segunda-feira, 11 de julho de 2011

O primo espanhol


Personagem mítica da minha família e que eu nunca conheci. Nasceu na segunda metade do século XIX numa família rica de Lisboa, filho de um irmão da minha bisavó e de uma senhora espanhola. Daí o facto de ser conhecido pelo primo espanhol. Nos quentes e ternos Verões de outrora vinha até à serra da estrela passar as férias e conviver com os primos entre eles a minha avó Glória. Foi através dela, que guardou sempre com um infinito carinho a sua imagem e amizade, que lhe conheci a história.
Menino mimado, filho único, de um segundo casamento paterno, cresceu e tornou-se adolescente sem problemas e sem grande autoridade. Acredito que todos os seus desejos fossem ordens no casarão senhorial onde viviam. Até ao dia fatídico em que o pai o encontrou , em situação menos própria, com uma criada que servia na casa. Houve forte discussão e uma bofetada dada na altura certa. Mas o primo espanhol não gostou! Desapareceu. Durante meses procuraram-no por toda a cidade. Cercaram a casa da sua avó em Espanha não fosse ele lá ter. A polícia internacional pôs-se em campo. Nada! Até Hoje.
A minha avó emocionava-se sempre que relatava a história. Eram da mesma idade e partilharam muitas das brincadeiras de criança!
O tempo passou!
O outro dia, em casa da minha mãe encontrei uma foto do primo (a que reproduzo). Por trás da foto o nome: António Maria! É o nome do único filho da minha avó e meu querido tio.
Mais tarde, perguntei aos mais velhos: Sabem como se chamava o primo espanhol? E ninguém sabia.
A minha avó quis perpetuar a memória do primo e das recordações de infância mas sem grande espalhafato. Com a seriedade e a altivez de sentimentos que sempre lhe conheci e admirei.
Estórias com gente dentro!

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