Sempre gostei de trabalhar! Acordava sempre cheia de projectos, de vontade de realizar coisas para a escola, ideias de novos projectos, a sonhar com uma escola diferente e mais eficiente. Quem me conhece, sabe que gosto de fazer coisas. Que me entusiasmo com aquilo que aprendo e tento sempre por em prática.
Pela primeira vez na minha vida profissional, sinto-me derrotada. Já nada vale a pena! Um turbilhão de ideias varre os meus dias e um sentimento de injustiça instala-se. O trabalho sério não é reconhecido. Vive-se num mundo de faz de conta em o que conta é o que se vê, não interessando a diferença real que faz na vida dos alunos, porque o ministério assim o implementou. Não se valoriza o trabalho dentro da sala de aula. Tenho colegas que fazem a diferença na vida dos seus alunos. Gostam de dar aulas, transformam-se em frente de uma turma, dão o máximo, mas isso ninguém vê. Ninguém quer ver nem isso interessa.
Dizem os entendidos que agora é que os professores foram obrigados a trabalhar!! Puro engano!! Quem não fez também não faz. Adapta-se a outro sistema. Bonitos objectivos, bonitos portefólios e o resto fica igual.
E quem sempre fez está a perder a vontade, a motivação porque se sente injustiçado, usado, mal tratado por quem de direito. Não considero que trabalhe melhor nestes tempos! Trabalho sim, com um grande sentimento de injustiça. Luto pelos meus alunos, para lhes ensinar Matemática, sentido do dever, sentido de responsabilidade, verdade nas suas acções, vontade de progredir, auto-estima. E por tudo isto, não tenho tempo de pensar em objectivos ocos. Os meus objectivos são universais, numa escola que se quer justa, responsável e democrata.
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