Estava frio e nevoeiro mas ainda passeámos. Estivemos com a mãe que veio almoçar connosco a casa. Se soube e se percebeu que estava em casa, ficámos na dúvida. Talvez sim, mas sem a emoção de outrora. Inquietude e muita confusão. Pediu para ir ao quintal mas o frio e a tremura das pernas não permitiram.
Sentou-se na cadeira do pai à lareira e à noite foi embora sem nenhuma emoção ou esforço.
Esperámos o padre para a visita pascal. O meu pai era das pessoas mais profundamente religiosas que conheci! Não ia muito à missa mas acreditava de uma forma enternecedora em Deus e em tudo o que Ele prometeu. A visita Pascal, o Deus dele a entrar em sua casa, dava-lhe uma postura de confiança, de emoção, ali perfilado à porta de casa esperando e nós todos lá dentro confiando em que era com ele e com o Padre que a cruz entraria em nossa casa para depois rezarmos em conjunto.
Este ano, fui eu que fiquei à porta! À espera da Cruz! Ninguém imagina a emoção, o sentimento de perda, a saudade do meu pai naquele momento, a orfandade profunda, a imagem dele no meu coração. E fiz o meu papel. No final, o Padre Morais que me conhece desde pequena, olhando a minha mãe já sem ser ela e as grossas lágrimas nos meus olhos ainda me disse:
- É necessário colocar uns cubos de gelo no coração e seguir em frente!
Bom conselho!
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