Para sempre mas especialmente hoje que faz dois anos que me deixaste.
Anda PAI, vamos passear pelas montanhas como fazíamos quando eu era adolescente. Paramos quando quiseres à beira de fontes de água cristalina. Tu tiras do saco a merenda e comemos. E falamos de nós e de tudo. Paramos mais uma vez para tu admirares as árvores e as florestas que tanto amas. Belo castanheiro, não é?
Agora já sou mais velha e conduzo-te no meu carro por estradas mais civilizadas. Só os dois como antigamente. E conto-te que penso casar-me ainda esse ano. Que achas pai?
- Ouve o teu coração. O teu coração é o teu mestre!
E a paz invade o meu coração. Sim pai. Eu consigo ouvir o coração!
Agora já estás doente pai. Por vezes, a falta de oxigénio faz com deixes de ser tu todo inteiro e eu sinto medo. Medo do dia em que não me conheceres e em que eu não reconheça nesse corpo o pai que eu amo. Deito-me na tua cama e encosto a cabeça à tua e olho para o teu rosto. Eu sei que ficas feliz por me ter ali, tão pertinho do teu corpo doente. Ficamos ali muito tempo em silêncio. Mas o tempo apagou-te a luz do olhar que agora era baço e onde os teus olhos verdes que eu herdei já não eram o farol que eu seguia.
O tempo levou-te há dois anos.
Mas no meu coração que eu ainda escuto todos os dias a teu conselho, mora ainda a filha que procura a protecção do coração do pai.
Tenho saudades tuas! Tantas que fazem doer a alma.
Um comentário:
Ele está à espera ...
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