segunda-feira, 20 de julho de 2015

Foi hoje

 Num dos últimos almoços todos juntos
 
Eu aqui a kms de distância enquanto a minha mãe se encaminha para o lar! Aqui a pensar no que é importante na vida, no que conseguimos viver e sofrer e no que vale a pena. 
A pensar na doença que levou o sorriso franco da rosto da minha mãee e lhe deixou este olhar vazio que não reconhece nada nem ninguém. A pensar no que será de mim daqui a uns anos, como será comigo, que lar me acolherá e que percepção terei eu desse dia e se ainda terei capacidade de me lembrar do dia de hoje. 
Mais uma casa que se fechou. Na ultima vez que lá estive ela já não veio à varanda dizer-me adeus! Esqueceu-se que parti logo que a porta da rua se fechou. Senti a falta da sua mão no ar ate´desaparecer na curva da estrada! Todos os dias morremos um bocadinho no olhar de quem nos ama. Todos os dias andamos mais um pouco para o beco que há-de acolher a nossa velhice e a nossa  incapacidade.
Esquecidos e entretidos como andamos com coisas tão banais e tão fúteis  são raros os momentos em que paramos para pensar na nossa  finitude. 
Hoje, a porta da casa  onde viveu os últimos 20 anos fechou-se para ela mas eu já a empurrei aos bocadinhos de todas as vezes que saía e a deixava no hall de entrada de olhar parado e sorriso vago. Fui fechando a porta para que hoje fosse só preciso prender o trinco.
Até para a semana mãe. Vamos estar contigo na mesma. Mas nunca mais será a mesma coisa!

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