Já que não pode ser assim...

Porque já não é Agosto, porque as férias acabaram há muito tempo, porque está a chover e porque a paisagem já não tem a mesma beleza, não posso simplesmente caminhar!

Sendo assim e porque tem de ser, vou ali suar um bocado ao ginásio e já volto!

Coisas giras das férias

O cara metade queria comer gaspacho, um dos seus pratos preferidos! Percorreu, no final da tarde quente, as ruas de Vila Viçosa para encontrar o sítio ideal  que fizesse o gaspacho ideal. Confesso que não percebo grande coisa de comida alentejana! Não domino a adição de ervas e temperos que fazem de cada prato um momento único. E o gaspacho não é, de todo, um dos meus pratos preferidos.

Estava então marcado o jantar para as 8 numa tasca típica cuja cozinheira se comprometeu a confeccionar o gaspacho para nós.

Saímos do hotel entusiasmados com o jantar surpresa marcado pelo cara metade.

Não desiludiu a decoração, com mesas ladeadas por grandes talhas de barro e paredes caiadas de branco.

Chegou o gaspacho e mais uns tantos petiscos que, segundo o dono, são tipicamente acompanhamentos do gaspacho, a saber;  uma travessa de carapauzinhos fritos,  uma tortilha de batata chamada de pastelão, uma travessa de crocantes batatas fritas e um pão alentejano super saboroso.

O cara metade gostou muito do gaspacho que, ficámos a saber, tem duas versões: à moda espanhola e à moda alentejana. Este era alentejano com grandes pedaços de pão e muitas ervas.

Eu gostei mais dos acompanhamentos! 

Adorei este jantar! O dono era o típico homem alentejano que foi um prazer ouvir tanto pela pronúncia como pela conversa! Um mimo!

Pensamentos

Hoje devia ter ido passar o dia com a mãe! Não está fácil o dia a dia e tenho de ajudar.

Mas uma dor de cabeça infernal e esta tensão arterial que teima em não me dar descanso alteraram os meus planos.

Acordei mal. Só a custo me arrastaram para fora de casa para andar, para retemperar e para que o valores baixem.

Passámos pelo rio. 

Depois de hora e meia  a andar, e chegados a casa, começou a chover. Mesmo a tempo.

Os valores da tensão continuam a não me dar descanso! 

Vamos lá então votar!

Porque hoje é sexta

Depois de uma tarde difícil com reuniões que me emocionaram, chegar a casa e deleitar-me com futilidades. Descobrir novas funções na máquina e, à falta de modelo, recorrer ao auto retrato!

Um serão inteirinho só para mim! Bem bom!

Sabe bem! Só de vez em quando, claro!

Coisas que me fazem acreditar num mundo melhor

Confesso que muitas das vezes desanimo! Comportamentos desviantes, crianças que só pensam em passar à frente dos outros  seja lá como for e à custa de qualquer coisa,  meninos que trazem dentro deles o vazio dos corações de quem vive com eles.

Hoje, à saída da escola, reparei  num menino de 10 anos, novo na escola, que chorava copiosamente rodeado por outros dois meninos que tentavam consolá-lo. Fui até lá para saber o que se passava.

E o menino, entre lágrimas,  explicou que um pombo ferido estava entre os arbustos e que os meninos mais velhos o tinham descoberto e lhe tinham atirado limões e laranjas verdes que o magoavam. 

Emocionei-me e perguntei:

-Queres levar o pombo contigo?

-Siiim! O meu pai tem um remédio para o curar.

-Então vai pedir uma caixa e leva o pombo contigo para a sala de aula. Diz que fui eu que disse! Assim podes ficar mais descansado enquanto estás nas aulas. 

-Obrigado.

E enquanto ia à procura da caixa ainda o ouvi dizer:

- Eles não gostavam, se fossem um  pombo, que lhes atirassem coisas!

O meu coração voltou a acreditar que com estes miúdos é possível  construir um mundo melhor. Muito bem!

Objectos que transportam memórias

Vi-a numa feira de velharias este Domingo! E soube que queria trazê-la. Leve, muito leve, pequena e delicada. 

Regateei o preço e voltei com ela.

Já em casa, pela noite dentro, retirei-lhe o jornal que a cobria!

Era criança e o tempo trazia a  Primavera. Tempo de Páscoa na aldeia, tempo de arrependimentos e de jejum purificador. À casa grande do Padre Samuel começavam a chegar os párocos das redondezas! Vinham com tempo e com espírito para as confissões intermináveis, obrigatórias por aquele tempo de modo a entrar na Páscoa com o coração  puro. 

A Mariazinha, sobrinha do padre e dona da ordem daquela casa grande, afadigava-se a fazer as camas e a ornamentar a mesa para que nada faltasse. Abria-se a mesa grande e as janelas deixavam entrar a luz acabando com a penumbra habitual que trazia o fresco àquela ala da casa. Os aparadores com portas de vidro deixavam antever a loiça fina usada nas grandes ocasiões. 

E chegava o tempo de colocar na mesa, por entre as cavacas, os bolos finos, os mais saborosos licores,  e tudo aquilo que ia chegando à casa grande, as chávenas chinesas finas e delicadas para o chá quente e retemperador depois de horas e horas de confissões de vidas duras e pobres onde não cabia o tempo ou o espaço para pecados mortais, que contrastavam com o negro das batinas e o ar pesado dos padres em convívio.

 Chegavam os padres, batina preta, gasta e luzidia à frente reveladora de lautos almoços e de difíceis digestões!

Animados à mesa, no tempo de jejum, bebiam o chá e comiam cavacas porque era preciso retemperar e esquecer o confessionário, a vida dura, os pecados e a tristeza dos Homens sem história.

A minha alma de criança, agitada pela incongruência dos risos, das batinas pretas e do tempo da quaresma registava ecos que haveriam de ficar para a vida.

Outros tempos, grandes memórias!

Há dias

em que me sinto assim! Enclausurada entre as grades da vida. Com muitos sonhos que esbarram nas barreiras. Dias em que preciso de abraços e de atenção para abrir as portas e sair voando.

Dias em que me sinto confortável na pequenez de uma gaiola sem vontade de voar.

Adooooooro.

Somos novos. E pela nossa expressão temos todo o tempo do mundo! Foi tirada na varanda da nossa antiga casa no dia em que o André fez 4 anos. 

Foi uma sessão de fotos em que o Miguel se fez acompanhar do seu novo brinquedo, um camião reluzente que, logo depois, foi abandonado no cesto dos mil e um veículos.

Mas, naquele dia, ele quis mostrar o camião. 

São expressões de gente feliz!  Como até hoje!

Chegou o Outono

Com ele, começo a olhar com outros olhos o sofá do escritório onde penso recolher-me nos próximos meses. É mais pequeno, mais quente e mais aconchegado. Se lhe acrescentar uma mesa redonda onde possamos jantar, um bonito candeeiro e um bom sinal de internet, penso que nos  meses de Inverno se transformará no meu lugar do  paraíso. 

Mudanças necessárias. 

Os melhores instantes

Há casas felizes com paisagens como esta e com varandas onde se bebe o melhor moscatel do mundo!!

Almoços de praia com ementas de Verão que nunca esquecem! Estava óptimo o arroz de tamboril!!

Homecinema de muita qualidade. Adorei a experiência!

Estes são os visíveis! Os invisíveis serão, por ventura, os mais importantes. Os visíveis com o coração. Os amigos, o alargar bom da família. O bem estar que se instala quando estamos todos juntos. A alegria. A sinceridade, as conversas francas (obrigada Rafaela) e a certeza de que estes dias são  para a vida.

Sobre estes tempos

Fim de semana com eles.

Como tudo é diferente e ao mesmo tempo tão igual!

Os corpos e postura são outros. Mas o amor, a meiguice, o cuidar, o riso, o optimismo perante a vida e as coisas continua lá. 

E é tão bom, mas tão bom, poder continuar a entremear a minha vida com estes dias de sol e de afecto em que tudo parece eterno e eu me sinto tão bem!

Depois há os outros dias mas isso não interessa nada!

Até amanhã, no sítio do costume!

Foi um dia longo! 

Caminhaste em direcção ao prédio depois de ter ter dito "até amanhã". Sabemos que não é até amanhã. É até um dia destes sabendo que, no interregno, vou sentir a tua falta e pensar o quanto a amizade é importante na nossa vida. Vou pensar em ti ao acordar e ao adormecer e vou rezar por ti!!
Que o tempo sem ti passe depressa.
I'll miss you!

Coisas da bruma do tempo

Era tradição em nossa casa. Nas tardes e  noites de Inverno jogava-se ao rapa em família! Os grandes jogadores eram a minha irmã e o meu pai que preparavam a mesa e os instrumentos com grande afinco. Por vezes não se encontrava o rapa e o meu pai, de um qualquer galho, fazia um!

E a pressa, com todos já sentados à espera, era impeditiva de grande perfeição. Rodava e tinha as iniciais de "rapa, tira, deixa e põe" fundamentais para prosseguir o jogo.

Alegria, aconchego, intimidade,  calor humano, afeição e bem estar.

Guardo este exemplar como recordação! Tempos de pai e com o pai! Tempos que já não voltam!

15 coisas de que deveria desistir para ser feliz

3 - Desista da sua conversa interior derrotista

Quantas pessoas se destroem a elas próprias por causa da sua mentalidade negativa  poluída e repetidamente destrutiva!

Não acredite em tudo o que a sua mente lhe transmite - especialmente se ela é negativa e auto destrutiva.

Você é melhor do que tudo isso!

Memórias

-Ó avó posso ir consigo?

-Despacha os pés que eu ando depressa estrada abaixo.

Saltitando atrás dela lá vamos até às propriedades.

-De quem é este "chão" ( nome utilizado como sinónimo de propriedade na serra da estrela) ?

E seguia-se uma explicação eficiente e rápida ao sabor dos passos da avó.

-Ó avó posso ir lá ao fundo apanhar abrunhos?

-Não são abrunhos! São rainhas cláudias! Podes mas tem cuidado não caias da parede abaixo.

E a sebe das árvores carregadas de rainhas cláudias ainda permanece na memória bem como o sabor delicioso das ameixas pequenas e sumarentas.

Hoje, comprei rainhas cláudias porque me apetecem e porque me trazem a memória da querida avó!

Bolo de chocolate ao qual é (muito) difícil resistir!

A receita inicial leva queijo mascarpone mas hoje, por preguiça, não fomos ao sítio do costume.

Vamos experimentar com queijo quark. 

E não é que ficou muito melhor? Mais saboroso e mais húmido como gostamos cá por casa.

Vou emendar a receita original!

Para a próxima compra gelado de baunilha (ou de morango) para acompanhar. Deve ficar ainda melhor!

Dias em que tudo está certo

O André está por cá! 

E cá por casa, já fizemos um bolo de chocolate, já fomos ao mercado comprar frutas e legumes, já passámos pelo shopping para tomar um café e já assistimos  à nossa sessão de cinema .

Uma tarde perfeita!

Venceu!

Sim, esta mãe levantou-se muito cedo para ver o filho correr lá longe.

Sim, esta mãe foi recompensada porque depois de 42 kms de corrida pelas montanhas chegou em primeiro lugar com esta cara de dever cumprido e muita alegria.

Sim, esta mãe ficou feliz!

Coisas que me inquietam

Como é que uma mãe pode dormir descansada?
Àmanhã, pelas 5 da manhã, parte para uma prova de montanha: 42 km com o desnível que se representa, a chegar quase aos 3000 metros na Catalunha.
É claro que vou ter de me levantar e acompanhar a prova em directo para ver se está tudo a correr bem e o vejo a cruzar a meta já sem forças!
Mãe sofre!

Poemas

Para ti...

Às vezes, quando a maresia  

me sonha no vento que passa

Às vezes, sonho que o mar está connosco...

E que o Bem nos espera pela noite além...

15 coisas de que deveria desistir para ser feliz

2 - Desista da sua necessidade de controle

Esteja disposto a desistir da sua necessidade de controlar tudo o que lhe acontece a si e em seu redor - situações, pessoas e eventos.

Quer eles sejam o seu amor, colegas de trabalho ou simplesmente estranhos que se encontrem na rua deixe-os ser quem são.

Permita que tudo e todos sejam como são e verá quanto isso o fará sentir melhor.

Começar a dizer adeus ao Verão

Vai chover este fim de semana! Dizem os entendidos que todos os dias procuram o boletim meteorológico como se dele dependessem todos os planos que traçam!

É bom saber destas mudanças, destas descidas de temperatura que vão acontecer na sexta feira (com este calor parece impossível mas está bem!) e nos lembrarão a chegada da próxima estação.

Hoje, dei por mim a olhar os chapéus de chuva e a pensar na necessidade de ver o estado em que ficaram abandonados no final do inverno.

Desceu em mim também uma pressa de aproveitar os últimos dias de praia, o sol a queimar a pele, os amigos, os convívios e o tempo todo do mundo para fazer só o que nos apetece.

E como os doces não entram cá em casa, deixo uma sobremesa de verão que adoramos pela frescura e pelo sabor acre, ilustrada com uma imagem da net!

Mousse de lima

150ml de sumo de lima
raspa de duas limas
1 lata de leite condensado
1 iogurte natural
300g de natas batidas

Colocar o leite condensado numa taça, juntar a raspa de lima e o iogurte e envolver bem. Acrescentar o sumo de lima e envolver novamente. Bater as natas até ficarem firmes  e envolver cuidadosamente no preparado. Decorar com mais raspa de lima e levar ao frigorífico durante, pelo menos, 30 minutos. Servir bem frio.

15 coisas de que deveria desistir para ser feliz

1 - Desista da sua necessidade de estar certo.

Há tantos de nós que não conseguem suportar a ideia de estar errados! Desejando sempre estar certos, mesmo correndo o risco de terminar grandes relacionamentos ou causar um grande nível de stress e dor para nós e para os outros!

Não vale a pena!

Quando sentir a necessidade "urgente" de entrar numa discussão sobre quem está certo e quem está errado, pergunte a si mesmo:

- Eu quereria ser a pessoa certa ou a pessoa gentil? Que diferença isso vai fazer?

Traduzido daqui.

Coisas que me enternecem

Abrir o computador logo pela manhã e ver uma mensagem do Miguel seguida de uma foto do que vê da  janela: Bom dia família! Avizinha-se um grande dia!
E lá longe, ergue-se o sol por trás da montanha.
São estas pequenas coisas que nos mantém próximos mesmo longe. Partilhar os dias, os pormenores, as paisagens e os sentimentos.

Memórias

Nunca passo por estes "janelos" (chamavam-se assim) sem me enternecer e me lembrar do sentimento bom que era fundir-me com a parede e por ali ficar a ouvir as conversas que se passavam do lado de dentro!

Conheço  de cor todos os janelos de aldeia e ainda hoje me lembro em que divisão da casa se situavam. Lembro-me de um que ficava quase no tecto da cozinha e por onde eu ouvia as conversas da ceia e acompanhava a refeição sem que alguém se lembrasse de olhar para lá. 

Outros, permitiam partilhar o descanso de pais e filhos sentados em bancos toscos à lareira  contando o dia. Lembro-me da pouca mobília, sinto o cheiro a fumo que se desprendia e ainda vejo  as varas do enchido que, muitas vezes,  ocultavam pormenores importantes à observadora!

Que é que eu fazia com esta informação roubada à intimidade? Nada! Era só porque tinha piada e era criança!

O outro dia, em passeio com a mãe pela aldeia, contei-lhe a diabrura da escuta da vida alheia! 

Admirou-se e escandalizou-se! A escutar? E ficavas lá muito tempo? Sim, o tempo todo que podia! 

CUSCA!

Coisas de que gosto muito

      

É claro que o jantar é importante!  Pensar as receitas, imaginar as entradas, escolher a loiça que mais as valoriza. Gosto de ter tempo para tudo isto e não gosto de jantares de improviso porque me retiram metade do prazer de receber. 

O ponto alto é mesmo a mesa! Colecciono acessórios como se fossem moda e aproveitando sempre os saldos para trazer comigo mais uns individuais, uns pratos diferentes ou os copos com aquela cor que fará a diferença. Combino-os de maneiras diferentes conforme a estação e os convidados: Mais clássico, mais arrojado ou mais jovem. Gosto de jarras bonitas, de talher de servir que faça a diferença, de guardanapos que combinem com a toalha ou façam um contraste bonito que encha o olho. 

E muitas vezes oiço: Não era preciso tanto!

Era, era! Porque estas pequenas coisas me fazem feliz!

E haverá coisa mais importante que a felicidade??!

Viagens

Ordesa - La Torla - Pirenéus 

Filho mais velho anda por aqui, correndo, passeando, desfrutando as férias e a companhia da querida Rafaela. 

É um prazer olhar para eles e ver quanto bem se dão aquelas almas! Quanta sintonia nos olhares sobre o mundo! Quanta vontade de estarem juntos e aproveitarem tudo o que a vida lhes dá sem complicarem os dias e centrando-se no essencial das coisas que são realmente importantes.

Tenho aprendido muitos com eles e com o seu modo de viver os dias!

Coisas que me enternecem

Chegar à casa de Lisboa e estar tudo limpo e arrumado!! Sem nada fora do sítio, roupas lavadas e passadas a ferro, camas feitas, tudo impecável!

Foi só necessário entrar e desfrutar do fim de semana! 

O filho mais novo tornou-se um "dono de casa ideal"! Sem eu dar conta!

Coisas boas que me acontecem!

Há manhãs assim

Em que talvez pelo ar fresco que entra pelas janelas, pelo barulho que me incomoda, pelo trabalho que tenho pela frente, por tudo aquilo que tenho de realizar não sei bem como, em que só me apetece fugir para aqui!

Ouvir o silêncio da montanha, sentir o vento a ondular as árvores e pensar que só ali sou inteira.

Modos

Inscrevi-me no ginásio! Já está!
Agora é só começar!
Acontece que o Cara metade pediu no ginásio para que me telefonassem sempre que não vou!!!!!
E ontem, primeiro dia, não pude ir! E lá veio o telefonema!
Não há dúvida que pela força isto vai!
Saco arranjado, programação feita para que às seis comece a primeira aula! Ansiosa!
Vamos ver como saio de lá!

Festas de família

Casamento de um primo no sábado. 

Do que eu gosto mesmo? De poder conversar com a família que pouco vejo. Rever afectos, trocar impressões, combinar novos encontros e deixar-me surpreender por comportamentos pouco usuais. 

Noite dentro a pensar nestes encontros e no que eles representam para mim. 

O que mais gostei? A conversa longa com o primo L. sobre a ida dele para a França "a Salto" como se dizia, as agruras da viagem e a amargura da chegada a uma cidade luz cheia de trevas! 

Não se despediu de ninguém porque o único proprietário agrícola da aldeia que empregava muita gente, já a ficar sem trabalhadores, se soubesse, telefonava para a GNR e eram apanhados. Uma hora antes de partir foi a casa do meu avô dar-lhe um abraço de despedida porque o estimava muito.  Apareceu por lá o meu pai que na altura era o patrão dele e só foi capaz de lhe dizer - Se amanhã não aparecer no trabalho, já sabes! E o meu pai percebeu!

Saiu sozinho para o encontro com o passador, à meia noite em cima da ponte da aldeia vizinha, deixando a mulher com a filha pequena  e com uma amargura do tamanho do mundo.

Chegado lá, eram mais quatro companheiros dos bancos da escola. Nenhum sabia dos outros. Noites longas e frias nos Pirenéus, dez dias de viagem, sempre de noite, sempre com medo de alguém os ver e os obrigar a voltar para a aldeia. Paris chegou na pessoa de um conhecido que vivia numa barraca. Quando os viu, ficou estarrecido! Onde metê-los, como ajudá-los, num ambiente onde já havia tão pouco? Ficaram os cinco numa barraca e no dia seguinte arranjaram trabalho. A partir daqui, começou o caminho para uma vida melhor! Que correu muito bem!

A luta por uma vida melhor, os encontros e os sucessos e, no final da conversa, o remate:

-Não foi um el dorado! Foi preciso trabalhar muito e humilhar-me muito!

Vidas cheias  que lembram, mais uma vez, que a vida do Homem só vale a pena quando se   aventura nesta necessidade de se superar a ele próprio e às suas certezas. Grandezas da alma que sempre me emocionam.

Coisas que vão esquecendo mas que ele conserva na memória  para partilhar. Gostei muito de o escutar!!