quinta-feira, 9 de julho de 2015

Como a avestruz


Estou neste modo há já alguns dias! Sabe bem, esquecer, não lembrar, deitar para trás das costas, esvaziar, meter para um cantinho do cérebro do qual não vai sair se eu não quiser pensar. E eu não quero!.
Amanhã não vai ser um dia fácil para mim! Um dia que adiámos tudo o que pudemos  mas que, como sempre na vida, um dia é o dia! 
Amanhã levaremos a mãe pela primeira vez ao lar. Para a conhecerem, dizem!
Para lhe continuarmos a dizer adeus penso eu, cheia de remorsos, de medo, de angústia, de abandono por tudo o que representou para mim, de tristeza por não conseguir fazer mais, de raiva por esta doença que lhe leva o espírito e lhe deixa o corpo. 
Amanhã começa uma nova fase que a afastará mais um bocadinho de mim. Um bocado de estrada entre nós mas acima de tudo esta linha mental que já se quebrou lá atrás, não  sei aonde porque nunca sabemos onde começa a nossa dor e onde acabam as coisas boas que temos, ingenuamente, como certas. 
Amanhã, também eu,entrarei no lar e o meu espirito ficará lá com ela. Se ficar!  Se for capaz de a deixar lá, quando para ela sou " a minha senhora" e já não tenho nome algumas das vezes que chama por mim.
Amanhã terei de desenterrar a cabeça da areia, conduzi-la, esconder as lágrimas e ser forte. como ela sempre nos ensinou.
Amanhã vai ser um dia tramado!