Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sul se olvida.
É a que ansiamos. Ali, ali
A vida é jovem e o amor sorri
Talvez palmares inexistentes,
Áleas longínquas sem poder ser,
Sombra ou sossego dêem aos crentes
De que essa terra se pode ter
Felizes, nós? Ali, talvez, talvez,
Naquela terra, daquela vez,
Mas já sonhada se desvirtua,
Só de pensá-la cansou pensar;
Sob os palmares, à luz da lua,
Sente-se o frio de haver luar
Ah, nesta terra também, também
O mal não cessa, não dura o bem.
Não é com ilhas do fim do mundo,
Nem com palmares de sonho ou não,
Que cura a alma seu mal profundo,
Que o bem nos entra no coração.
É em nós que é tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem e o amor sorri.
Fernando Pessoa
3 comentários:
Muito Obrigado por este seu "post"; Pessoa é sempre Pessoa... e bastaria.
Contudo, eu procurava um pequeno texto relativo às suas recordações de infãncia...e porquê? porque adoro e subscrevo a sua descrição, sensibilidade, poesia e ternura bucólica que coloca nas seus quadros de infância vividos numa aldeia do interior.
Vou procurar!
Talvez através dos marcadores encontre o que procura.
Postar um comentário