sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sítios com história



Este balcão da casa dos pais está vazio e os musgos começaram a cobri-lo. Noutros tempos estava sempre cheio de gente. Nas noites de Verão, pela fresca, todos se sentavam ali e conversavam sobre a vida. Havia umas almofadas próprias para nos sentarmos que permaneciam por ali durante todo o Verão. Mais tarde, quando adolescente, refugiava-me ali para sonhar o futuro sem ninguém a aborrecer-me. Eu e a minha irmã sentávamo-nos também por ali nas tardes de domingo para observar o movimento de quem subia e descia a rua desejando fazer parte dele.
Quando chegávamos cansados, era ali que descansávamos antes de entrar em casa. Vejo ainda o meu pai por ali no lugar mais alto para facilitar o sentar e levantar.
Depois vieram os filhos. Brincadeiras e risos encheram de vida o balcão. Sempre lavado e vivo pela Páscoa para que o branco do granito revelasse o cuidado posto na visita Pascal.
Um dia, a porta em frente ao balcão fechou-se! A vida recomeçou noutro lado menos frio e o granito do balcão escureceu. As plantas secaram e os vasos foram retirados. Ficou só ele no alto da sua imortalidade continuando a convidar quem chega, mesmo que só de passagem, a sentar-se nos seus degraus e a ouvir as histórias que tem para contar.

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