domingo, 12 de agosto de 2012

O meu coração está com ele


Para sempre mas especialmente hoje que faz dois anos que me deixaste.
Anda PAI, vamos passear pelas montanhas como fazíamos quando eu era adolescente. Paramos quando quiseres à beira de fontes de água cristalina. Tu tiras do saco a merenda e comemos. E falamos de nós e de tudo. Paramos mais uma vez para tu admirares as árvores e as florestas que tanto amas. Belo castanheiro, não é?
Agora já sou mais velha e conduzo-te no meu carro por estradas mais civilizadas. Só os dois como antigamente. E conto-te que penso casar-me ainda esse ano. Que achas pai?
- Ouve o teu coração. O teu coração é o teu mestre!
E a paz invade o meu coração. Sim pai. Eu consigo ouvir o coração!
Agora já estás doente pai. Por vezes, a falta de oxigénio faz com deixes de ser tu todo inteiro e eu sinto medo. Medo do dia em que não me conheceres e em que eu não reconheça nesse corpo o pai que eu amo. Deito-me na tua cama e encosto a cabeça à tua e olho para o teu rosto. Eu sei que ficas feliz por me ter ali, tão pertinho do teu corpo doente. Ficamos ali muito tempo em silêncio. Mas o tempo apagou-te a luz do olhar que agora era baço e onde os teus olhos verdes que eu herdei já não eram o farol que eu seguia.
O tempo levou-te há dois anos.
Mas no meu coração que eu ainda escuto todos os dias a teu conselho, mora ainda a filha que procura a protecção do coração do pai.
Tenho saudades tuas! Tantas que fazem doer a alma.

Um comentário:

Unknown disse...

Ele está à espera ...