Com a chegada dos 50s, entramos num período de reflexão mais profunda sobre a vida que vivemos, o que poderia ter sido e não foi, o que fizemos mal, ou muito bem, as decisões tomadas, os sonhos que concretizámos e nos fizeram felizes e os que concretizámos e afinal não era bem aquilo!
Começa também uma luta contra o tempo. Aparece a ideia de finitude da vida tal como a conhecemos e nos dá esta ilusão de controle sobre uma coisa conhecida.
Ainda tanta coisa por realizar. Ainda tanto sonho para viver!
E já tão pouco tempo!
É um período de grande interioridade em que se deita fora tudo o que não interessa e nos centramos no que é (ou parece ser) visceralmente importante. Acresce a vantagem de nos conhecermos muito bem e já termos decidido que não somos perfeitos e até acharmos graça às nossas imperfeições.
Fazemos listas mentais de tudo o que ainda queremos fazer e impomos prazos de acordo com o risco da tarefa. Estas listas são a nossa alma. O que nos define como pessoas errantes e passageiras na Terra.
Nos últimos tempos, confrontada com uma mudança súbita da vida tal como a conhecíamos, a precisão da lista tornou-se uma prioridade que me ajudou a passar as noites de alguma solidão. Focada naquilo que ainda queria viver e concretizar, os dias de rotinas dolorosas tornaram-se menos pesados e o sonho foi um passaporte para o futuro.
Pouco a pouco, tudo vai voltando à normalidade (seja lá o que isso for). A lista está pronta! Permite alterações e desvios e, provavelmente, algumas das prioridades vão deixar de o ser!
Algumas das concretizações exigem companhia. Outras são lugares de profundo recolhimento onde quero chegar sozinha e chorar de emoção. Outras ainda, são de superação daquilo que conheço de mim. Há ainda as aventuras que me transformarão como pessoa. E finalmente, talvez as mais importantes da lista, as decisões sobre mudanças interiores rumo à claridade da alma.
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