grande companhia para mim porque partilho os mesmos gostos e tenho as mesmas ideias da necessidade de aproveitar a vida que vai passando. Ele aproveitou o que conseguiu até a maldita doença o ter vencido. 

Lutou sempre quase até ao fim. A última conversa engraçada que tive com ele foi sobre a toilete que ele iria levar ao casamento do meu filho mais velho. A alegria dele a falar sobre a qualidade e a beleza do fato, a necessidade de comprar uns novos sapatos, de boa qualidade, claro.

Já não conseguiu ir ao casamento em Agosto. Faleceu em Dezembro. Quando olhei para ele na urna vi o fato!! O tal para o momento especial. Querido Amaro! Percebeste tão bem a importância das coisas e dos momentos que continuas a ser um exemplo vivo para o meu viver.

A vida, essa conhecida


 Se se estiver atento à paisagem e às pessoas que connosco se cruzam, damo-nos conta de que tudo é passível de ser relatado em longas histórias e em curtas cómicas e, por vezes, trágicas. 

É este olhar sobre o mundo das coisas e das pessoas que cultivo cada dia mais afincadamente. 

Por vezes, só a postura de um aluno, uma frase que profira, uma conversa que se ouve de passagem, um dizer de uma colega, um olhar do céu cinzento, os passos apressados de alguém que caminha em esforço, a tristeza nos rostos que nos olham, a alegria em quem pressentimos vidas difíceis, as "desgraças" de quem tudo tem. Tudo isto é poesia e tudo isto mexe comigo. 

O final do dia é sempre o tempo da reflexão. De pôr em perspectiva tudo o que vivi nesse dia e de, mais uma vez, me sentir abençoada pela boa cabeça  que ainda vou tendo!

Atenta aos outros. Feliz por ter uma profissão de que gosto, os meios de sobrevivência assegurados e uma família que me quer e eu adoro. Tempo para o que gosto de fazer, projectos, uns maiores, outros mais pequenos, mas que me vão entusiasmando todos os dias. Uns terão concretização, outros, talvez não, mas sou feliz a sonhá-los. 

Mais um dia que chega ao fim. Já não haverá outro igual. É passado. Pensar agora no dia de amanhã. 

domingo, 5 de janeiro de 2025

Somos o que vivemos

 


Ontem, ria-me com a minha irmã ao relembrar episódios de quando era pequena e vivia numa aldeia perdida da Serra da Estrela, onde nasci. Não são episódios de felicidade mas quase parecem saídos de um filme, pelo seu pitoresco, visto a uma distância de 50 e muitos anos. Cheia de personagens icónicas que fizeram e ainda fazem parte do meu imaginário, pelo que eram, pelo que algumas delas sofreram e pelo modo como viviam a sua vida. Podia escrever mil e um posts sobre cada uma delas. 

Talvez destas vivências tenha resultado o meu grande optimismo face à vida e às coisas. Já vi tanto, já assisti a tanto que pouco ou nada me faz vacilar. Naquela época, as crianças  não eram poupadas a nenhum cenário, desde visitar a tia em último grau de demência, até velórios macabros e visitas a doentes terminais com tudo o que acarretava. Se alguém morria sem ser velho e as crianças perguntavam o porquê a resposta vinha pronta: enforcou-se. Era algo comum naquela época em que o SNS não existia e os médicos serviam uma classe que podia pagar. A pobreza era mais visível no Inverno, quando a neve cobria todos os recursos. A madrinha velha como todos lhe chamávamos, irmã mais velha da minha avó materna, solteira e com posses, distribuía medicamentos por todos os que sofriam para alivio das dores do corpo e da alma! Ainda há pessoas que se lembram disso. O famoso Saridon. Se fosse actualmente...

O álcool era  o refúgio para os pensamentos menos bons e para a pobreza instalada, principalmente nos homens. Aos Domingos, era típico vê-los a cambalear rumo a casa no final da tarde. Durante a semana seguinte, a minha mãe ouvia as mágoas das mulheres deles, as sovas que levavam, o sofrimento na criação dos filhos que lhes faziam nessas noites atormentadas pelo álcool e pelo medo do futuro. Nessas alturas e para manter a dignidade de quem falava, minha mãe mandava-nos sair da cozinha e fechava a porta mas nós, na sala, ouvíamos  o que já todos sabiam. 

Estas mulheres e homens com quem cresci, já faleceram mas quando encontro os filhos vêm à memória todas estas vivências  e como o modo como foram criados os transformou em homens e mulheres lutadores e bem dispostos. Sabem dar valor ao que têm e principalmente à vida. Admiro-os por isso.

Tive a sorte de não ter vivido estes dramas mas assisti a tudo e, por vezes, a minha alma de criança muito nova, não conseguiu assimilar todo o drama do que vi e senti. Só agora, pensando bem e comparando com o tempo presente vejo e sinto o que cada um daqueles seres humanos viveu para sobreviver.

Aos 10 anos vim viver para Coimbra. Já mais velha, consegui perceber que os problemas também ali existiam em casas mais arranjadas mas em que faltava muita coisa. Era mais velada a miséria. Lembro-me da vizinha do 2º andar que ia ao mercado e trazia sempre um ramo de flores mas, durante a semana, pedia os bens essenciais à minha mãe que os ia fornecendo. Uma postura diferente mas a mesma fragilidade. Aqui era necessário esconder. Na Serra não era possível e ninguém queria saber de flores em jarras. 

Também aqui existiam as más relações, o adultério e as doenças. Era quase tudo igual mas embrulhado em luvas de pelica que obrigavam a uma visão  mais apurada. 

É a vida como costuma dizer filho mais velho. 

Há dias em que tudo me lembra mais. A quantidade de episódios que eu já vivi, as mil e uma vidas por que passei, os ambientes diferentes que tive de enfrentar. Como ser pessimista se consegui chegar aqui?

Obrigada pais e irmãos pela família boa que criámos,  que me educou e me deu esta postura forte com a certeza de que conseguirei enfrentar o que vier. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Foco

 


E depois de mais uma sessão de masoquismo que até não foi muito penosa, é altura de iniciar nova aventura conducente a uma melhoria no modo como vou, ou estou a envelhecer. 

Começa para a semana!

Sou dada a experiências. E se der certo? Bora lá. 

Sonhos engraçados

 


Quando tenho insónias pelas 5 da manhã e torno a adormecer, acordo mais tarde sempre dentro de um sonho, quase sempre alegre.  É a recompensa pela insónia em que tudo é negro.

Hoje sonhei que estava com os meus amigos da Figueira da Foz onde dei aulas durante um ano. Tínhamos combinado o reencontro e surpresa... estávamos todos como naquela época, nada envelhecidos e muito bonitos. A churrasqueira onde estávamos estava cheia e nós  muito admirados do bem que nos sentíamos e estávamos. 

Depois.. acordei e lembrei-me do que cada um de nos já passou nestes últimos 40 anos!! 

Foi tão bom voltar atrás e ouvir as gargalhadas de todos os dias daquele tempo, ver a nossa juventude e também um pouco da nossa parvoíce. Até me deu vontade de ir à Figueira almoçar com eles e verificar que o corpo cedeu mas o coração está igual!! Estará?


quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Masoquismo

 


Penso que terei escondida em mim uma costela de masoquista. Sei de antemão que as avaliações do meu corpo e do meu estado físico são sempre desastrosas e me deixam deprimida. 

Ainda não sei como, vejo-me com uma nova avaliação marcada, ainda por cima, depois das festas, porque havia um voucher que alguém me deu e vai disto! Eu gosto de sofrer! Amanhã vai ser um desses dias!

Sei o que fazer, sei como fazer, sei tudo e mais alguma coisa. O que me faltará saber? 

Só me falta paz de espírito, retorno emocional, sentido para a mudança e força de vontade. Parece pouco mas para mim é muito!

Bom ano

 


Já com as resoluções de ano resolvidas e definidas. Uma delas: ouvir mais podcasts. Cá estou eu a ouvir um dos primeiros que quero seguir. Um episódio por dia vai ser bom. 

Continuar as minhas caminhadas. Parece que está a resultar. Continuar as sessões de exercício de que tanto gosto. Devo ser a pessoa que menos gosta de desporto e mais modalidade já experimentou!!!! A esperança de encontrar algo mágico ainda não me abandonou!

Encarar de frente as minhas mazelas. Tenho sempre vontade de enterrar a cabeça na areia.

Fazer coisas que nunca fiz. Novas experiências fazem com que o envelhecimento não se atreva tanto!

Investir em quem amo e me dá retorno. Isto do retorno é muito importante para mim!