A casa dos meus avós maternos foi sempre o meu ninho. É a ela que regresso quando me faz falta um lugar onde me senti sempre feliz e muito amada.
Era bonita esta casa! Coberta de hera que a fazia fresca nas longas tardes do Estio. A varanda grande estava sempre aberta e por ela entrava a vida lá de fora. Havia sempre gente para tomar conta de nós. Os avós, ora um ora outro, encontravam sempre tempo para espraiar o mimo que habitava em nós.
No Inverno, fechava-se a varanda e, quentinhos à braseira, ouvia-se o vento e a chuva misturado com as histórias fantásticas de lobos e de cordeiros sacrificados à sua fome.
Um dia a casa fechou-se. Ficou só a romaria aos domingos com a minha avó para arejar as roupas e sentir o pulsar da vida que já só existia nas nossas mentes. O silêncio imperava e a braseira já não tinha calor. Tudo ficou mudo conservando dentro dela a minha infância.
O novo dono modificou-a. Durante anos, resisti a entrar lá dentro com um medo terrível que a minha memória se apagasse e fosse substituída por novas paredes sem história. Mas não aconteceu. Entrei a medo e era só uma casa! Nada tinha a ver com o cheiro das escadas que levavam ao sótão, com o meu quarto dos brinquedos ao cimo das escadas, com as maças alinhadas em quartos à espera do inverno, com as arcas cheias de roupas da minha avó, com o aconchego de acordar quentinha e ter sempre alguém que me ajudava a vestir aquecendo a roupa à lareira em frias manhãs de Inverno. Tudo isto tinha desaparecido!
Vive só em mim gravado em granito emocional que nunca se desgastará!
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