É assim que vejo a doença da mãe. Sempre que perde mais um bocadinho da sua memória, sempre que confunde pessoas e situações que lhe eram tão familiares, sempre que nos olha com aquele olhar baço e parado de quem não está lá, sempre que sorri pateticamente sem perceber o que digo, sempre que se repete na lengalenga sem emoção que são os monólogos dela... sinto um soco no peito por mais um adeus lento e triste da alma da minha mãe. O corpo está lá. Mais magro, mais curvado e mais seco. Mas a alma, essa vai-se apagando e adormecendo para talvez renascer noutro lugar. E é essencialmente a alma que me faz falta. Que se quer encontrar desesperadamente para que eu torne a ser a menina, a sua filha mais nova.
Um comentário:
Não deve ser fácil. Um abraço. Ilídia
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