segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Família


O meu pai telefonou-me ao meio dia para me dar os parabéns. Estava muito bem disposto, risonho, ele que tem andado meio deprimido, sem sair de casa, porque não consegue segurar a bengala e o chapéu de chuva ao mesmo tempo porque tem medo de cair! Contou-me, mais uma vez, como tinha sido a rotina dele no dia em que eu nasci. Veio almoçar a casa para saber se já tinha nascido mas não tinha. Teve que voltar e só à noite me viu pela primeira vez. Contou ainda que o meu irmão, então com três anos, gritava muito aos meus ouvidos quando eu estava a dormir imitando os Entrudos de Carnaval!
Família! Como é que alguém pode competir em afecto com eles que me viram nascer, crescer, que sabem tudo sobre mim, que conhecem de cor as minhas fraquezas e se riem comigo sem ser preciso falar.
Mesmo que cada um dos irmãos viva em cidades diferentes, continuamos a usar os mesmos códigos que aprendemos com os pais que também os utilizam. Mesmo que mais velhos, mais pesados, mais responsáveis, continuamos a rir-nos da desgraça, a enfrentar os medos, a dar o nosso melhor em tudo o que fazemos como aprendemos em casa dos pais. Os três cozinhamos de igual modo, rimos das mesmas coisas e temos as mesmas imperfeições.

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