quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

E por falar em filhoses...


Minha mãe sempre teve facilidade em fazer  estes doces tradicionais! Era normalíssimo amassar a massa, colocá-la num local quente e vê-la levedar enquanto o óleo aquecia. Era um processo rápido e eficiente
No entanto, em casa da madrinha Amélia as coisas não aconteciam deste modo! Fazer filhoses por aqueles lados era uma aventura familiar que ainda hoje me faz sorrir. A madrinha Amélia declarou-se, a partir de certa altura, incapaz de fazer levedar a massa. Era a minha mãe que ia lá para as fazer. Juntavam-se à lareira a prima Paula (prima da minha avó e já com uma certa idade) a prima Madalena e eu que por ali andava a verificar os procedimentos (como eu gostava de fazer!). 
O que é certo é que naquela cozinha a massa não crescia como na minha casa. Vira alguidar para um lado, agora para o outro, embrulha o alguidar num cobertor, coloca junto do lume... e por aí adiante. Lá para a uma da manhã o processo estava completo. A madrinha Amélia suspirava  de alívio, ficava com as filhoses prontas para o Natal e nós regressávamos a casa!
Só mais tarde pensei sobre este assunto: A  cozinha era enorme, separada do resto da casa por um passadiço e, embora tivesse uma  lareira, era fria. As massas levedas não gostam de frio e aí devia estar a razão para o enguiço.
 Que era um ritual engraçado, com tanta mulher a acrescentar hipóteses e soluções, era. Tão engraçado que chegou até hoje na minha memória como uma história a contar.

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