-Queres ir ao castelo?
-Vamos lá!
- Pelos carreiros ou pelas pedras?
A subir, sempre a subir pelas pedras rosas de onde nascem flores pequeninas para colocar no cabelo. E subir, subir!
E, já nos últimos degraus, o fascínio do horizonte que se alarga! Para além dos montes, para além da névoa. Daqui, ouvem-se os barulhos da aldeia abafados pela grandeza da montanha - a mãe que chama os filhos, o sino que toca as avé-marias, as bestas que chegam do "Chão" onde umas leiras dão sustento aos vivos.
E os carros de ladeira, rolam pelas calçadas empurrados por crianças que encontram no fim da tarde a meninice que o trabalho árduo escureceu.
-Está-se tão bem aqui, não está?
O vento frio fustiga os rostos mas traz grandeza à alma. Lá longe, nas encostas íngremes, os castanheiros tingem-se de mil cores. Vai começar o Outono!
E contempla-se a vida lá em baixo. O fundo da vila vê-se melhor! O outeiro, por mais alto, esconde as ruas e as agruras das suas gentes. A rua nova, traçado mais largo com passeios toscos de granito, liga o fundo com o cima da vila. Casas alinhadas com chaminés escuras de onde começam a sair os fumos que se confundem no ar.
-Deixa-te ficar aqui!
-Não posso que a minha mãe fica aflita!
-Então voltamos amanhã! Está bem?